Castração de Cadelas Ovariohisterectomia – OVH – Guia
- VetSağlıkUzmanı

- 2 de out.
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Atualizado: 5 de nov.
O que é a castração de cadelas (Ovariohisterectomia – OVH)
A castração de cadelas, tecnicamente chamada de Ovariohisterectomia (OVH), é o procedimento cirúrgico em que são removidos os ovários e o útero da fêmea.Em alguns casos específicos, apenas os ovários são retirados, técnica conhecida como Ovariectomia (OVE). Ambas têm como objetivo impedir permanentemente a reprodução e prevenir doenças hormonais graves.
É uma cirurgia de rotina na medicina veterinária moderna, considerada segura, rápida e altamente eficaz, especialmente quando realizada sob anestesia inalatória e com monitoramento adequado.Durante a OVH, o cirurgião realiza uma incisão abdominal, geralmente na linha média ventral, para acessar e remover ambos os ovários e o útero até a região do colo uterino.
Objetivos principais
Evitar gestações indesejadas e superpopulação canina;
Reduzir a ocorrência de doenças hormonais e infecciosas, como piometra (infecção uterina);
Prevenir o aparecimento de tumores mamários, especialmente se feita antes do primeiro cio;
Corrigir distúrbios reprodutivos e hormonais crônicos;
Promover estabilidade comportamental e melhora da qualidade de vida.
A Ovariohisterectomia é um dos procedimentos mais importantes da medicina preventiva veterinária.Além de prolongar a expectativa de vida da cadela, reduz os riscos de complicações graves, melhora o comportamento e proporciona bem-estar duradouro.

Indicações clínicas e benefícios do procedimento
A castração de fêmeas é indicada tanto por razões profiláticas (preventivas) quanto terapêuticas (curativas).Os benefícios envolvem não apenas a saúde reprodutiva, mas também a prevenção de doenças sistêmicas, hormonais e comportamentais.
1. Indicações clínicas
Prevenção da piometra: doença uterina infecciosa e potencialmente fatal, comum em cadelas não castradas com mais de 5 anos.
Prevenção de tumores mamários: quanto mais cedo a castração, menor o risco.
Antes do 1º cio → 0,5% de risco.
Após o 1º cio → 8% de risco.
Após o 2º cio → 26% de risco.
Correção de pseudociese (gravidez psicológica): evita desequilíbrio hormonal e distúrbios comportamentais.
Tratamento de doenças reprodutivas: como endometrite, neoplasias uterinas e cistos ovarianos.
Controle de secreções vaginais e infecções recorrentes: resultado da remoção das fontes hormonais.
2. Indicações comportamentais
Redução de agressividade e irritabilidade associadas ao cio;
Eliminação de sangramento e odores típicos do período fértil;
Redução da ansiedade e de fugas durante o estro;
Melhoria da convivência doméstica, especialmente em lares com machos não castrados.
3. Benefícios clínicos e fisiológicos
Prevenção de doenças uterinas e ovarianas: elimina os riscos de tumores e inflamações nesses órgãos.
Melhoria da saúde mamária: evita estímulo hormonal prolongado, diminuindo formação de nódulos.
Estabilidade hormonal: elimina os picos de progesterona e estrogênio, que predispõem a doenças metabólicas.
Menor incidência de doenças dermatológicas hormonais, como alopecia simétrica e dermatite seborreica.
4. Benefícios gerais
Maior longevidade: cadelas castradas vivem até 2 anos a mais em média, segundo a AVMA (2024).
Controle populacional: reduz o abandono e a propagação de zoonoses.
Melhor qualidade de vida: comportamento mais tranquilo, previsível e estável.
A Ovariohisterectomia é, portanto, uma intervenção cirúrgica de alto impacto positivo — terapêutica, preventiva e social — que transforma a saúde e o comportamento da fêmea, proporcionando anos adicionais de vida saudável.
Idade ideal e avaliação pré-operatória
A idade ideal para a Ovariohisterectomia (castração de cadelas) depende do porte, da raça e do estado de saúde do animal. De forma geral, o procedimento é mais seguro e benéfico quando realizado antes do primeiro cio, entre 5 e 8 meses de idade.
1. Idade recomendada conforme o porte
Porte | Idade ideal para castração | Observações clínicas |
Pequeno (até 10 kg) | 5 a 6 meses | Maturidade precoce e menor risco anestésico. |
Médio (10 a 25 kg) | 6 a 8 meses | Cirurgia profilática ideal antes do 1º cio. |
Grande (25 a 45 kg) | 8 a 10 meses | Permite desenvolvimento ósseo completo. |
Gigante (acima de 45 kg) | 10 a 12 meses | Castração tardia reduz risco de displasia e desequilíbrio hormonal. |
A castração precoce oferece máxima proteção contra tumores mamários, pois evita estímulos hormonais que ocorrem durante os cios.Por outro lado, em raças grandes e gigantes, o atraso da cirurgia até a maturidade óssea é importante para evitar alterações ortopédicas e problemas articulares.
2. Avaliação pré-operatória
Antes da cirurgia, a fêmea deve passar por exame clínico completo e exames laboratoriais, garantindo segurança anestésica e cicatrização adequada.
Exame físico detalhado: avaliação cardíaca, respiratória, mucosas, temperatura e peso corporal.
Exames laboratoriais: hemograma, ureia, creatinina, ALT/AST, glicemia e eletrólitos.
Exames complementares:
Ultrassonografia abdominal (verificar útero e ovários);
Eletrocardiograma (em animais acima de 6 anos);
Sorologia para erlichiose e leishmaniose (em regiões endêmicas).
Vacinação e vermifugação: devem estar atualizadas para evitar complicações pós-operatórias.
3. Classificação de risco anestésico (ASA)
Classe ASA | Descrição | Indicação cirúrgica |
ASA I | Animal saudável | Cirurgia eletiva segura. |
ASA II | Doenças leves controladas (dermatite, discreta desidratação) | Requer monitoramento. |
ASA III | Doenças sistêmicas leves/moderadas (doença renal inicial, cardiopatia leve) | Avaliação prévia do anestesista. |
ASA IV–V | Doenças graves | Cirurgia somente se houver indicação terapêutica. |
A análise correta desses parâmetros garante uma anestesia segura e sem intercorrências, além de reduzir o tempo de recuperação e as chances de complicações pós-operatórias.
Preparação da paciente antes da cirurgia
A preparação pré-operatória é fundamental para garantir o sucesso da Ovariohisterectomia e minimizar riscos anestésicos, hemorrágicos e infecciosos.
1. Jejum e hidratação
Jejum sólido: 8 a 12 horas antes da cirurgia.
Jejum hídrico: suspender água 2 a 3 horas antes do procedimento.
Filhotes (até 4 meses): jejum máximo de 4 a 6 horas para evitar hipoglicemia.
O jejum adequado reduz o risco de vômito e aspiração pulmonar durante a anestesia.
2. Controle parasitário e vacinação
Certifique-se de que a cadela esteja livre de parasitas internos e externos (aplicar antiparasitário 10 dias antes da cirurgia).
Vacinas V8/V10 e antirrábica devem estar atualizadas há pelo menos 15 dias antes do procedimento.
Animais debilitados, com cio ativo ou prenhez avançada não devem ser operados eletivamente.
3. Condição corporal
O peso corporal ideal reduz o risco anestésico.
Fêmeas obesas apresentam maior dificuldade de ventilação e recuperação mais lenta.
O veterinário pode recomendar redução calórica gradual antes da cirurgia.
4. Banho e assepsia
Banho deve ser feito 24 a 48 horas antes, com shampoo neutro e antisséptico.
No hospital, o abdômen é tricotomizado (raspado) e higienizado com clorexidina degermante e PVPI alcoólico.
O cirurgião posiciona campos estéreis, expondo apenas a região de incisão.
5. Medicações pré-operatórias
Antibiótico profilático: cefalexina ou amoxicilina 1 hora antes da incisão.
Analgésico e anti-inflamatório: meloxicam ou carprofeno, conforme o protocolo anestésico.
Sedativo: acepromazina ou dexmedetomidina, para reduzir ansiedade e facilitar indução anestésica.
6. Estabilização e cateterização
Coloca-se cateter intravenoso para administração de fluidos e medicamentos.
A fêmea é monitorada continuamente quanto à frequência cardíaca, temperatura e oxigenação.
Em pacientes mais velhas, recomenda-se fluido-terapia pré-anestésica para suporte renal.
Uma preparação adequada é a base para uma cirurgia bem-sucedida — reduzindo sangramentos, facilitando a visualização anatômica e promovendo recuperação rápida e estável.
Técnica cirúrgica passo a passo (Ovariohisterectomia canina)
A Ovariohisterectomia (OVH) é uma cirurgia abdominal de média complexidade, que requer técnica asséptica rigorosa, conhecimento anatômico preciso e controle hemostático adequado.O procedimento consiste na remoção completa dos ovários e do útero até o colo uterino, evitando ciclos hormonais futuros e eliminando o risco de doenças reprodutivas.
1. Posicionamento e antissepsia
A cadela é posicionada em decúbito dorsal (barriga para cima), com as patas traseiras levemente afastadas.
A área cirúrgica (do apêndice xifoide até o púbis) é tricotomizada (raspada) e higienizada com clorexidina degermante e PVPI alcoólico.
Campos estéreis são colocados, isolando o campo operatório.
2. Incisão e acesso abdominal
A incisão é feita na linha média ventral, geralmente entre o umbigo e a sínfise púbica.
Em cadelas jovens, utiliza-se incisão de 3 a 5 cm; em cadelas adultas ou com piometra, pode chegar a 8–10 cm.
O peritônio é aberto cuidadosamente, expondo os órgãos abdominais.
3. Identificação e exteriorização dos ovários
Localiza-se o corno uterino e traciona-se até expor o ovário direito.
O ligamento suspensor é rompido ou cauterizado, liberando o ovário da parede dorsal.
Os vasos do pedículo ovariano são pinçados, ligados com fio absorvível (poliglactina 910 2-0 ou 3-0) e seccionados.
O mesmo procedimento é realizado no ovário esquerdo.
4. Ligadura e remoção do útero
Após a retirada dos ovários, o útero é tracionado caudalmente até o colo uterino.
São aplicadas duas ligaduras na base uterina (antes da cérvix) para prevenir sangramento.
O útero é seccionado entre as ligaduras, e o coto uterino é inspecionado para garantir hemostasia.
5. Hemostasia e inspeção
Toda a cavidade abdominal é verificada quanto a sangramentos ativos.
Realiza-se lavagem abdominal com solução fisiológica morna (em casos de piometra).
6. Fechamento da cavidade
O fechamento é feito em três camadas, garantindo vedação e cicatrização estável:
Linha alba (músculo reto abdominal): sutura contínua simples com fio absorvível (poliglactina 910 2-0).
Subcutâneo: sutura contínua simples com fio absorvível 3-0.
Pele: pontos simples interrompidos com nylon ou intradérmicos absorvíveis (poliglecaprone 4-0).
7. Tempo cirúrgico e recuperação
Duração média: 30 a 45 minutos.
Sangramento mínimo e recuperação anestésica rápida.
Após o fechamento, aplica-se pomada antibiótica tópica sobre a incisão.
A Ovariohisterectomia é considerada uma cirurgia curativa e preventiva de alta relevância clínica, sendo responsável pela redução de mortalidade reprodutiva em até 80% das fêmeas adultas.
Cuidados anestésicos e monitoramento intraoperatório
A anestesia adequada é fundamental para garantir o conforto, estabilidade e segurança da paciente durante todo o procedimento cirúrgico.Os protocolos anestésicos podem variar conforme a idade, o peso e o estado de saúde, mas seguem princípios de analgesia multimodal e monitoramento contínuo.
1. Protocolo anestésico mais utilizado
Premedicação (30 minutos antes da indução):
Acepromazina (0,02–0,05 mg/kg IM) — tranquilizante e ansiolítico;
Tramadol (2–4 mg/kg IM) — analgesia inicial;
Atropina (0,02 mg/kg SC) — anticolinérgico para evitar bradicardia;
Dexmedetomidina (5 µg/kg IM) — pode ser usada em alternativa à acepromazina para melhor sedação.
Indução anestésica:
Propofol (4–6 mg/kg IV) ou Alfaxalona (2–3 mg/kg IV) — indução rápida e controlada.
Após a perda do reflexo laríngeo, realiza-se intubação orotraqueal com tubo apropriado ao porte da paciente.
Manutenção anestésica:
Isoflurano (1,5–2%) ou Sevoflurano (2–3%) com oxigênio contínuo.
Fluido-terapia intravenosa: Ringer Lactato 5 mL/kg/h.
Analgesia intraoperatória: Meloxicam (0,2 mg/kg SC) + Buprenorfina (0,01 mg/kg IV).
Bloqueio local: infiltração de lidocaína (2 mg/kg) na linha de incisão para analgesia regional.
2. Monitoramento fisiológico
Durante a cirurgia, a paciente deve ser monitorada continuamente quanto aos seguintes parâmetros:
Parâmetro | Valor normal | Significado clínico |
Frequência cardíaca (FC) | 80–140 bpm | Indica estabilidade circulatória. |
Frequência respiratória (FR) | 15–30 mov/min | Queda pode indicar anestesia profunda. |
SpO₂ (saturação de oxigênio) | ≥ 95% | Valores baixos indicam hipoventilação. |
Temperatura corporal | 37–38,5 °C | Evitar hipotermia com manta térmica. |
Pressão arterial média (PAM) | 70–100 mmHg | Manter perfusão adequada de órgãos. |
3. Cuidados adicionais
Aplicar lubrificante oftálmico para evitar ressecamento da córnea.
Controlar rigorosamente a temperatura corporal — cadelas pequenas e jovens são mais suscetíveis à hipotermia.
Ajustar a concentração do anestésico inalatória conforme o plano cirúrgico.
Evitar sobrecarga de fluidos em pacientes pequenas ou geriátricas.
4. Recuperação anestésica
Ao término da cirurgia, suspende-se o anestésico inalatória e mantém-se oxigênio por 5 minutos.
O tubo orotraqueal é removido somente quando a paciente recupera o reflexo de deglutição.
A fêmea deve ser mantida em ambiente aquecido e tranquilo até a recuperação total.
Um protocolo anestésico bem conduzido, associado à monitorização constante, reduz em mais de 95% as complicações intraoperatórias e garante uma recuperação tranquila e segura.
Cuidados pós-operatórios imediatos
As primeiras 24 a 48 horas após a Ovariohisterectomia (castração de cadelas) são as mais críticas para garantir uma recuperação tranquila e sem complicações.Nessa fase, o foco é controlar a dor, evitar infecção e garantir estabilidade fisiológica.
1. Ambiente e observação
A cadela deve permanecer em ambiente calmo, aquecido e com pouca luminosidade, longe de ruídos e outros animais.
O local de descanso deve ser limpo e seco.
O tutor deve observar respiração, temperatura e comportamento durante as primeiras 6 horas após o procedimento.
É normal a fêmea apresentar sonolência, falta de apetite e leve desorientação nas primeiras 12 horas, em razão da anestesia. Esses sintomas desaparecem gradualmente.
2. Alimentação e hidratação
A alimentação pode ser retomada 6 a 8 horas após a cirurgia, em pequenas porções.
Oferecer alimentos leves e de fácil digestão (ração úmida ou misturada com água morna).
Se houver vômitos, suspender a alimentação e oferecer apenas água fresca nas próximas 12 horas.
3. Controle da dor e inflamação
Analgesia: normalmente é prescrita combinação de meloxicam, carprofeno ou buprenorfina por 3 a 5 dias.
Antibióticos profiláticos: usados por 5 a 7 dias (geralmente cefalexina ou amoxicilina).
A dor costuma diminuir significativamente após 48 horas, mas o tratamento não deve ser interrompido sem orientação veterinária.
4. Cuidados com o local cirúrgico
Observar diariamente a incisão abdominal: leve vermelhidão e pequeno inchaço são normais nos primeiros dias.
Se houver secreção, sangramento, odor forte ou dor ao toque, procurar o veterinário imediatamente.
Não aplicar pomadas, álcool ou antissépticos caseiros sem prescrição.
O uso do colar elizabetano é obrigatório por 10 a 14 dias, evitando que a fêmea lamba ou morda os pontos.
5. Restrição de movimentos
Evitar saltos, corridas e brincadeiras por pelo menos 10 dias.
Passeios curtos e com guia são permitidos após o 5º dia, apenas se não houver dor ou inchaço.
Não permitir que o animal suba em sofás ou camas, reduzindo risco de deiscência (abertura dos pontos).
6. Revisão veterinária
O retorno para avaliação deve ocorrer entre 7 e 10 dias após a cirurgia, para remoção dos pontos (caso sejam externos) e verificação da cicatrização.
Com os cuidados adequados, a maioria das cadelas apresenta recuperação rápida, sem dor significativa e com cicatrização completa entre 10 e 14 dias.
Recuperação completa e manejo domiciliar
A recuperação total após a Ovariohisterectomia ocorre normalmente em 10 a 15 dias, podendo variar conforme o porte, a idade e o estado de saúde da cadela.O tutor tem papel fundamental nessa etapa, garantindo que o animal siga todas as recomendações médicas.
1. Cicatrização e higiene
A ferida cirúrgica deve permanecer limpa, seca e sem secreções.
Pontos externos são retirados entre 7 e 12 dias após a cirurgia; pontos internos absorvíveis não necessitam de remoção.
Evite banhos até 10 dias após o procedimento ou até a liberação do veterinário.
2. Alimentação
Após 24 horas, a cadela pode voltar à dieta habitual.
É indicado oferecer ração específica para recuperação cirúrgica ou fêmeas adultas castradas, com teor calórico controlado.
A hidratação deve ser constante — a água ajuda na eliminação de resíduos anestésicos e antibióticos.
3. Atividade física e comportamento
O repouso absoluto é essencial nos primeiros 7 dias.
Após esse período, se a ferida estiver bem cicatrizada, podem ser introduzidos passeios leves.
A atividade normal pode ser retomada após 15 dias, mediante liberação veterinária.
O comportamento tende a estabilizar em 30 a 60 dias, com diminuição da agitação e do comportamento reprodutivo.
4. Cuidados domiciliares complementares
Evitar brincadeiras com outros cães, especialmente machos, durante a recuperação.
Limpar o ambiente com produtos neutros e manter o local seco.
Observar temperatura corporal (deve permanecer entre 37,5°C e 39,2°C). Febre persistente indica possível infecção.
Manter o colar elizabetano até o fechamento total da ferida.
5. Revisão e monitoramento
A segunda revisão pode ser realizada 30 dias após o procedimento para confirmar a recuperação completa.
A partir de então, recomenda-se check-up anual para monitorar o metabolismo e a função hormonal.
A Ovariohisterectomia é um divisor de águas na saúde da cadela. Com os cuidados corretos, o pós-operatório é tranquilo e a cirurgia traz benefícios permanentes para a saúde reprodutiva e geral, prevenindo doenças e aumentando a longevidade.
Complicações possíveis e como preveni-las
Embora a Ovariohisterectomia (castração de cadelas) seja um procedimento rotineiro e seguro, complicações podem ocorrer se não forem observados os cuidados cirúrgicos e pós-operatórios adequados.A maioria dos problemas é evitável com técnica cirúrgica correta, anestesia bem conduzida e acompanhamento rigoroso do tutor no pós-operatório.
1. Hemorragia intraoperatória
Causa: falha na ligadura dos vasos ovarianos ou uterinos.
Prevenção: uso de fio absorvível de alta resistência (ex.: poliglactina 910 2-0) e inspeção visual detalhada antes do fechamento abdominal.
Tratamento: revisão cirúrgica imediata e controle hemostático.
2. Infecção da ferida cirúrgica
Causa: contaminação durante ou após a cirurgia.
Sinais clínicos: secreção purulenta, odor, dor, febre e apatia.
Prevenção: assepsia rigorosa, antibiótico profilático e uso obrigatório do colar elizabetano.
Tratamento: antibioticoterapia, limpeza local e, em casos graves, drenagem cirúrgica.
3. Deiscência (abertura da sutura)
Causa: movimentação excessiva, lambedura ou infecção local.
Sinais: abertura da incisão, sangramento e exposição de tecido subcutâneo.
Prevenção: repouso e uso do colar elizabetano por 10 a 14 dias.
Tratamento: nova sutura sob anestesia local e antibióticos.
4. Seroma (acúmulo de líquido sob a ferida)
Causa: movimentação precoce ou resposta inflamatória local.
Prevenção: repouso absoluto e compressas frias nas primeiras 48 horas.
Tratamento: aspiração do líquido ou drenagem, conforme o volume.
5. Complicações anestésicas
Causa: erro de dosagem, reação medicamentosa ou doença pré-existente não diagnosticada.
Prevenção: exames pré-operatórios e monitoramento contínuo de FC, FR, SpO₂ e pressão arterial.
Tratamento: suporte com fluidoterapia, oxigênio e fármacos reversores (como atipamezol ou flumazenil).
6. Fístula uterina (rara)
Causa: falha na ligadura do coto uterino ou infecção profunda.
Prevenção: técnica cirúrgica precisa e ligaduras duplas.
Tratamento: nova laparotomia exploratória e remoção do tecido residual.
7. Complicações tardias (meses após a cirurgia)
Incontinência urinária hormonal: ocorre em 3–5% das cadelas, especialmente de raças grandes.
Prevenção: avaliar idade ideal e, se necessário, suplementar estrógeno sob prescrição.
Com protocolos anestésicos modernos e técnicas cirúrgicas padronizadas, a taxa de complicações graves em OVH é inferior a 2%, segundo dados da AVMA (2024).
Alterações hormonais e comportamentais após a castração
Após a castração, a remoção dos ovários interrompe a produção de estrogênio e progesterona, hormônios que regulam o ciclo reprodutivo e influenciam o comportamento da fêmea.Essas alterações hormonais são naturais e trazem efeitos fisiológicos e comportamentais previsíveis e controláveis.
1. Mudanças hormonais
Redução do metabolismo basal: há uma diminuição de cerca de 15% no gasto energético, o que pode predispor ao ganho de peso.
Ausência de ciclos estrais: não ocorrem mais cios, sangramentos ou oscilações hormonais.
Estabilidade endócrina: elimina os picos de progesterona e evita pseudociese (gravidez psicológica).
Prevenção de alterações metabólicas: ajustar a dieta e manter rotina de exercícios leves evita obesidade e desequilíbrio hormonal.
2. Alterações comportamentais
Fim do comportamento de cio: desaparecem vocalizações, irritabilidade e tentativas de fuga.
Maior estabilidade emocional: cadelas tornam-se mais tranquilas, dóceis e receptivas a comandos.
Diminuição da ansiedade: a ausência de estímulo hormonal reduz estresse e impulsividade.
Socialização aprimorada: convivem melhor com outros animais, inclusive machos.
3. Efeitos neutros e mitos
A castração não altera a personalidade da cadela — o temperamento e a afeição permanecem os mesmos.
Não há “tristeza” nem perda de vitalidade; o comportamento mais calmo é resultado da redução dos estímulos hormonais, não de depressão.
O instinto protetor e territorial é mantido, pois depende da socialização e do vínculo com o tutor, não dos hormônios.
4. Efeitos benéficos a longo prazo
Redução de agressividade e brigas durante o cio;
Melhoria no comportamento de guarda e obediência;
Menor risco de doenças hormonais, como diabetes e hiperadrenocorticismo;
Aumento da expectativa de vida em 1,5 a 2 anos, segundo estudos da Cornell University (2025).
A castração oferece equilíbrio fisiológico e emocional duradouro, garantindo à fêmea uma vida mais longa, saudável e livre de doenças reprodutivas.
Impactos na saúde geral e longevidade
A castração de cadelas (ovariohisterectomia) é um dos procedimentos mais eficazes da medicina preventiva veterinária, com efeitos diretos na saúde, equilíbrio hormonal e expectativa de vida.Estudos recentes mostram que fêmeas castradas vivem em média 1,5 a 3 anos a mais do que as não castradas, apresentando menor incidência de doenças graves.
1. Prevenção de doenças reprodutivas e hormonais
Piometra (infecção uterina): completamente eliminada, pois o útero é removido.
Tumores mamários: o risco é reduzido em 90% se a castração for realizada antes do primeiro cio.
Cistos ovarianos e endometrites: condições evitadas pela remoção dos ovários e estabilização hormonal.
Tumores ovarianos e uterinos: raríssimos após o procedimento.
Gravidez psicológica (pseudociese): desaparece totalmente, pois não há mais estímulo da progesterona.
2. Benefícios sistêmicos
Redução de doenças hormonais secundárias: como diabetes mellitus e hiperadrenocorticismo.
Melhora da saúde dermatológica: menor ocorrência de alopecia simétrica e dermatite seborreica.
Menor incidência de neoplasias hormonodependentes: especialmente em glândulas mamárias e genitais.
Melhoria da saúde óssea: controle do metabolismo do cálcio e prevenção de osteopenia em cadelas mais velhas.
3. Longevidade e bem-estar
De acordo com a American Veterinary Medical Association (AVMA, 2024), a longevidade média das fêmeas castradas é 26% superior à das não castradas.Isso ocorre porque a castração:
Reduz o estresse fisiológico dos ciclos hormonais;
Evita partos complicados e infecções uterinas;
Melhora o equilíbrio metabólico e imunológico;
Diminui o risco de câncer reprodutivo em 100%.
4. Benefícios comportamentais e sociais
Fêmeas castradas são mais estáveis, dóceis e previsíveis;
Reduzem fugas e brigas durante o cio;
Permitem melhor convivência em lares com outros cães e crianças;
A ausência do cio elimina sangramento, odores e alterações de humor.
A Ovariohisterectomia é, portanto, a intervenção mais significativa para prolongar a vida e garantir qualidade em todas as fases da cadela, atuando como ferramenta médica, preventiva e comportamental.
Mitos e verdades sobre a castração de cadelas
Apesar de amplamente indicada, a castração ainda é cercada por equívocos.Abaixo estão os principais mitos e verdades, esclarecidos com base científica e na experiência clínica moderna.
Mito | Verdade científica |
“A castração deixa a cadela obesa.” | Parcialmente verdadeiro. O metabolismo reduz cerca de 15%, mas a obesidade só ocorre se não houver ajuste na dieta e atividade física. |
“A castração muda a personalidade do animal.” | Falso. O temperamento permanece o mesmo; apenas os comportamentos ligados ao cio e reprodução desaparecem. |
“É melhor deixar a cadela ter uma cria antes de castrar.” | Falso. Não há benefício fisiológico comprovado. A gestação antes da castração aumenta o risco de tumores mamários e complicações uterinas. |
“A cadela ficará triste ou deprimida.” | Falso. A ausência de hormônios reprodutivos não afeta o humor. Ao contrário, reduz a ansiedade e o estresse do cio. |
“Cadelas castradas não sentem mais alegria nem vontade de brincar.” | Falso. A energia e a alegria permanecem; o que muda é a estabilidade emocional e o foco. |
“A castração é cruel.” | Falso. O procedimento é indolor (sob anestesia geral) e previne doenças graves e sofrimento futuro. |
“A cadela vai perder o instinto de proteção.” | Falso. O instinto de guarda e defesa está ligado ao vínculo com o tutor, não aos hormônios. |
“A cirurgia é muito arriscada.” | Falso. É uma das cirurgias mais seguras na rotina veterinária moderna, com taxa de complicações inferior a 2%. |
“A castração precoce é sempre a melhor opção.” | Parcialmente verdadeiro. É ideal antes do primeiro cio, mas deve respeitar o desenvolvimento ósseo, principalmente em raças grandes. |
“Depois de castrada, a cadela não precisa mais de veterinário.” | Falso. Exames anuais e vacinas continuam essenciais para prevenir doenças sistêmicas e monitorar o envelhecimento. |
Conclusão
A castração é uma decisão médica responsável, baseada em prevenção, longevidade e bem-estar animal.Não há comprovação científica de efeitos negativos duradouros quando o procedimento é realizado corretamente. Ao contrário — ela elimina as principais causas de morte em fêmeas adultas, como piometra e tumores mamários, e melhora o comportamento e a qualidade de vida.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Qual é a idade ideal para castrar uma cadela?
A idade ideal depende do porte e da raça, mas, em geral, recomenda-se a castração entre 5 e 8 meses de idade, antes do primeiro cio.Cadelas castradas antes do 1º cio têm 90% menos risco de desenvolver tumores mamários e praticamente eliminam o risco de piometra (infecção uterina).
A castração causa dor?
Não. A cirurgia é feita sob anestesia geral, e a cadela não sente dor durante o procedimento.Após a cirurgia, são administrados analgésicos e anti-inflamatórios por 3 a 5 dias, garantindo conforto total durante a recuperação.
O que é a ovariohisterectomia (OVH)?
É o nome técnico da castração em fêmeas, na qual são removidos os ovários e o útero.O objetivo é impedir a reprodução, eliminar o cio e prevenir doenças reprodutivas, como piometra e tumores uterinos.
É possível castrar uma cadela no cio?
Pode ser feito, mas não é o ideal. Durante o cio, há aumento da vascularização uterina, o que eleva o risco de sangramento.O melhor momento é 30 a 40 dias após o fim do cio, quando o útero volta ao tamanho e fluxo normais.
A castração muda o comportamento da cadela?
Sim, de forma positiva.Cadelas castradas ficam mais calmas, menos ansiosas e menos agressivas, especialmente durante o período em que antes apresentariam cio.Elas continuam brincalhonas e afetuosas, mas sem oscilações hormonais.
A castração deixa a cadela obesa?
O metabolismo basal cai cerca de 15% após a castração, o que pode levar ao ganho de peso se não houver ajuste na dieta. Com alimentação equilibrada e exercícios leves, o peso se mantém estável. Muitas rações específicas para fêmeas castradas já consideram essa necessidade.
Quanto tempo dura a cirurgia de castração?
A Ovariohisterectomia dura, em média, 30 a 45 minutos, dependendo do porte e da idade da cadela.O tempo total sob anestesia inclui preparo, indução, cirurgia e sutura.
A cadela precisa ficar internada após a castração?
Na maioria dos casos, não. A cadela pode receber alta no mesmo dia, após a recuperação anestésica completa.Em cadelas idosas ou com doenças pré-existentes, o veterinário pode recomendar internação por 24 horas para monitoramento.
Quanto tempo leva a recuperação?
A recuperação completa ocorre em 10 a 15 dias.Durante esse período, a cadela deve permanecer em repouso absoluto, usando colar elizabetano e evitando saltos, corridas e banhos.
Quando posso retirar os pontos?
Se forem pontos externos, entre 7 e 12 dias após a cirurgia.Suturas internas absorvíveis não precisam ser retiradas, apenas monitoradas durante a revisão veterinária.
É normal a cadela perder o apetite após a cirurgia?
Sim. A falta de apetite pode durar 24 a 48 horas por causa da anestesia.Após esse período, o apetite volta gradualmente. Se o jejum persistir, consulte o veterinário.
A castração evita tumores mamários?
Sim. Esse é um dos principais benefícios da castração precoce.A chance de desenvolver câncer de mama cai para menos de 1% se o procedimento for feito antes do primeiro cio.
Minha cadela já teve cria. Ainda vale a pena castrar?
Sim. Mesmo após uma gestação, a castração previne piometra, cistos ovarianos e tumores uterinos, além de estabilizar o comportamento hormonal.
A castração é segura em cadelas idosas?
Sim, desde que sejam realizados exames pré-operatórios (hemograma, função renal e cardíaca).Cadelas idosas com útero saudável podem ser castradas com segurança, reduzindo o risco de desenvolver piometra.
A cadela pode lamber os pontos da cirurgia?
Não. Isso causa infecção e abertura da sutura.Por isso, o uso do colar elizabetano por 10 a 14 dias é indispensável.
É verdade que cadelas castradas vivem mais?
Sim. Estudos mostram que cadelas castradas vivem, em média, 2 a 3 anos a mais, devido à redução de doenças hormonais e reprodutivas.
A castração interfere no instinto materno ou no vínculo com o tutor?
Não. A cirurgia afeta apenas a reprodução, não a afetividade.O vínculo com o tutor e o comportamento social permanecem os mesmos — em muitos casos, até se fortalecem devido à redução do estresse hormonal.
O que é piometra e por que a castração previne?
A piometra é uma infecção uterina grave e potencialmente fatal, comum em fêmeas não castradas.Ela ocorre devido ao acúmulo de pus no útero durante os ciclos hormonais.A castração remove o útero e os ovários, eliminando completamente o risco dessa doença.
A castração causa incontinência urinária?
Raramente. Isso ocorre em 3–5% das cadelas, geralmente de raças grandes e castradas muito jovens.Quando acontece, pode ser tratada com medicamentos que equilibram a função uretral.
A castração é reversível?
Não. A remoção dos ovários e do útero é definitiva.Por isso, o tutor deve ter certeza da decisão — mas os benefícios são permanentes e comprovados.
Sources
American Veterinary Medical Association (AVMA) – Guidelines for Elective Spaying in Female Dogs, 2024 Edition
Cornell University College of Veterinary Medicine – Canine Ovariohysterectomy Protocols and Postoperative Care Manual, 2025
Royal Veterinary College (RVC, UK) – Behavioral and Physiological Effects of Spaying in Bitches, 2023
World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) – Global Surgical Standards for Elective Ovariohysterectomy, 2024 Update
American Animal Hospital Association (AAHA) – Anesthesia and Analgesia Guidelines for Veterinary Surgery, 2024 Edition
Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV – Brasil) – Manual de Castração Ética e Segura em Pequenos Animais, 2025
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Estudo Comparativo sobre Longevidade e Saúde Pós-Castração em Cadelas, 2024
Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Haritada Aç: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc




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