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Castração de Cadelas Ovariohisterectomia – OVH – Guia

  • Foto do escritor: VetSağlıkUzmanı
    VetSağlıkUzmanı
  • 2 de out.
  • 18 min de leitura

Atualizado: 5 de nov.

O que é a castração de cadelas (Ovariohisterectomia – OVH)

A castração de cadelas, tecnicamente chamada de Ovariohisterectomia (OVH), é o procedimento cirúrgico em que são removidos os ovários e o útero da fêmea.Em alguns casos específicos, apenas os ovários são retirados, técnica conhecida como Ovariectomia (OVE). Ambas têm como objetivo impedir permanentemente a reprodução e prevenir doenças hormonais graves.

É uma cirurgia de rotina na medicina veterinária moderna, considerada segura, rápida e altamente eficaz, especialmente quando realizada sob anestesia inalatória e com monitoramento adequado.Durante a OVH, o cirurgião realiza uma incisão abdominal, geralmente na linha média ventral, para acessar e remover ambos os ovários e o útero até a região do colo uterino.

Objetivos principais

  • Evitar gestações indesejadas e superpopulação canina;

  • Reduzir a ocorrência de doenças hormonais e infecciosas, como piometra (infecção uterina);

  • Prevenir o aparecimento de tumores mamários, especialmente se feita antes do primeiro cio;

  • Corrigir distúrbios reprodutivos e hormonais crônicos;

  • Promover estabilidade comportamental e melhora da qualidade de vida.

A Ovariohisterectomia é um dos procedimentos mais importantes da medicina preventiva veterinária.Além de prolongar a expectativa de vida da cadela, reduz os riscos de complicações graves, melhora o comportamento e proporciona bem-estar duradouro.

ovary and uterus
castração de cadelas

Indicações clínicas e benefícios do procedimento

A castração de fêmeas é indicada tanto por razões profiláticas (preventivas) quanto terapêuticas (curativas).Os benefícios envolvem não apenas a saúde reprodutiva, mas também a prevenção de doenças sistêmicas, hormonais e comportamentais.

1. Indicações clínicas

  • Prevenção da piometra: doença uterina infecciosa e potencialmente fatal, comum em cadelas não castradas com mais de 5 anos.

  • Prevenção de tumores mamários: quanto mais cedo a castração, menor o risco.

    • Antes do 1º cio → 0,5% de risco.

    • Após o 1º cio → 8% de risco.

    • Após o 2º cio → 26% de risco.

  • Correção de pseudociese (gravidez psicológica): evita desequilíbrio hormonal e distúrbios comportamentais.

  • Tratamento de doenças reprodutivas: como endometrite, neoplasias uterinas e cistos ovarianos.

  • Controle de secreções vaginais e infecções recorrentes: resultado da remoção das fontes hormonais.

2. Indicações comportamentais

  • Redução de agressividade e irritabilidade associadas ao cio;

  • Eliminação de sangramento e odores típicos do período fértil;

  • Redução da ansiedade e de fugas durante o estro;

  • Melhoria da convivência doméstica, especialmente em lares com machos não castrados.

3. Benefícios clínicos e fisiológicos

  • Prevenção de doenças uterinas e ovarianas: elimina os riscos de tumores e inflamações nesses órgãos.

  • Melhoria da saúde mamária: evita estímulo hormonal prolongado, diminuindo formação de nódulos.

  • Estabilidade hormonal: elimina os picos de progesterona e estrogênio, que predispõem a doenças metabólicas.

  • Menor incidência de doenças dermatológicas hormonais, como alopecia simétrica e dermatite seborreica.

4. Benefícios gerais

  • Maior longevidade: cadelas castradas vivem até 2 anos a mais em média, segundo a AVMA (2024).

  • Controle populacional: reduz o abandono e a propagação de zoonoses.

  • Melhor qualidade de vida: comportamento mais tranquilo, previsível e estável.

A Ovariohisterectomia é, portanto, uma intervenção cirúrgica de alto impacto positivo — terapêutica, preventiva e social — que transforma a saúde e o comportamento da fêmea, proporcionando anos adicionais de vida saudável.

castração de cadelas

Idade ideal e avaliação pré-operatória

A idade ideal para a Ovariohisterectomia (castração de cadelas) depende do porte, da raça e do estado de saúde do animal. De forma geral, o procedimento é mais seguro e benéfico quando realizado antes do primeiro cio, entre 5 e 8 meses de idade.

1. Idade recomendada conforme o porte

Porte

Idade ideal para castração

Observações clínicas

Pequeno (até 10 kg)

5 a 6 meses

Maturidade precoce e menor risco anestésico.

Médio (10 a 25 kg)

6 a 8 meses

Cirurgia profilática ideal antes do 1º cio.

Grande (25 a 45 kg)

8 a 10 meses

Permite desenvolvimento ósseo completo.

Gigante (acima de 45 kg)

10 a 12 meses

Castração tardia reduz risco de displasia e desequilíbrio hormonal.

A castração precoce oferece máxima proteção contra tumores mamários, pois evita estímulos hormonais que ocorrem durante os cios.Por outro lado, em raças grandes e gigantes, o atraso da cirurgia até a maturidade óssea é importante para evitar alterações ortopédicas e problemas articulares.

2. Avaliação pré-operatória

Antes da cirurgia, a fêmea deve passar por exame clínico completo e exames laboratoriais, garantindo segurança anestésica e cicatrização adequada.

  • Exame físico detalhado: avaliação cardíaca, respiratória, mucosas, temperatura e peso corporal.

  • Exames laboratoriais: hemograma, ureia, creatinina, ALT/AST, glicemia e eletrólitos.

  • Exames complementares:

    • Ultrassonografia abdominal (verificar útero e ovários);

    • Eletrocardiograma (em animais acima de 6 anos);

    • Sorologia para erlichiose e leishmaniose (em regiões endêmicas).

  • Vacinação e vermifugação: devem estar atualizadas para evitar complicações pós-operatórias.

3. Classificação de risco anestésico (ASA)

Classe ASA

Descrição

Indicação cirúrgica

ASA I

Animal saudável

Cirurgia eletiva segura.

ASA II

Doenças leves controladas (dermatite, discreta desidratação)

Requer monitoramento.

ASA III

Doenças sistêmicas leves/moderadas (doença renal inicial, cardiopatia leve)

Avaliação prévia do anestesista.

ASA IV–V

Doenças graves

Cirurgia somente se houver indicação terapêutica.

A análise correta desses parâmetros garante uma anestesia segura e sem intercorrências, além de reduzir o tempo de recuperação e as chances de complicações pós-operatórias.

Anestesia inalatória

Preparação da paciente antes da cirurgia

A preparação pré-operatória é fundamental para garantir o sucesso da Ovariohisterectomia e minimizar riscos anestésicos, hemorrágicos e infecciosos.

1. Jejum e hidratação

  • Jejum sólido: 8 a 12 horas antes da cirurgia.

  • Jejum hídrico: suspender água 2 a 3 horas antes do procedimento.

  • Filhotes (até 4 meses): jejum máximo de 4 a 6 horas para evitar hipoglicemia.

  • O jejum adequado reduz o risco de vômito e aspiração pulmonar durante a anestesia.

2. Controle parasitário e vacinação

  • Certifique-se de que a cadela esteja livre de parasitas internos e externos (aplicar antiparasitário 10 dias antes da cirurgia).

  • Vacinas V8/V10 e antirrábica devem estar atualizadas há pelo menos 15 dias antes do procedimento.

  • Animais debilitados, com cio ativo ou prenhez avançada não devem ser operados eletivamente.

3. Condição corporal

  • O peso corporal ideal reduz o risco anestésico.

  • Fêmeas obesas apresentam maior dificuldade de ventilação e recuperação mais lenta.

  • O veterinário pode recomendar redução calórica gradual antes da cirurgia.

4. Banho e assepsia

  • Banho deve ser feito 24 a 48 horas antes, com shampoo neutro e antisséptico.

  • No hospital, o abdômen é tricotomizado (raspado) e higienizado com clorexidina degermante e PVPI alcoólico.

  • O cirurgião posiciona campos estéreis, expondo apenas a região de incisão.

5. Medicações pré-operatórias

  • Antibiótico profilático: cefalexina ou amoxicilina 1 hora antes da incisão.

  • Analgésico e anti-inflamatório: meloxicam ou carprofeno, conforme o protocolo anestésico.

  • Sedativo: acepromazina ou dexmedetomidina, para reduzir ansiedade e facilitar indução anestésica.

6. Estabilização e cateterização

  • Coloca-se cateter intravenoso para administração de fluidos e medicamentos.

  • A fêmea é monitorada continuamente quanto à frequência cardíaca, temperatura e oxigenação.

  • Em pacientes mais velhas, recomenda-se fluido-terapia pré-anestésica para suporte renal.

Uma preparação adequada é a base para uma cirurgia bem-sucedida — reduzindo sangramentos, facilitando a visualização anatômica e promovendo recuperação rápida e estável.


Técnica cirúrgica passo a passo (Ovariohisterectomia canina)

A Ovariohisterectomia (OVH) é uma cirurgia abdominal de média complexidade, que requer técnica asséptica rigorosa, conhecimento anatômico preciso e controle hemostático adequado.O procedimento consiste na remoção completa dos ovários e do útero até o colo uterino, evitando ciclos hormonais futuros e eliminando o risco de doenças reprodutivas.

1. Posicionamento e antissepsia

  • A cadela é posicionada em decúbito dorsal (barriga para cima), com as patas traseiras levemente afastadas.

  • A área cirúrgica (do apêndice xifoide até o púbis) é tricotomizada (raspada) e higienizada com clorexidina degermante e PVPI alcoólico.

  • Campos estéreis são colocados, isolando o campo operatório.

2. Incisão e acesso abdominal

  • A incisão é feita na linha média ventral, geralmente entre o umbigo e a sínfise púbica.

  • Em cadelas jovens, utiliza-se incisão de 3 a 5 cm; em cadelas adultas ou com piometra, pode chegar a 8–10 cm.

  • O peritônio é aberto cuidadosamente, expondo os órgãos abdominais.

3. Identificação e exteriorização dos ovários

  • Localiza-se o corno uterino e traciona-se até expor o ovário direito.

  • O ligamento suspensor é rompido ou cauterizado, liberando o ovário da parede dorsal.

  • Os vasos do pedículo ovariano são pinçados, ligados com fio absorvível (poliglactina 910 2-0 ou 3-0) e seccionados.

  • O mesmo procedimento é realizado no ovário esquerdo.

4. Ligadura e remoção do útero

  • Após a retirada dos ovários, o útero é tracionado caudalmente até o colo uterino.

  • São aplicadas duas ligaduras na base uterina (antes da cérvix) para prevenir sangramento.

  • O útero é seccionado entre as ligaduras, e o coto uterino é inspecionado para garantir hemostasia.

5. Hemostasia e inspeção

  • Toda a cavidade abdominal é verificada quanto a sangramentos ativos.

  • Realiza-se lavagem abdominal com solução fisiológica morna (em casos de piometra).

6. Fechamento da cavidade

O fechamento é feito em três camadas, garantindo vedação e cicatrização estável:

  1. Linha alba (músculo reto abdominal): sutura contínua simples com fio absorvível (poliglactina 910 2-0).

  2. Subcutâneo: sutura contínua simples com fio absorvível 3-0.

  3. Pele: pontos simples interrompidos com nylon ou intradérmicos absorvíveis (poliglecaprone 4-0).

7. Tempo cirúrgico e recuperação

  • Duração média: 30 a 45 minutos.

  • Sangramento mínimo e recuperação anestésica rápida.

  • Após o fechamento, aplica-se pomada antibiótica tópica sobre a incisão.

A Ovariohisterectomia é considerada uma cirurgia curativa e preventiva de alta relevância clínica, sendo responsável pela redução de mortalidade reprodutiva em até 80% das fêmeas adultas.

Cuidados anestésicos e monitoramento intraoperatório

A anestesia adequada é fundamental para garantir o conforto, estabilidade e segurança da paciente durante todo o procedimento cirúrgico.Os protocolos anestésicos podem variar conforme a idade, o peso e o estado de saúde, mas seguem princípios de analgesia multimodal e monitoramento contínuo.

1. Protocolo anestésico mais utilizado

Premedicação (30 minutos antes da indução):

  • Acepromazina (0,02–0,05 mg/kg IM) — tranquilizante e ansiolítico;

  • Tramadol (2–4 mg/kg IM) — analgesia inicial;

  • Atropina (0,02 mg/kg SC) — anticolinérgico para evitar bradicardia;

  • Dexmedetomidina (5 µg/kg IM) — pode ser usada em alternativa à acepromazina para melhor sedação.

Indução anestésica:

  • Propofol (4–6 mg/kg IV) ou Alfaxalona (2–3 mg/kg IV) — indução rápida e controlada.

  • Após a perda do reflexo laríngeo, realiza-se intubação orotraqueal com tubo apropriado ao porte da paciente.

Manutenção anestésica:

  • Isoflurano (1,5–2%) ou Sevoflurano (2–3%) com oxigênio contínuo.

  • Fluido-terapia intravenosa: Ringer Lactato 5 mL/kg/h.

  • Analgesia intraoperatória: Meloxicam (0,2 mg/kg SC) + Buprenorfina (0,01 mg/kg IV).

  • Bloqueio local: infiltração de lidocaína (2 mg/kg) na linha de incisão para analgesia regional.

2. Monitoramento fisiológico

Durante a cirurgia, a paciente deve ser monitorada continuamente quanto aos seguintes parâmetros:

Parâmetro

Valor normal

Significado clínico

Frequência cardíaca (FC)

80–140 bpm

Indica estabilidade circulatória.

Frequência respiratória (FR)

15–30 mov/min

Queda pode indicar anestesia profunda.

SpO₂ (saturação de oxigênio)

≥ 95%

Valores baixos indicam hipoventilação.

Temperatura corporal

37–38,5 °C

Evitar hipotermia com manta térmica.

Pressão arterial média (PAM)

70–100 mmHg

Manter perfusão adequada de órgãos.

3. Cuidados adicionais

  • Aplicar lubrificante oftálmico para evitar ressecamento da córnea.

  • Controlar rigorosamente a temperatura corporal — cadelas pequenas e jovens são mais suscetíveis à hipotermia.

  • Ajustar a concentração do anestésico inalatória conforme o plano cirúrgico.

  • Evitar sobrecarga de fluidos em pacientes pequenas ou geriátricas.

4. Recuperação anestésica

  • Ao término da cirurgia, suspende-se o anestésico inalatória e mantém-se oxigênio por 5 minutos.

  • O tubo orotraqueal é removido somente quando a paciente recupera o reflexo de deglutição.

  • A fêmea deve ser mantida em ambiente aquecido e tranquilo até a recuperação total.

Um protocolo anestésico bem conduzido, associado à monitorização constante, reduz em mais de 95% as complicações intraoperatórias e garante uma recuperação tranquila e segura.

Cuidados pós-operatórios imediatos

As primeiras 24 a 48 horas após a Ovariohisterectomia (castração de cadelas) são as mais críticas para garantir uma recuperação tranquila e sem complicações.Nessa fase, o foco é controlar a dor, evitar infecção e garantir estabilidade fisiológica.

1. Ambiente e observação

  • A cadela deve permanecer em ambiente calmo, aquecido e com pouca luminosidade, longe de ruídos e outros animais.

  • O local de descanso deve ser limpo e seco.

  • O tutor deve observar respiração, temperatura e comportamento durante as primeiras 6 horas após o procedimento.

É normal a fêmea apresentar sonolência, falta de apetite e leve desorientação nas primeiras 12 horas, em razão da anestesia. Esses sintomas desaparecem gradualmente.

2. Alimentação e hidratação

  • A alimentação pode ser retomada 6 a 8 horas após a cirurgia, em pequenas porções.

  • Oferecer alimentos leves e de fácil digestão (ração úmida ou misturada com água morna).

  • Se houver vômitos, suspender a alimentação e oferecer apenas água fresca nas próximas 12 horas.

3. Controle da dor e inflamação

  • Analgesia: normalmente é prescrita combinação de meloxicam, carprofeno ou buprenorfina por 3 a 5 dias.

  • Antibióticos profiláticos: usados por 5 a 7 dias (geralmente cefalexina ou amoxicilina).

  • A dor costuma diminuir significativamente após 48 horas, mas o tratamento não deve ser interrompido sem orientação veterinária.

4. Cuidados com o local cirúrgico

  • Observar diariamente a incisão abdominal: leve vermelhidão e pequeno inchaço são normais nos primeiros dias.

  • Se houver secreção, sangramento, odor forte ou dor ao toque, procurar o veterinário imediatamente.

  • Não aplicar pomadas, álcool ou antissépticos caseiros sem prescrição.

  • O uso do colar elizabetano é obrigatório por 10 a 14 dias, evitando que a fêmea lamba ou morda os pontos.

5. Restrição de movimentos

  • Evitar saltos, corridas e brincadeiras por pelo menos 10 dias.

  • Passeios curtos e com guia são permitidos após o 5º dia, apenas se não houver dor ou inchaço.

  • Não permitir que o animal suba em sofás ou camas, reduzindo risco de deiscência (abertura dos pontos).

6. Revisão veterinária

  • O retorno para avaliação deve ocorrer entre 7 e 10 dias após a cirurgia, para remoção dos pontos (caso sejam externos) e verificação da cicatrização.

Com os cuidados adequados, a maioria das cadelas apresenta recuperação rápida, sem dor significativa e com cicatrização completa entre 10 e 14 dias.

Recuperação completa e manejo domiciliar

A recuperação total após a Ovariohisterectomia ocorre normalmente em 10 a 15 dias, podendo variar conforme o porte, a idade e o estado de saúde da cadela.O tutor tem papel fundamental nessa etapa, garantindo que o animal siga todas as recomendações médicas.

1. Cicatrização e higiene

  • A ferida cirúrgica deve permanecer limpa, seca e sem secreções.

  • Pontos externos são retirados entre 7 e 12 dias após a cirurgia; pontos internos absorvíveis não necessitam de remoção.

  • Evite banhos até 10 dias após o procedimento ou até a liberação do veterinário.

2. Alimentação

  • Após 24 horas, a cadela pode voltar à dieta habitual.

  • É indicado oferecer ração específica para recuperação cirúrgica ou fêmeas adultas castradas, com teor calórico controlado.

  • A hidratação deve ser constante — a água ajuda na eliminação de resíduos anestésicos e antibióticos.

3. Atividade física e comportamento

  • O repouso absoluto é essencial nos primeiros 7 dias.

  • Após esse período, se a ferida estiver bem cicatrizada, podem ser introduzidos passeios leves.

  • A atividade normal pode ser retomada após 15 dias, mediante liberação veterinária.

  • O comportamento tende a estabilizar em 30 a 60 dias, com diminuição da agitação e do comportamento reprodutivo.

4. Cuidados domiciliares complementares

  • Evitar brincadeiras com outros cães, especialmente machos, durante a recuperação.

  • Limpar o ambiente com produtos neutros e manter o local seco.

  • Observar temperatura corporal (deve permanecer entre 37,5°C e 39,2°C). Febre persistente indica possível infecção.

  • Manter o colar elizabetano até o fechamento total da ferida.

5. Revisão e monitoramento

  • A segunda revisão pode ser realizada 30 dias após o procedimento para confirmar a recuperação completa.

  • A partir de então, recomenda-se check-up anual para monitorar o metabolismo e a função hormonal.

A Ovariohisterectomia é um divisor de águas na saúde da cadela. Com os cuidados corretos, o pós-operatório é tranquilo e a cirurgia traz benefícios permanentes para a saúde reprodutiva e geral, prevenindo doenças e aumentando a longevidade.


Complicações possíveis e como preveni-las

Embora a Ovariohisterectomia (castração de cadelas) seja um procedimento rotineiro e seguro, complicações podem ocorrer se não forem observados os cuidados cirúrgicos e pós-operatórios adequados.A maioria dos problemas é evitável com técnica cirúrgica correta, anestesia bem conduzida e acompanhamento rigoroso do tutor no pós-operatório.

1. Hemorragia intraoperatória

  • Causa: falha na ligadura dos vasos ovarianos ou uterinos.

  • Prevenção: uso de fio absorvível de alta resistência (ex.: poliglactina 910 2-0) e inspeção visual detalhada antes do fechamento abdominal.

  • Tratamento: revisão cirúrgica imediata e controle hemostático.

2. Infecção da ferida cirúrgica

  • Causa: contaminação durante ou após a cirurgia.

  • Sinais clínicos: secreção purulenta, odor, dor, febre e apatia.

  • Prevenção: assepsia rigorosa, antibiótico profilático e uso obrigatório do colar elizabetano.

  • Tratamento: antibioticoterapia, limpeza local e, em casos graves, drenagem cirúrgica.

3. Deiscência (abertura da sutura)

  • Causa: movimentação excessiva, lambedura ou infecção local.

  • Sinais: abertura da incisão, sangramento e exposição de tecido subcutâneo.

  • Prevenção: repouso e uso do colar elizabetano por 10 a 14 dias.

  • Tratamento: nova sutura sob anestesia local e antibióticos.

4. Seroma (acúmulo de líquido sob a ferida)

  • Causa: movimentação precoce ou resposta inflamatória local.

  • Prevenção: repouso absoluto e compressas frias nas primeiras 48 horas.

  • Tratamento: aspiração do líquido ou drenagem, conforme o volume.

5. Complicações anestésicas

  • Causa: erro de dosagem, reação medicamentosa ou doença pré-existente não diagnosticada.

  • Prevenção: exames pré-operatórios e monitoramento contínuo de FC, FR, SpO₂ e pressão arterial.

  • Tratamento: suporte com fluidoterapia, oxigênio e fármacos reversores (como atipamezol ou flumazenil).

6. Fístula uterina (rara)

  • Causa: falha na ligadura do coto uterino ou infecção profunda.

  • Prevenção: técnica cirúrgica precisa e ligaduras duplas.

  • Tratamento: nova laparotomia exploratória e remoção do tecido residual.

7. Complicações tardias (meses após a cirurgia)

  • Incontinência urinária hormonal: ocorre em 3–5% das cadelas, especialmente de raças grandes.

  • Prevenção: avaliar idade ideal e, se necessário, suplementar estrógeno sob prescrição.

Com protocolos anestésicos modernos e técnicas cirúrgicas padronizadas, a taxa de complicações graves em OVH é inferior a 2%, segundo dados da AVMA (2024).

Alterações hormonais e comportamentais após a castração

Após a castração, a remoção dos ovários interrompe a produção de estrogênio e progesterona, hormônios que regulam o ciclo reprodutivo e influenciam o comportamento da fêmea.Essas alterações hormonais são naturais e trazem efeitos fisiológicos e comportamentais previsíveis e controláveis.

1. Mudanças hormonais

  • Redução do metabolismo basal: há uma diminuição de cerca de 15% no gasto energético, o que pode predispor ao ganho de peso.

  • Ausência de ciclos estrais: não ocorrem mais cios, sangramentos ou oscilações hormonais.

  • Estabilidade endócrina: elimina os picos de progesterona e evita pseudociese (gravidez psicológica).

Prevenção de alterações metabólicas: ajustar a dieta e manter rotina de exercícios leves evita obesidade e desequilíbrio hormonal.

2. Alterações comportamentais

  • Fim do comportamento de cio: desaparecem vocalizações, irritabilidade e tentativas de fuga.

  • Maior estabilidade emocional: cadelas tornam-se mais tranquilas, dóceis e receptivas a comandos.

  • Diminuição da ansiedade: a ausência de estímulo hormonal reduz estresse e impulsividade.

  • Socialização aprimorada: convivem melhor com outros animais, inclusive machos.

3. Efeitos neutros e mitos

  • A castração não altera a personalidade da cadela — o temperamento e a afeição permanecem os mesmos.

  • Não há “tristeza” nem perda de vitalidade; o comportamento mais calmo é resultado da redução dos estímulos hormonais, não de depressão.

  • O instinto protetor e territorial é mantido, pois depende da socialização e do vínculo com o tutor, não dos hormônios.

4. Efeitos benéficos a longo prazo

  • Redução de agressividade e brigas durante o cio;

  • Melhoria no comportamento de guarda e obediência;

  • Menor risco de doenças hormonais, como diabetes e hiperadrenocorticismo;

  • Aumento da expectativa de vida em 1,5 a 2 anos, segundo estudos da Cornell University (2025).

A castração oferece equilíbrio fisiológico e emocional duradouro, garantindo à fêmea uma vida mais longa, saudável e livre de doenças reprodutivas.


Impactos na saúde geral e longevidade

A castração de cadelas (ovariohisterectomia) é um dos procedimentos mais eficazes da medicina preventiva veterinária, com efeitos diretos na saúde, equilíbrio hormonal e expectativa de vida.Estudos recentes mostram que fêmeas castradas vivem em média 1,5 a 3 anos a mais do que as não castradas, apresentando menor incidência de doenças graves.

1. Prevenção de doenças reprodutivas e hormonais

  • Piometra (infecção uterina): completamente eliminada, pois o útero é removido.

  • Tumores mamários: o risco é reduzido em 90% se a castração for realizada antes do primeiro cio.

  • Cistos ovarianos e endometrites: condições evitadas pela remoção dos ovários e estabilização hormonal.

  • Tumores ovarianos e uterinos: raríssimos após o procedimento.

  • Gravidez psicológica (pseudociese): desaparece totalmente, pois não há mais estímulo da progesterona.

2. Benefícios sistêmicos

  • Redução de doenças hormonais secundárias: como diabetes mellitus e hiperadrenocorticismo.

  • Melhora da saúde dermatológica: menor ocorrência de alopecia simétrica e dermatite seborreica.

  • Menor incidência de neoplasias hormonodependentes: especialmente em glândulas mamárias e genitais.

  • Melhoria da saúde óssea: controle do metabolismo do cálcio e prevenção de osteopenia em cadelas mais velhas.

3. Longevidade e bem-estar

De acordo com a American Veterinary Medical Association (AVMA, 2024), a longevidade média das fêmeas castradas é 26% superior à das não castradas.Isso ocorre porque a castração:

  • Reduz o estresse fisiológico dos ciclos hormonais;

  • Evita partos complicados e infecções uterinas;

  • Melhora o equilíbrio metabólico e imunológico;

  • Diminui o risco de câncer reprodutivo em 100%.

4. Benefícios comportamentais e sociais

  • Fêmeas castradas são mais estáveis, dóceis e previsíveis;

  • Reduzem fugas e brigas durante o cio;

  • Permitem melhor convivência em lares com outros cães e crianças;

  • A ausência do cio elimina sangramento, odores e alterações de humor.

A Ovariohisterectomia é, portanto, a intervenção mais significativa para prolongar a vida e garantir qualidade em todas as fases da cadela, atuando como ferramenta médica, preventiva e comportamental.

Mitos e verdades sobre a castração de cadelas

Apesar de amplamente indicada, a castração ainda é cercada por equívocos.Abaixo estão os principais mitos e verdades, esclarecidos com base científica e na experiência clínica moderna.

Mito

Verdade científica

“A castração deixa a cadela obesa.”

Parcialmente verdadeiro. O metabolismo reduz cerca de 15%, mas a obesidade só ocorre se não houver ajuste na dieta e atividade física.

“A castração muda a personalidade do animal.”

Falso. O temperamento permanece o mesmo; apenas os comportamentos ligados ao cio e reprodução desaparecem.

“É melhor deixar a cadela ter uma cria antes de castrar.”

Falso. Não há benefício fisiológico comprovado. A gestação antes da castração aumenta o risco de tumores mamários e complicações uterinas.

“A cadela ficará triste ou deprimida.”

Falso. A ausência de hormônios reprodutivos não afeta o humor. Ao contrário, reduz a ansiedade e o estresse do cio.

“Cadelas castradas não sentem mais alegria nem vontade de brincar.”

Falso. A energia e a alegria permanecem; o que muda é a estabilidade emocional e o foco.

“A castração é cruel.”

Falso. O procedimento é indolor (sob anestesia geral) e previne doenças graves e sofrimento futuro.

“A cadela vai perder o instinto de proteção.”

Falso. O instinto de guarda e defesa está ligado ao vínculo com o tutor, não aos hormônios.

“A cirurgia é muito arriscada.”

Falso. É uma das cirurgias mais seguras na rotina veterinária moderna, com taxa de complicações inferior a 2%.

“A castração precoce é sempre a melhor opção.”

Parcialmente verdadeiro. É ideal antes do primeiro cio, mas deve respeitar o desenvolvimento ósseo, principalmente em raças grandes.

“Depois de castrada, a cadela não precisa mais de veterinário.”

Falso. Exames anuais e vacinas continuam essenciais para prevenir doenças sistêmicas e monitorar o envelhecimento.

Conclusão

A castração é uma decisão médica responsável, baseada em prevenção, longevidade e bem-estar animal.Não há comprovação científica de efeitos negativos duradouros quando o procedimento é realizado corretamente. Ao contrário — ela elimina as principais causas de morte em fêmeas adultas, como piometra e tumores mamários, e melhora o comportamento e a qualidade de vida.


Perguntas Frequentes (FAQ)

Qual é a idade ideal para castrar uma cadela?

A idade ideal depende do porte e da raça, mas, em geral, recomenda-se a castração entre 5 e 8 meses de idade, antes do primeiro cio.Cadelas castradas antes do 1º cio têm 90% menos risco de desenvolver tumores mamários e praticamente eliminam o risco de piometra (infecção uterina).

A castração causa dor?

Não. A cirurgia é feita sob anestesia geral, e a cadela não sente dor durante o procedimento.Após a cirurgia, são administrados analgésicos e anti-inflamatórios por 3 a 5 dias, garantindo conforto total durante a recuperação.

O que é a ovariohisterectomia (OVH)?

É o nome técnico da castração em fêmeas, na qual são removidos os ovários e o útero.O objetivo é impedir a reprodução, eliminar o cio e prevenir doenças reprodutivas, como piometra e tumores uterinos.

É possível castrar uma cadela no cio?

Pode ser feito, mas não é o ideal. Durante o cio, há aumento da vascularização uterina, o que eleva o risco de sangramento.O melhor momento é 30 a 40 dias após o fim do cio, quando o útero volta ao tamanho e fluxo normais.

A castração muda o comportamento da cadela?

Sim, de forma positiva.Cadelas castradas ficam mais calmas, menos ansiosas e menos agressivas, especialmente durante o período em que antes apresentariam cio.Elas continuam brincalhonas e afetuosas, mas sem oscilações hormonais.

A castração deixa a cadela obesa?

O metabolismo basal cai cerca de 15% após a castração, o que pode levar ao ganho de peso se não houver ajuste na dieta. Com alimentação equilibrada e exercícios leves, o peso se mantém estável. Muitas rações específicas para fêmeas castradas já consideram essa necessidade.

Quanto tempo dura a cirurgia de castração?

A Ovariohisterectomia dura, em média, 30 a 45 minutos, dependendo do porte e da idade da cadela.O tempo total sob anestesia inclui preparo, indução, cirurgia e sutura.

A cadela precisa ficar internada após a castração?

Na maioria dos casos, não. A cadela pode receber alta no mesmo dia, após a recuperação anestésica completa.Em cadelas idosas ou com doenças pré-existentes, o veterinário pode recomendar internação por 24 horas para monitoramento.

Quanto tempo leva a recuperação?

A recuperação completa ocorre em 10 a 15 dias.Durante esse período, a cadela deve permanecer em repouso absoluto, usando colar elizabetano e evitando saltos, corridas e banhos.

Quando posso retirar os pontos?

Se forem pontos externos, entre 7 e 12 dias após a cirurgia.Suturas internas absorvíveis não precisam ser retiradas, apenas monitoradas durante a revisão veterinária.

É normal a cadela perder o apetite após a cirurgia?

Sim. A falta de apetite pode durar 24 a 48 horas por causa da anestesia.Após esse período, o apetite volta gradualmente. Se o jejum persistir, consulte o veterinário.

A castração evita tumores mamários?

Sim. Esse é um dos principais benefícios da castração precoce.A chance de desenvolver câncer de mama cai para menos de 1% se o procedimento for feito antes do primeiro cio.

Minha cadela já teve cria. Ainda vale a pena castrar?

Sim. Mesmo após uma gestação, a castração previne piometra, cistos ovarianos e tumores uterinos, além de estabilizar o comportamento hormonal.

A castração é segura em cadelas idosas?

Sim, desde que sejam realizados exames pré-operatórios (hemograma, função renal e cardíaca).Cadelas idosas com útero saudável podem ser castradas com segurança, reduzindo o risco de desenvolver piometra.

A cadela pode lamber os pontos da cirurgia?

Não. Isso causa infecção e abertura da sutura.Por isso, o uso do colar elizabetano por 10 a 14 dias é indispensável.

É verdade que cadelas castradas vivem mais?

Sim. Estudos mostram que cadelas castradas vivem, em média, 2 a 3 anos a mais, devido à redução de doenças hormonais e reprodutivas.

A castração interfere no instinto materno ou no vínculo com o tutor?

Não. A cirurgia afeta apenas a reprodução, não a afetividade.O vínculo com o tutor e o comportamento social permanecem os mesmos — em muitos casos, até se fortalecem devido à redução do estresse hormonal.

O que é piometra e por que a castração previne?

A piometra é uma infecção uterina grave e potencialmente fatal, comum em fêmeas não castradas.Ela ocorre devido ao acúmulo de pus no útero durante os ciclos hormonais.A castração remove o útero e os ovários, eliminando completamente o risco dessa doença.

A castração causa incontinência urinária?

Raramente. Isso ocorre em 3–5% das cadelas, geralmente de raças grandes e castradas muito jovens.Quando acontece, pode ser tratada com medicamentos que equilibram a função uretral.

A castração é reversível?

Não. A remoção dos ovários e do útero é definitiva.Por isso, o tutor deve ter certeza da decisão — mas os benefícios são permanentes e comprovados.


Sources

  • American Veterinary Medical Association (AVMA) – Guidelines for Elective Spaying in Female Dogs, 2024 Edition

  • Cornell University College of Veterinary Medicine – Canine Ovariohysterectomy Protocols and Postoperative Care Manual, 2025

  • Royal Veterinary College (RVC, UK) – Behavioral and Physiological Effects of Spaying in Bitches, 2023

  • World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) – Global Surgical Standards for Elective Ovariohysterectomy, 2024 Update

  • American Animal Hospital Association (AAHA) – Anesthesia and Analgesia Guidelines for Veterinary Surgery, 2024 Edition

  • Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV – Brasil) – Manual de Castração Ética e Segura em Pequenos Animais, 2025

  • Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Estudo Comparativo sobre Longevidade e Saúde Pós-Castração em Cadelas, 2024

  • Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Haritada Aç: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc

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