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Castração de Cães Machos Guia

  • Foto do escritor: VetSağlıkUzmanı
    VetSağlıkUzmanı
  • 2 de out.
  • 17 min de leitura

Atualizado: 5 de nov.

O que é a castração de cães machos (orquiectomia)

A castração de cães machos, também chamada de orquiectomia, é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção completa dos testículos com o objetivo de interromper permanentemente a capacidade reprodutiva e reduzir os efeitos comportamentais e hormonais associados à testosterona.

É uma das cirurgias mais comuns na medicina veterinária moderna, considerada simples, segura e altamente eficaz quando realizada por profissionais qualificados. O tempo cirúrgico médio varia de 15 a 30 minutos, dependendo do porte e da idade do animal.

Durante a operação, o veterinário realiza uma incisão escrotal ou pré-escrotal, liga os vasos espermáticos e remove ambos os testículos, garantindo hemostasia completa. O animal é submetido à anestesia geral e analgesia adequada, com recuperação rápida e mínima dor pós-operatória.

A castração é indicada tanto por motivos médicos e comportamentais, quanto por razões preventivas de saúde pública, sendo um dos pilares do controle populacional responsável de cães.

Além de prevenir gestações indesejadas, o procedimento contribui diretamente para a redução de doenças hormonais, tumores reprodutivos e comportamentos agressivos, promovendo melhor convivência e qualidade de vida.

castration
castração de cães machos

Indicações clínicas e benefícios do procedimento

A orquiectomia canina é indicada em uma ampla variedade de contextos clínicos, comportamentais e preventivos. Seu objetivo não é apenas impedir a reprodução, mas garantir saúde, estabilidade hormonal e longevidade ao animal.

1. Indicações clínicas

  • Prevenção de doenças reprodutivas: evita tumores testiculares, cistos epididimários, orquites e hiperplasia prostática benigna.

  • Tratamento de tumores hormonodependentes: como adenomas perianais e neoplasias prostáticas iniciais.

  • Correção de criptorquidismo: em cães com testículos retidos no abdômen ou canal inguinal, onde há alto risco de transformação tumoral.

  • Controle de doenças dermatológicas hormonais: como alopecia androgênica e seborréia recidivante.

2. Indicações comportamentais

  • Redução de agressividade e dominância: cães castrados apresentam comportamento mais equilibrado, especialmente em ambientes com outros machos.

  • Controle de marcação territorial: diminui significativamente o hábito de urinar em objetos e paredes.

  • Menor tendência a fugas: reduz a busca por fêmeas no cio, prevenindo acidentes e atropelamentos.

  • Diminuição de comportamentos sexuais indesejados: como monta em pessoas, objetos e outros animais.

3. Benefícios gerais

  • Melhoria da saúde pública: contribui para o controle populacional e redução de cães errantes.

  • Prevenção de zoonoses: diminui o risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis entre cães, como o TVT (Tumor Venéreo Transmissível).

  • Aumento da longevidade: cães castrados vivem, em média, 1,5 a 2 anos a mais do que os não castrados.

  • Melhor convivência familiar: tornam-se mais tranquilos, obedientes e adaptados à rotina doméstica.

4. Impacto hormonal controlado

A remoção dos testículos reduz a produção de testosterona, mas não altera a identidade comportamental do animal.O cão mantém seus instintos protetivos e personalidade, apenas com menor impulsividade, ansiedade e reatividade.

A castração, portanto, é um procedimento terapêutico e profilático, que melhora não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio emocional e social do cão.

dog testicle
castração de cães machos

Idade ideal e avaliação pré-operatória

A idade ideal para castração de cães machos varia conforme o porte, a raça e o estado clínico do animal. No entanto, de modo geral, recomenda-se que o procedimento seja realizado entre 6 e 12 meses de idade, quando o cão já atingiu maturidade física suficiente, mas ainda não consolidou os comportamentos relacionados à testosterona.

1. Idade recomendada por porte

Porte

Idade ideal para castração

Justificativa

Pequeno (até 10 kg)

6–8 meses

Crescimento precoce e menor risco anestésico.

Médio (10–25 kg)

8–10 meses

Desenvolvimento completo e equilíbrio hormonal.

Grande (25–45 kg)

10–12 meses

Atrasar um pouco permite maturação óssea completa.

Gigante (acima de 45 kg)

12–15 meses

Castração tardia evita alterações ortopédicas e musculares.

Castrações muito precoces (antes dos 4 meses) devem ser realizadas apenas em programas de controle populacional, pois podem interferir na maturação óssea e endócrina.

2. Avaliação clínica e laboratorial

Antes da cirurgia, o cão deve passar por uma avaliação clínica completa, incluindo:

  • Exame físico detalhado: ausculta cardíaca e pulmonar, temperatura e verificação de mucosas.

  • Exames laboratoriais básicos: hemograma, ureia, creatinina e enzimas hepáticas.

  • Exames complementares: eletrocardiograma e radiografia torácica em cães acima de 6 anos ou com histórico cardíaco.

  • Histórico de vacinação e vermifugação: devem estar atualizados.

O veterinário também avaliará o estado corporal (Body Condition Score – BCS) e possíveis alterações genéticas ou ortopédicas, garantindo um protocolo anestésico seguro.

3. Classificação de risco anestésico (ASA)

Classe ASA

Descrição

Indicação cirúrgica

ASA I

Paciente saudável

Procedimento eletivo seguro.

ASA II

Pequenas alterações fisiológicas (leve sobrepeso, discreta desidratação)

Castração permitida com monitoramento.

ASA III

Doença sistêmica leve a moderada (insuficiência renal inicial, cardiopatia controlada)

Avaliação individual e protocolo específico.

ASA IV–V

Doenças graves ou risco de morte

Castração apenas com justificativa médica.

A correta avaliação pré-operatória reduz em até 90% o risco de complicações anestésicas e hemorrágicas.

Preparação do paciente antes da cirurgia

A preparação pré-operatória é fundamental para garantir anestesia segura, cicatrização adequada e menor risco de infecção.Envolve etapas que começam 24 horas antes da cirurgia e se estendem até o momento da indução anestésica.

1. Jejum alimentar e hídrico

  • Jejum sólido: 8 a 12 horas antes da cirurgia.

  • Jejum líquido: suspender água 2 a 3 horas antes do procedimento.

  • Filhotes: jejum máximo de 4 a 6 horas para evitar hipoglicemia.

2. Condição corporal e hidratação

  • O cão deve estar em peso ideal, nem obeso nem desnutrido.

  • A hidratação adequada é essencial — desidratação leve aumenta o risco de hipotensão durante a anestesia.

3. Controle antiparasitário e vacinação

  • A cirurgia deve ser adiada se o cão não estiver vacinalmente protegido (V8/V10 e antirrábica).

  • Recomenda-se aplicar antiparasitários internos e externos (como NexGard, Simparic ou Bravecto) 10 dias antes da cirurgia, reduzindo risco de infecções secundárias.

4. Banho e assepsia

  • O banho pode ser dado 24 a 48 horas antes da cirurgia, com shampoo antisséptico neutro.

  • No hospital, o cirurgião tricotomiza (raspa) e higieniza a região escrotal com clorexidina degermante, seguida de PVPI alcoólico.

5. Medicações prévias e profilaxia

  • Antibiótico profilático: geralmente cefalexina ou amoxicilina, administrada 1 hora antes da incisão.

  • Analgesia preventiva: anti-inflamatórios não esteroidais (meloxicam, carprofeno) e opioides leves (tramadol, butorfanol).

  • Premedicação ansiolítica: acepromazina ou dexmedetomidina, conforme o protocolo anestésico.

6. Estabilização e cateterização

  • Antes da anestesia, é colocado cateter intravenoso para administração de fluidos e medicamentos.

  • O paciente é monitorado continuamente (frequência cardíaca, temperatura e oximetria).

A correta preparação reduz o risco de complicações intraoperatórias e garante uma recuperação mais rápida, segura e com menor desconforto.


Técnica cirúrgica passo a passo (orquiectomia canina)

A orquiectomia canina é um procedimento cirúrgico rotineiro, mas que requer técnica asséptica rigorosa e domínio anatômico para evitar complicações pós-operatórias.O método pode variar conforme a idade e o porte do animal, sendo as técnicas aberta e fechada as mais utilizadas.

1. Posicionamento e antissepsia

  • O cão é colocado em decúbito dorsal (barriga para cima), com os membros posteriores levemente afastados.

  • A região escrotal e pré-escrotal é tricotomizada (raspada) e higienizada com clorexidina degermante e PVPI alcoólico.

  • São colocados campos cirúrgicos estéreis, expondo apenas a área da incisão.

2. Incisão e acesso

Existem duas abordagens principais:

  • Incisão pré-escrotal: realizada logo à frente do escroto, é a mais usada em cães adultos.

  • Incisão escrotal direta: mais comum em filhotes, permite acesso rápido e cicatrização natural.

A incisão é feita na pele e no tecido subcutâneo, expondo o funículo espermático e o testículo.

3. Exteriorização e ligadura dos vasos

  • O testículo é tracionado cuidadosamente até fora da incisão.

  • O funículo espermático é identificado, e os vasos testiculares e o ducto deferente são separados.

  • Aplica-se ligadura dupla com fio absorvível (geralmente poliglactina 910 2-0 ou 3-0).

  • Em cães jovens ou de pequeno porte, pode-se usar a auto-ligadura (técnica sem fio), amarrando manualmente o ducto ao plexo pampiniforme.

4. Hemostasia e remoção

  • Após a ligadura, o testículo é seccionado distalmente.

  • O coto é inspecionado para garantir hemostasia completa.

  • O mesmo procedimento é repetido no testículo contralateral.

5. Fechamento

O fechamento depende do tipo de incisão:

  • Técnica aberta: fechamento em 2 a 3 camadas (fáscia cremastérica, subcutâneo e pele).

  • Técnica fechada: geralmente não requer sutura escrotal, permitindo cicatrização por segunda intenção.A sutura cutânea é feita com pontos simples ou intradérmicos, utilizando nylon ou fio absorvível.

6. Tempo cirúrgico

O tempo médio é de 15 a 25 minutos, com sangramento mínimo e recuperação rápida.Em casos de criptorquidismo (testículo não descido), pode ser necessário acesso abdominal e tempo cirúrgico maior.

Cuidados anestésicos e monitoramento intraoperatório

A anestesia é um dos pontos mais importantes da orquiectomia. O controle adequado da dor e o monitoramento contínuo reduzem o estresse fisiológico e garantem segurança máxima durante o procedimento.

1. Protocolo anestésico mais utilizado

O protocolo pode ser adaptado conforme a condição clínica do paciente:

Premedicação (30 minutos antes da indução):

  • Acepromazina (0,02–0,05 mg/kg IM) ou dexmedetomidina (5 µg/kg IM) — sedativo e ansiolítico.

  • Tramadol (2–4 mg/kg IM) ou butorfanol (0,2–0,4 mg/kg IM) — analgesia prévia.

  • Atropina (0,02 mg/kg SC) — reduz secreções e previne bradicardia.

Indução anestésica:

  • Propofol (4–6 mg/kg IV) ou alfaxalona (2–3 mg/kg IV) — indução suave e rápida.

  • Após perda do reflexo laríngeo, procede-se à intubação orotraqueal.

Manutenção anestésica:

  • Isoflurano (1,5–2%) ou Sevoflurano (2–3%) em sistema fechado.

  • Fluido intravenoso: Ringer Lactato (5 mL/kg/h).

Analgesia intraoperatória:

  • Meloxicam (0,2 mg/kg SC) ou carprofeno (4 mg/kg SC) — anti-inflamatório não esteroidal.

  • Bloqueio local com lidocaína (2 mg/kg) no funículo espermático para analgesia regional.

2. Monitoramento dos parâmetros vitais

Durante toda a cirurgia, o anestesista deve acompanhar:

Parâmetro

Valor ideal

Observação clínica

Frequência cardíaca (FC)

80–120 bpm

Taquicardia pode indicar dor.

Frequência respiratória (FR)

15–30 mov/min

Alterações indicam profundidade anestésica inadequada.

Temperatura corporal

37–38,5 °C

Hipotermia é comum; usar manta térmica.

SpO₂ (saturação de oxigênio)

> 95%

Manter oxigenação constante.

Pressão arterial média (PAM)

70–100 mmHg

Evitar hipotensão com fluidos.

3. Cuidados adicionais

  • Lubrificação ocular com pomada específica para evitar ressecamento.

  • Avaliação periódica do plano anestésico, ajustando a concentração do anestésico inalatório conforme reflexos e parâmetros.

  • Evitar hipoglicemia em filhotes e hipotermia em cães de pequeno porte.

4. Recuperação anestésica

  • Ao final do procedimento, suspende-se o anestésico inalatório e mantém-se oxigênio por 5 minutos.

  • O tubo orotraqueal é removido somente após o retorno do reflexo de deglutição.

  • O animal deve ser mantido em local aquecido, silencioso e sob observação contínua até o completo despertar.

Uma anestesia bem conduzida e monitorada reduz o risco de complicações em mais de 95% dos casos, garantindo uma recuperação tranquila e segura.


Cuidados pós-operatórios imediatos

As primeiras 24 horas após a orquiectomia são decisivas para garantir cicatrização adequada e recuperação segura.O tutor deve seguir rigorosamente as orientações médicas para minimizar o risco de infecções, dor e complicações locais.

1. Ambiente e supervisão

  • O cão deve permanecer em local calmo, limpo e aquecido, protegido de correntes de ar e ruídos altos.

  • Evite contato com outros animais até o completo despertar anestésico.

  • O tutor deve observar respiração, temperatura e comportamento nas primeiras horas. Tremores leves ou sonolência são normais após anestesia.

2. Alimentação

  • A alimentação pode ser retomada 6 a 8 horas após o procedimento, com pequenas porções e alimentos leves.

  • Se o cão recusar comida ou apresentar vômitos, ofereça água fresca e aguarde 12 horas antes de nova tentativa.

  • O retorno à dieta habitual ocorre geralmente no dia seguinte.

3. Controle da dor e inflamação

O manejo da dor é uma prioridade após a cirurgia.

  • Analgesia oral: medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos devem ser administrados conforme prescrição, normalmente por 3 a 5 dias.

  • Antibióticos profiláticos: usados por 5 a 7 dias para prevenir infecção (comumente amoxicilina ou cefalexina).

  • Compressas frias: podem ser aplicadas por 5 minutos, 2 vezes ao dia, nas primeiras 48 horas, para reduzir inchaço e dor.

4. Cuidados com o local cirúrgico

  • Observar o escroto e a incisão diariamente. É normal leve inchaço ou coloração rosada nos primeiros dias.

  • Caso apareçam secreção purulenta, odor, dor excessiva ou sangramento contínuo, o tutor deve procurar o veterinário imediatamente.

  • Não aplicar pomadas ou produtos caseiros sobre o local.

  • O uso do colar elizabetano é obrigatório por pelo menos 10 dias, evitando lambedura e contaminação da ferida.

5. Restrição de movimentos

  • O cão deve permanecer em repouso por 7 dias, sem saltos, corridas ou brincadeiras intensas.

  • Passeios curtos e com guia são permitidos após o terceiro dia, apenas se não houver dor ou inchaço.

  • A caixa de transporte ou cama deve estar limpa e seca, facilitando a recuperação.

Com esses cuidados, a grande maioria dos cães se recupera sem dor significativa ou complicações, apresentando cicatrização total em cerca de 10 a 14 dias.

Recuperação completa e manejo domiciliar

A recuperação total após a castração depende do cumprimento das orientações médicas e da capacidade de cicatrização individual do animal.A média de recuperação varia de 10 a 15 dias, podendo ser mais rápida em cães jovens e de pequeno porte.

1. Cicatrização

  • A incisão cirúrgica deve fechar completamente até o 10º dia.

  • Pontos externos (caso existam) são removidos entre 7 e 12 dias após a cirurgia.

  • Em suturas internas absorvíveis, o tutor deve apenas monitorar a ferida quanto a secreções ou deiscência (abertura).

  • Evite banhos até 10 dias após o procedimento.

2. Alimentação e hidratação

  • Manter dieta leve e de boa qualidade durante a recuperação.

  • Água fresca deve estar sempre disponível — a desidratação atrasa a cicatrização.

  • Após a alta, o veterinário pode indicar ração específica pós-cirúrgica ou com propriedades antioxidantes, para favorecer a regeneração tecidual.

3. Atividade física

  • Após o 7º dia, se a ferida estiver seca e sem dor, pode-se iniciar caminhadas leves.

  • Atividades intensas (corridas, brincadeiras e saltos) só devem ser retomadas após 15 dias, com liberação veterinária.

  • Em cães de raças grandes ou ativas, recomenda-se manter a coleira e o colar elizabetano até o completo fechamento.

4. Comportamento

  • É comum observar redução do impulso sexual e da agressividade gradualmente, nas semanas seguintes.

  • O cão pode apresentar leve sonolência ou menor apetite nos primeiros 2 dias.

  • Mudanças comportamentais positivas (menor marcação, menos brigas, mais tranquilidade) se tornam perceptíveis entre 30 e 60 dias após a cirurgia, conforme o nível prévio de testosterona.

5. Revisão veterinária

  • A reavaliação deve ocorrer entre 7 e 10 dias após a cirurgia, mesmo em casos sem sintomas, para verificar a cicatrização.

  • Em cães idosos ou com comorbidades, o veterinário pode solicitar nova revisão em 30 dias.

A recuperação completa marca o início de uma fase mais equilibrada da vida do cão — sem riscos reprodutivos, com comportamento mais estável e expectativa de vida aumentada.


Complicações possíveis e como preveni-las

A castração de cães machos é considerada uma cirurgia de baixo risco, mas complicações podem ocorrer se não forem observados os cuidados adequados durante e após o procedimento. Abaixo estão as complicações mais comuns e as medidas de prevenção indicadas.

1. Hemorragia escrotal

  • Causa: falha na ligadura dos vasos espermáticos ou excesso de movimentação após a cirurgia.

  • Sinais: aumento do volume escrotal, hematoma ou sangramento persistente.

  • Prevenção: hemostasia completa durante a cirurgia e repouso absoluto por 7 dias.

  • Tratamento: compressas frias, anti-inflamatórios e, em casos graves, revisão cirúrgica.

2. Infecção de ferida cirúrgica

  • Causa: contaminação durante o pós-operatório ou lambedura da incisão.

  • Sinais: secreção purulenta, odor, vermelhidão intensa e dor local.

  • Prevenção: uso obrigatório do colar elizabetano, ambiente limpo e antibiótico conforme prescrição.

  • Tratamento: antibioticoterapia, limpeza local e, em casos severos, drenagem cirúrgica.

3. Seroma (acúmulo de líquido sob a incisão)

  • Causa: movimentação excessiva ou reação inflamatória local.

  • Sinais: inchaço sem dor, semelhante a uma “bolha” sob a pele.

  • Prevenção: repouso e compressas frias nas primeiras 48 horas.

  • Tratamento: aspiração do líquido ou drenagem, se necessário.

4. Deiscência (abertura dos pontos)

  • Causa: lambedura, infecção local ou esforço físico precoce.

  • Sinais: separação das bordas da ferida, sangramento e exposição do tecido subcutâneo.

  • Prevenção: colar elizabetano e repouso até o 10º dia.

  • Tratamento: nova sutura e antibióticos.

5. Reação inflamatória escrotal

  • Causa: resposta do organismo à manipulação cirúrgica.

  • Sinais: leve edema e coloração avermelhada, normalmente autolimitante.

  • Prevenção: compressas frias e anti-inflamatórios nos primeiros dias.

6. Criptorquidismo residual (castração incompleta)

  • Causa: presença de testículo abdominal não identificado no pré-operatório.

  • Prevenção: exame físico detalhado e, se necessário, ultrassonografia antes da cirurgia.

  • Tratamento: nova cirurgia para remoção do testículo remanescente.

7. Complicações anestésicas

  • Causa: sensibilidade individual, erros de dosagem ou doenças pré-existentes não diagnosticadas.

  • Prevenção: exames pré-operatórios e monitoramento constante.

  • Tratamento: suporte intensivo (fluido, oxigênio, reversores).

Com protocolos modernos e manejo adequado, a taxa de complicações graves na orquiectomia é inferior a 2%, o que torna o procedimento extremamente seguro.

Alterações hormonais e comportamentais após a castração

A remoção dos testículos reduz drasticamente a produção de testosterona, o principal hormônio sexual masculino. Essa mudança hormonal gera efeitos positivos no comportamento, metabolismo e saúde do cão, mas algumas alterações fisiológicas devem ser monitoradas.

1. Mudanças hormonais

  • Redução de testosterona: ocorre em até 90% nas primeiras semanas após a cirurgia.

  • Efeitos metabólicos: o metabolismo basal tende a diminuir cerca de 15–20%, o que pode levar ao ganho de peso se a dieta não for ajustada.

  • Ajuste fisiológico: o corpo estabiliza a produção de hormônios secundários (LH e FSH) em 30 a 45 dias.

2. Alterações comportamentais positivas

  • Diminuição da agressividade e dominância: cães tornam-se mais tranquilos e tolerantes.

  • Redução de marcação urinária: em mais de 85% dos casos, o comportamento de marcação territorial desaparece.

  • Menor desejo de fuga: a busca por fêmeas no cio é praticamente eliminada.

  • Diminuição de comportamentos sexuais: como montas em pessoas, objetos e outros animais.

  • Maior foco e obediência: o cão se torna mais receptivo a treinamento e comandos.

3. Efeitos neutros e mitos

  • O cão não perde sua personalidade. O temperamento e o instinto protetivo permanecem intactos.

  • A castração não causa depressão nem “tristeza permanente”, como ainda se acredita.

  • A socialização e o vínculo afetivo com o tutor não são afetados — muitos cães tornam-se mais afetuosos e dóceis.

4. Cuidados após a alteração hormonal

  • Ajustar a alimentação: preferir rações “light” ou específicas para cães castrados.

  • Estimular atividade física moderada diária para manter o metabolismo.

  • Evitar recompensas calóricas em excesso durante a fase de adaptação hormonal.

5. Adaptação comportamental

As mudanças comportamentais podem ser percebidas entre 30 e 60 dias após a cirurgia, variando de acordo com a idade e os níveis hormonais prévios.Cães castrados ainda podem exibir comportamento sexual ocasional (monta ou interesse por fêmeas), mas sem estímulo reprodutivo efetivo.

A castração proporciona, portanto, um equilíbrio entre saúde física e estabilidade emocional, reduzindo comportamentos indesejados e prolongando a expectativa de vida em até 2 anos.


Impactos na saúde geral e longevidade

A castração de cães machos está diretamente associada à melhora da qualidade de vida, prevenção de doenças graves e aumento da longevidade. Estudos científicos recentes indicam que cães castrados vivem, em média, 1,5 a 2 anos a mais que cães não castrados, além de apresentarem menores índices de patologias hormonais e reprodutivas.

1. Prevenção de doenças reprodutivas e hormonais

  • Tumores testiculares: eliminados completamente com a remoção dos testículos.

  • Hiperplasia prostática benigna: ocorre em até 80% dos machos não castrados com mais de 7 anos. A castração previne e reverte a condição.

  • Tumores perianais e hérnias perineais: significativamente menos comuns em cães castrados.

  • Orquites e epididimites: infecções testiculares e epididimárias tornam-se inexistentes.

  • TVT (Tumor Venéreo Transmissível): reduzido por evitar contato sexual e reprodução descontrolada.

2. Prevenção de doenças sistêmicas

  • Menor risco de doenças infecciosas: cães castrados tendem a se envolver menos em brigas, reduzindo exposição a ferimentos e contaminações.

  • Controle de obesidade e diabetes: quando acompanhada de dieta e exercícios adequados, a castração favorece o metabolismo estável.

  • Saúde cardiovascular e renal: menor liberação constante de hormônios androgênicos contribui para a preservação das funções vasculares.

3. Aumento da longevidade

Pesquisas publicadas pela American Veterinary Medical Association (AVMA, 2024) e pela Cornell University College of Veterinary Medicine (2025) confirmam que cães castrados vivem mais devido à:

  • Menor incidência de doenças hormonais;

  • Menor risco de acidentes e fugas;

  • Redução de estresse comportamental;

  • Maior estabilidade metabólica.

4. Benefícios indiretos

  • Comportamento equilibrado e previsível, o que facilita o convívio doméstico;

  • Melhor socialização com outros cães e pessoas;

  • Menor necessidade de tratamentos emergenciais relacionados a traumas ou fugas.

A castração é, portanto, um investimento direto em saúde preventiva, capaz de prolongar a vida útil e produtiva do cão com segurança e qualidade.

Mitos e verdades sobre a castração de cães machos

Apesar de ser um dos procedimentos mais realizados na medicina veterinária, a castração ainda é cercada por desinformações.Abaixo estão os principais mitos e verdades, esclarecidos com base em evidências clínicas e comportamentais.

Mito

Verdade científica

“A castração engorda o cão.”

Parcialmente verdadeiro. O metabolismo diminui após a cirurgia, mas o ganho de peso só ocorre se não houver ajuste alimentar e rotina de exercícios.

“O cão perde a masculinidade e a coragem.”

Falso. A castração não altera o instinto de proteção nem a personalidade do animal. Reduz apenas impulsos hormonais ligados à reprodução.

“A castração deixa o cão triste ou deprimido.”

Falso. Cães castrados tornam-se, em geral, mais tranquilos e menos ansiosos. Não há impacto emocional negativo quando recebem estímulo e afeto.

“É melhor deixar o cão cruzar uma vez antes de castrar.”

Falso. Não há benefício físico ou psicológico comprovado em permitir reprodução antes da cirurgia. Pelo contrário, aumenta o risco de doenças prostáticas e tumores.

“Cães castrados ficam preguiçosos.”

Falso. A redução da testosterona diminui a impulsividade, mas não afeta o nível de energia. Atividade física e interação mantêm o vigor normal.

“A castração é cruel.”

Falso. O procedimento é indolor (feito sob anestesia geral), seguro e promove bem-estar a longo prazo. Evita sofrimentos futuros decorrentes de doenças hormonais.

“O cão castrado muda de comportamento de forma drástica.”

Parcialmente verdadeiro. O comportamento relacionado à reprodução (marcações, montas, fugas) diminui, mas o temperamento e a afeição permanecem iguais.

“Castração é apenas para controle populacional.”

Falso. Além do controle populacional, o principal objetivo é prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida.

“O cão não precisará mais de cuidados após castrar.”

Falso. Mesmo castrado, o animal deve continuar com acompanhamento veterinário, vacinas e exames preventivos regulares.

Conclusão

A castração é um procedimento médico preventivo, seguro e eticamente recomendado, com benefícios físicos e comportamentais amplamente comprovados.Quando bem orientado e realizado sob supervisão veterinária, proporciona vida longa, equilibrada e saudável ao cão e contribui para o bem-estar coletivo.


Perguntas Frequentes (FAQ)

Qual é a idade ideal para castrar um cão macho?

A idade ideal depende do porte: cães pequenos podem ser castrados entre 6 e 8 meses, enquanto os grandes devem esperar até 12 a 15 meses, para permitir a maturação óssea completa. Em programas de controle populacional, a castração precoce (a partir dos 4 meses) é possível, desde que o animal esteja saudável.

A castração causa dor?

Não. O procedimento é realizado sob anestesia geral, e o cão não sente dor durante a cirurgia.Após o procedimento, são administrados analgésicos e anti-inflamatórios para garantir conforto total na recuperação.

Quanto tempo dura a cirurgia?

A orquiectomia tem tempo médio de 15 a 30 minutos, dependendo do porte e da técnica cirúrgica (aberta ou fechada). Em casos de criptorquidismo, a cirurgia pode durar até 1 hora.

O que acontece se eu não castrar meu cão?

Cães não castrados têm maior risco de desenvolver tumores testiculares, hiperplasia prostática, infecções genitais e doenças hormonais. Além disso, podem apresentar comportamentos de fuga, marcação territorial e agressividade.

Cães castrados engordam?

A taxa metabólica cai cerca de 15–20% após a castração. O ganho de peso só ocorre se o tutor não ajustar a dieta e a rotina de exercícios. Com alimentação balanceada e caminhadas diárias, o peso permanece estável.

A castração muda a personalidade do cão?

Não. A castração reduz impulsos hormonais, mas não altera a essência, o temperamento ou a afeição. O cão se torna mais tranquilo e focado, mantendo os instintos de guarda e obediência.

Meu cão vai perder o instinto de proteção após a castração?

Não. O instinto de proteção está relacionado à educação e vínculo com o tutor, não à testosterona. Cães castrados continuam vigilantes e protetores, apenas com menor reatividade e ansiedade.

É necessário internar o cão após a cirurgia?

Na maioria dos casos, não. O animal recebe alta no mesmo dia, após a recuperação anestésica completa. Apenas cães idosos ou com doenças pré-existentes podem precisar de observação por 24 horas.

Quanto tempo leva a recuperação total?

A recuperação completa ocorre em 10 a 15 dias. O uso do colar elizabetano é obrigatório nesse período, e o cão deve permanecer em repouso até a retirada dos pontos ou cicatrização total.

O cão pode lamber os pontos cirúrgicos?

Não. Isso é uma das principais causas de infecção e abertura da ferida.O uso do colar elizabetano é indispensável por pelo menos 10 dias.

Como cuidar do local da cirurgia?

  • Observar diariamente a região: leve vermelhidão e inchaço são normais.

  • Não aplicar pomadas, álcool ou antissépticos caseiros.

  • Manter o ambiente limpo e seco.

  • Procurar o veterinário se houver secreção, odor forte ou dor ao toque.

É verdade que cães castrados vivem mais?

Sim. Estudos da Cornell University e da AVMA (2025) mostram que cães castrados vivem em média 2 anos a mais, pois têm menos doenças hormonais e menor risco de acidentes por fugas.

A castração reduz a agressividade?

Sim. Em mais de 80% dos casos, a castração reduz comportamentos agressivos, dominância e brigas entre machos. No entanto, o treinamento e a socialização continuam fundamentais.

Meu cão vai parar de marcar território?

Na maioria dos casos, sim. A marcação urinária diminui ou desaparece em 85% dos cães, especialmente se o procedimento for realizado antes dos 12 meses.

A castração é indicada para todos os cães?

Quase todos se beneficiam, mas cães com doenças cardíacas, renais ou hormonais devem passar por avaliação clínica detalhada. O veterinário definirá o protocolo anestésico e o momento ideal.

O que acontece se um dos testículos não desceu (criptorquidismo)?

Nesses casos, a cirurgia é obrigatória, pois o testículo retido pode desenvolver tumores malignos. O cirurgião faz uma incisão abdominal ou inguinal para removê-lo com segurança.

Posso castrar um cão idoso?

Sim, desde que os exames pré-operatórios (hemograma, função renal e cardíaca) estejam normais. A cirurgia é segura com anestesia balanceada e monitoramento adequado.

A castração é reversível?

Não. A remoção dos testículos é definitiva, impedindo a reprodução permanentemente. Após o procedimento, o corpo se ajusta hormonalmente em 30 a 60 dias.

É verdade que o cão fica mais calmo após a castração?

Sim. A redução da testosterona estabiliza o comportamento, diminuindo ansiedade, marcação e impulsos reprodutivos. O cão tende a ser mais obediente e tranquilo.

A castração traz benefícios para a família e o convívio doméstico?

Com certeza. Cães castrados são mais limpos, equilibrados e fáceis de treinar.O comportamento previsível melhora o convívio em lares com crianças ou outros animais, e o risco de fugas e acidentes reduz drasticamente.


Sources

  • American Veterinary Medical Association (AVMA) – Guidelines for Canine Neutering and Population Control, 2024 Edition

  • Cornell University College of Veterinary Medicine – Canine Reproductive Surgery and Post-Operative Care Manual, 2025

  • World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) – Global Recommendations for Elective Sterilization in Dogs and Cats, 2024

  • Royal Veterinary College (RVC, UK) – Behavioral and Hormonal Effects of Neutering in Male Dogs, 2023

  • Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV – Brasil) – Manual de Castração Ética e Segura em Pequenos Animais, 2025

  • Universidade de São Paulo (USP) – Estudo Comparativo sobre Longevidade e Saúde Pós-Castração em Cães Machos, 2024

  • Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Haritada Aç: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc

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