Castração de Cães Machos Guia
- VetSağlıkUzmanı

- 2 de out.
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Atualizado: 5 de nov.
O que é a castração de cães machos (orquiectomia)
A castração de cães machos, também chamada de orquiectomia, é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção completa dos testículos com o objetivo de interromper permanentemente a capacidade reprodutiva e reduzir os efeitos comportamentais e hormonais associados à testosterona.
É uma das cirurgias mais comuns na medicina veterinária moderna, considerada simples, segura e altamente eficaz quando realizada por profissionais qualificados. O tempo cirúrgico médio varia de 15 a 30 minutos, dependendo do porte e da idade do animal.
Durante a operação, o veterinário realiza uma incisão escrotal ou pré-escrotal, liga os vasos espermáticos e remove ambos os testículos, garantindo hemostasia completa. O animal é submetido à anestesia geral e analgesia adequada, com recuperação rápida e mínima dor pós-operatória.
A castração é indicada tanto por motivos médicos e comportamentais, quanto por razões preventivas de saúde pública, sendo um dos pilares do controle populacional responsável de cães.
Além de prevenir gestações indesejadas, o procedimento contribui diretamente para a redução de doenças hormonais, tumores reprodutivos e comportamentos agressivos, promovendo melhor convivência e qualidade de vida.

Indicações clínicas e benefícios do procedimento
A orquiectomia canina é indicada em uma ampla variedade de contextos clínicos, comportamentais e preventivos. Seu objetivo não é apenas impedir a reprodução, mas garantir saúde, estabilidade hormonal e longevidade ao animal.
1. Indicações clínicas
Prevenção de doenças reprodutivas: evita tumores testiculares, cistos epididimários, orquites e hiperplasia prostática benigna.
Tratamento de tumores hormonodependentes: como adenomas perianais e neoplasias prostáticas iniciais.
Correção de criptorquidismo: em cães com testículos retidos no abdômen ou canal inguinal, onde há alto risco de transformação tumoral.
Controle de doenças dermatológicas hormonais: como alopecia androgênica e seborréia recidivante.
2. Indicações comportamentais
Redução de agressividade e dominância: cães castrados apresentam comportamento mais equilibrado, especialmente em ambientes com outros machos.
Controle de marcação territorial: diminui significativamente o hábito de urinar em objetos e paredes.
Menor tendência a fugas: reduz a busca por fêmeas no cio, prevenindo acidentes e atropelamentos.
Diminuição de comportamentos sexuais indesejados: como monta em pessoas, objetos e outros animais.
3. Benefícios gerais
Melhoria da saúde pública: contribui para o controle populacional e redução de cães errantes.
Prevenção de zoonoses: diminui o risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis entre cães, como o TVT (Tumor Venéreo Transmissível).
Aumento da longevidade: cães castrados vivem, em média, 1,5 a 2 anos a mais do que os não castrados.
Melhor convivência familiar: tornam-se mais tranquilos, obedientes e adaptados à rotina doméstica.
4. Impacto hormonal controlado
A remoção dos testículos reduz a produção de testosterona, mas não altera a identidade comportamental do animal.O cão mantém seus instintos protetivos e personalidade, apenas com menor impulsividade, ansiedade e reatividade.
A castração, portanto, é um procedimento terapêutico e profilático, que melhora não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio emocional e social do cão.

Idade ideal e avaliação pré-operatória
A idade ideal para castração de cães machos varia conforme o porte, a raça e o estado clínico do animal. No entanto, de modo geral, recomenda-se que o procedimento seja realizado entre 6 e 12 meses de idade, quando o cão já atingiu maturidade física suficiente, mas ainda não consolidou os comportamentos relacionados à testosterona.
1. Idade recomendada por porte
Porte | Idade ideal para castração | Justificativa |
Pequeno (até 10 kg) | 6–8 meses | Crescimento precoce e menor risco anestésico. |
Médio (10–25 kg) | 8–10 meses | Desenvolvimento completo e equilíbrio hormonal. |
Grande (25–45 kg) | 10–12 meses | Atrasar um pouco permite maturação óssea completa. |
Gigante (acima de 45 kg) | 12–15 meses | Castração tardia evita alterações ortopédicas e musculares. |
Castrações muito precoces (antes dos 4 meses) devem ser realizadas apenas em programas de controle populacional, pois podem interferir na maturação óssea e endócrina.
2. Avaliação clínica e laboratorial
Antes da cirurgia, o cão deve passar por uma avaliação clínica completa, incluindo:
Exame físico detalhado: ausculta cardíaca e pulmonar, temperatura e verificação de mucosas.
Exames laboratoriais básicos: hemograma, ureia, creatinina e enzimas hepáticas.
Exames complementares: eletrocardiograma e radiografia torácica em cães acima de 6 anos ou com histórico cardíaco.
Histórico de vacinação e vermifugação: devem estar atualizados.
O veterinário também avaliará o estado corporal (Body Condition Score – BCS) e possíveis alterações genéticas ou ortopédicas, garantindo um protocolo anestésico seguro.
3. Classificação de risco anestésico (ASA)
Classe ASA | Descrição | Indicação cirúrgica |
ASA I | Paciente saudável | Procedimento eletivo seguro. |
ASA II | Pequenas alterações fisiológicas (leve sobrepeso, discreta desidratação) | Castração permitida com monitoramento. |
ASA III | Doença sistêmica leve a moderada (insuficiência renal inicial, cardiopatia controlada) | Avaliação individual e protocolo específico. |
ASA IV–V | Doenças graves ou risco de morte | Castração apenas com justificativa médica. |
A correta avaliação pré-operatória reduz em até 90% o risco de complicações anestésicas e hemorrágicas.
Preparação do paciente antes da cirurgia
A preparação pré-operatória é fundamental para garantir anestesia segura, cicatrização adequada e menor risco de infecção.Envolve etapas que começam 24 horas antes da cirurgia e se estendem até o momento da indução anestésica.
1. Jejum alimentar e hídrico
Jejum sólido: 8 a 12 horas antes da cirurgia.
Jejum líquido: suspender água 2 a 3 horas antes do procedimento.
Filhotes: jejum máximo de 4 a 6 horas para evitar hipoglicemia.
2. Condição corporal e hidratação
O cão deve estar em peso ideal, nem obeso nem desnutrido.
A hidratação adequada é essencial — desidratação leve aumenta o risco de hipotensão durante a anestesia.
3. Controle antiparasitário e vacinação
A cirurgia deve ser adiada se o cão não estiver vacinalmente protegido (V8/V10 e antirrábica).
Recomenda-se aplicar antiparasitários internos e externos (como NexGard, Simparic ou Bravecto) 10 dias antes da cirurgia, reduzindo risco de infecções secundárias.
4. Banho e assepsia
O banho pode ser dado 24 a 48 horas antes da cirurgia, com shampoo antisséptico neutro.
No hospital, o cirurgião tricotomiza (raspa) e higieniza a região escrotal com clorexidina degermante, seguida de PVPI alcoólico.
5. Medicações prévias e profilaxia
Antibiótico profilático: geralmente cefalexina ou amoxicilina, administrada 1 hora antes da incisão.
Analgesia preventiva: anti-inflamatórios não esteroidais (meloxicam, carprofeno) e opioides leves (tramadol, butorfanol).
Premedicação ansiolítica: acepromazina ou dexmedetomidina, conforme o protocolo anestésico.
6. Estabilização e cateterização
Antes da anestesia, é colocado cateter intravenoso para administração de fluidos e medicamentos.
O paciente é monitorado continuamente (frequência cardíaca, temperatura e oximetria).
A correta preparação reduz o risco de complicações intraoperatórias e garante uma recuperação mais rápida, segura e com menor desconforto.
Técnica cirúrgica passo a passo (orquiectomia canina)
A orquiectomia canina é um procedimento cirúrgico rotineiro, mas que requer técnica asséptica rigorosa e domínio anatômico para evitar complicações pós-operatórias.O método pode variar conforme a idade e o porte do animal, sendo as técnicas aberta e fechada as mais utilizadas.
1. Posicionamento e antissepsia
O cão é colocado em decúbito dorsal (barriga para cima), com os membros posteriores levemente afastados.
A região escrotal e pré-escrotal é tricotomizada (raspada) e higienizada com clorexidina degermante e PVPI alcoólico.
São colocados campos cirúrgicos estéreis, expondo apenas a área da incisão.
2. Incisão e acesso
Existem duas abordagens principais:
Incisão pré-escrotal: realizada logo à frente do escroto, é a mais usada em cães adultos.
Incisão escrotal direta: mais comum em filhotes, permite acesso rápido e cicatrização natural.
A incisão é feita na pele e no tecido subcutâneo, expondo o funículo espermático e o testículo.
3. Exteriorização e ligadura dos vasos
O testículo é tracionado cuidadosamente até fora da incisão.
O funículo espermático é identificado, e os vasos testiculares e o ducto deferente são separados.
Aplica-se ligadura dupla com fio absorvível (geralmente poliglactina 910 2-0 ou 3-0).
Em cães jovens ou de pequeno porte, pode-se usar a auto-ligadura (técnica sem fio), amarrando manualmente o ducto ao plexo pampiniforme.
4. Hemostasia e remoção
Após a ligadura, o testículo é seccionado distalmente.
O coto é inspecionado para garantir hemostasia completa.
O mesmo procedimento é repetido no testículo contralateral.
5. Fechamento
O fechamento depende do tipo de incisão:
Técnica aberta: fechamento em 2 a 3 camadas (fáscia cremastérica, subcutâneo e pele).
Técnica fechada: geralmente não requer sutura escrotal, permitindo cicatrização por segunda intenção.A sutura cutânea é feita com pontos simples ou intradérmicos, utilizando nylon ou fio absorvível.
6. Tempo cirúrgico
O tempo médio é de 15 a 25 minutos, com sangramento mínimo e recuperação rápida.Em casos de criptorquidismo (testículo não descido), pode ser necessário acesso abdominal e tempo cirúrgico maior.
Cuidados anestésicos e monitoramento intraoperatório
A anestesia é um dos pontos mais importantes da orquiectomia. O controle adequado da dor e o monitoramento contínuo reduzem o estresse fisiológico e garantem segurança máxima durante o procedimento.
1. Protocolo anestésico mais utilizado
O protocolo pode ser adaptado conforme a condição clínica do paciente:
Premedicação (30 minutos antes da indução):
Acepromazina (0,02–0,05 mg/kg IM) ou dexmedetomidina (5 µg/kg IM) — sedativo e ansiolítico.
Tramadol (2–4 mg/kg IM) ou butorfanol (0,2–0,4 mg/kg IM) — analgesia prévia.
Atropina (0,02 mg/kg SC) — reduz secreções e previne bradicardia.
Indução anestésica:
Propofol (4–6 mg/kg IV) ou alfaxalona (2–3 mg/kg IV) — indução suave e rápida.
Após perda do reflexo laríngeo, procede-se à intubação orotraqueal.
Manutenção anestésica:
Isoflurano (1,5–2%) ou Sevoflurano (2–3%) em sistema fechado.
Fluido intravenoso: Ringer Lactato (5 mL/kg/h).
Analgesia intraoperatória:
Meloxicam (0,2 mg/kg SC) ou carprofeno (4 mg/kg SC) — anti-inflamatório não esteroidal.
Bloqueio local com lidocaína (2 mg/kg) no funículo espermático para analgesia regional.
2. Monitoramento dos parâmetros vitais
Durante toda a cirurgia, o anestesista deve acompanhar:
Parâmetro | Valor ideal | Observação clínica |
Frequência cardíaca (FC) | 80–120 bpm | Taquicardia pode indicar dor. |
Frequência respiratória (FR) | 15–30 mov/min | Alterações indicam profundidade anestésica inadequada. |
Temperatura corporal | 37–38,5 °C | Hipotermia é comum; usar manta térmica. |
SpO₂ (saturação de oxigênio) | > 95% | Manter oxigenação constante. |
Pressão arterial média (PAM) | 70–100 mmHg | Evitar hipotensão com fluidos. |
3. Cuidados adicionais
Lubrificação ocular com pomada específica para evitar ressecamento.
Avaliação periódica do plano anestésico, ajustando a concentração do anestésico inalatório conforme reflexos e parâmetros.
Evitar hipoglicemia em filhotes e hipotermia em cães de pequeno porte.
4. Recuperação anestésica
Ao final do procedimento, suspende-se o anestésico inalatório e mantém-se oxigênio por 5 minutos.
O tubo orotraqueal é removido somente após o retorno do reflexo de deglutição.
O animal deve ser mantido em local aquecido, silencioso e sob observação contínua até o completo despertar.
Uma anestesia bem conduzida e monitorada reduz o risco de complicações em mais de 95% dos casos, garantindo uma recuperação tranquila e segura.
Cuidados pós-operatórios imediatos
As primeiras 24 horas após a orquiectomia são decisivas para garantir cicatrização adequada e recuperação segura.O tutor deve seguir rigorosamente as orientações médicas para minimizar o risco de infecções, dor e complicações locais.
1. Ambiente e supervisão
O cão deve permanecer em local calmo, limpo e aquecido, protegido de correntes de ar e ruídos altos.
Evite contato com outros animais até o completo despertar anestésico.
O tutor deve observar respiração, temperatura e comportamento nas primeiras horas. Tremores leves ou sonolência são normais após anestesia.
2. Alimentação
A alimentação pode ser retomada 6 a 8 horas após o procedimento, com pequenas porções e alimentos leves.
Se o cão recusar comida ou apresentar vômitos, ofereça água fresca e aguarde 12 horas antes de nova tentativa.
O retorno à dieta habitual ocorre geralmente no dia seguinte.
3. Controle da dor e inflamação
O manejo da dor é uma prioridade após a cirurgia.
Analgesia oral: medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos devem ser administrados conforme prescrição, normalmente por 3 a 5 dias.
Antibióticos profiláticos: usados por 5 a 7 dias para prevenir infecção (comumente amoxicilina ou cefalexina).
Compressas frias: podem ser aplicadas por 5 minutos, 2 vezes ao dia, nas primeiras 48 horas, para reduzir inchaço e dor.
4. Cuidados com o local cirúrgico
Observar o escroto e a incisão diariamente. É normal leve inchaço ou coloração rosada nos primeiros dias.
Caso apareçam secreção purulenta, odor, dor excessiva ou sangramento contínuo, o tutor deve procurar o veterinário imediatamente.
Não aplicar pomadas ou produtos caseiros sobre o local.
O uso do colar elizabetano é obrigatório por pelo menos 10 dias, evitando lambedura e contaminação da ferida.
5. Restrição de movimentos
O cão deve permanecer em repouso por 7 dias, sem saltos, corridas ou brincadeiras intensas.
Passeios curtos e com guia são permitidos após o terceiro dia, apenas se não houver dor ou inchaço.
A caixa de transporte ou cama deve estar limpa e seca, facilitando a recuperação.
Com esses cuidados, a grande maioria dos cães se recupera sem dor significativa ou complicações, apresentando cicatrização total em cerca de 10 a 14 dias.
Recuperação completa e manejo domiciliar
A recuperação total após a castração depende do cumprimento das orientações médicas e da capacidade de cicatrização individual do animal.A média de recuperação varia de 10 a 15 dias, podendo ser mais rápida em cães jovens e de pequeno porte.
1. Cicatrização
A incisão cirúrgica deve fechar completamente até o 10º dia.
Pontos externos (caso existam) são removidos entre 7 e 12 dias após a cirurgia.
Em suturas internas absorvíveis, o tutor deve apenas monitorar a ferida quanto a secreções ou deiscência (abertura).
Evite banhos até 10 dias após o procedimento.
2. Alimentação e hidratação
Manter dieta leve e de boa qualidade durante a recuperação.
Água fresca deve estar sempre disponível — a desidratação atrasa a cicatrização.
Após a alta, o veterinário pode indicar ração específica pós-cirúrgica ou com propriedades antioxidantes, para favorecer a regeneração tecidual.
3. Atividade física
Após o 7º dia, se a ferida estiver seca e sem dor, pode-se iniciar caminhadas leves.
Atividades intensas (corridas, brincadeiras e saltos) só devem ser retomadas após 15 dias, com liberação veterinária.
Em cães de raças grandes ou ativas, recomenda-se manter a coleira e o colar elizabetano até o completo fechamento.
4. Comportamento
É comum observar redução do impulso sexual e da agressividade gradualmente, nas semanas seguintes.
O cão pode apresentar leve sonolência ou menor apetite nos primeiros 2 dias.
Mudanças comportamentais positivas (menor marcação, menos brigas, mais tranquilidade) se tornam perceptíveis entre 30 e 60 dias após a cirurgia, conforme o nível prévio de testosterona.
5. Revisão veterinária
A reavaliação deve ocorrer entre 7 e 10 dias após a cirurgia, mesmo em casos sem sintomas, para verificar a cicatrização.
Em cães idosos ou com comorbidades, o veterinário pode solicitar nova revisão em 30 dias.
A recuperação completa marca o início de uma fase mais equilibrada da vida do cão — sem riscos reprodutivos, com comportamento mais estável e expectativa de vida aumentada.
Complicações possíveis e como preveni-las
A castração de cães machos é considerada uma cirurgia de baixo risco, mas complicações podem ocorrer se não forem observados os cuidados adequados durante e após o procedimento. Abaixo estão as complicações mais comuns e as medidas de prevenção indicadas.
1. Hemorragia escrotal
Causa: falha na ligadura dos vasos espermáticos ou excesso de movimentação após a cirurgia.
Sinais: aumento do volume escrotal, hematoma ou sangramento persistente.
Prevenção: hemostasia completa durante a cirurgia e repouso absoluto por 7 dias.
Tratamento: compressas frias, anti-inflamatórios e, em casos graves, revisão cirúrgica.
2. Infecção de ferida cirúrgica
Causa: contaminação durante o pós-operatório ou lambedura da incisão.
Sinais: secreção purulenta, odor, vermelhidão intensa e dor local.
Prevenção: uso obrigatório do colar elizabetano, ambiente limpo e antibiótico conforme prescrição.
Tratamento: antibioticoterapia, limpeza local e, em casos severos, drenagem cirúrgica.
3. Seroma (acúmulo de líquido sob a incisão)
Causa: movimentação excessiva ou reação inflamatória local.
Sinais: inchaço sem dor, semelhante a uma “bolha” sob a pele.
Prevenção: repouso e compressas frias nas primeiras 48 horas.
Tratamento: aspiração do líquido ou drenagem, se necessário.
4. Deiscência (abertura dos pontos)
Causa: lambedura, infecção local ou esforço físico precoce.
Sinais: separação das bordas da ferida, sangramento e exposição do tecido subcutâneo.
Prevenção: colar elizabetano e repouso até o 10º dia.
Tratamento: nova sutura e antibióticos.
5. Reação inflamatória escrotal
Causa: resposta do organismo à manipulação cirúrgica.
Sinais: leve edema e coloração avermelhada, normalmente autolimitante.
Prevenção: compressas frias e anti-inflamatórios nos primeiros dias.
6. Criptorquidismo residual (castração incompleta)
Causa: presença de testículo abdominal não identificado no pré-operatório.
Prevenção: exame físico detalhado e, se necessário, ultrassonografia antes da cirurgia.
Tratamento: nova cirurgia para remoção do testículo remanescente.
7. Complicações anestésicas
Causa: sensibilidade individual, erros de dosagem ou doenças pré-existentes não diagnosticadas.
Prevenção: exames pré-operatórios e monitoramento constante.
Tratamento: suporte intensivo (fluido, oxigênio, reversores).
Com protocolos modernos e manejo adequado, a taxa de complicações graves na orquiectomia é inferior a 2%, o que torna o procedimento extremamente seguro.
Alterações hormonais e comportamentais após a castração
A remoção dos testículos reduz drasticamente a produção de testosterona, o principal hormônio sexual masculino. Essa mudança hormonal gera efeitos positivos no comportamento, metabolismo e saúde do cão, mas algumas alterações fisiológicas devem ser monitoradas.
1. Mudanças hormonais
Redução de testosterona: ocorre em até 90% nas primeiras semanas após a cirurgia.
Efeitos metabólicos: o metabolismo basal tende a diminuir cerca de 15–20%, o que pode levar ao ganho de peso se a dieta não for ajustada.
Ajuste fisiológico: o corpo estabiliza a produção de hormônios secundários (LH e FSH) em 30 a 45 dias.
2. Alterações comportamentais positivas
Diminuição da agressividade e dominância: cães tornam-se mais tranquilos e tolerantes.
Redução de marcação urinária: em mais de 85% dos casos, o comportamento de marcação territorial desaparece.
Menor desejo de fuga: a busca por fêmeas no cio é praticamente eliminada.
Diminuição de comportamentos sexuais: como montas em pessoas, objetos e outros animais.
Maior foco e obediência: o cão se torna mais receptivo a treinamento e comandos.
3. Efeitos neutros e mitos
O cão não perde sua personalidade. O temperamento e o instinto protetivo permanecem intactos.
A castração não causa depressão nem “tristeza permanente”, como ainda se acredita.
A socialização e o vínculo afetivo com o tutor não são afetados — muitos cães tornam-se mais afetuosos e dóceis.
4. Cuidados após a alteração hormonal
Ajustar a alimentação: preferir rações “light” ou específicas para cães castrados.
Estimular atividade física moderada diária para manter o metabolismo.
Evitar recompensas calóricas em excesso durante a fase de adaptação hormonal.
5. Adaptação comportamental
As mudanças comportamentais podem ser percebidas entre 30 e 60 dias após a cirurgia, variando de acordo com a idade e os níveis hormonais prévios.Cães castrados ainda podem exibir comportamento sexual ocasional (monta ou interesse por fêmeas), mas sem estímulo reprodutivo efetivo.
A castração proporciona, portanto, um equilíbrio entre saúde física e estabilidade emocional, reduzindo comportamentos indesejados e prolongando a expectativa de vida em até 2 anos.
Impactos na saúde geral e longevidade
A castração de cães machos está diretamente associada à melhora da qualidade de vida, prevenção de doenças graves e aumento da longevidade. Estudos científicos recentes indicam que cães castrados vivem, em média, 1,5 a 2 anos a mais que cães não castrados, além de apresentarem menores índices de patologias hormonais e reprodutivas.
1. Prevenção de doenças reprodutivas e hormonais
Tumores testiculares: eliminados completamente com a remoção dos testículos.
Hiperplasia prostática benigna: ocorre em até 80% dos machos não castrados com mais de 7 anos. A castração previne e reverte a condição.
Tumores perianais e hérnias perineais: significativamente menos comuns em cães castrados.
Orquites e epididimites: infecções testiculares e epididimárias tornam-se inexistentes.
TVT (Tumor Venéreo Transmissível): reduzido por evitar contato sexual e reprodução descontrolada.
2. Prevenção de doenças sistêmicas
Menor risco de doenças infecciosas: cães castrados tendem a se envolver menos em brigas, reduzindo exposição a ferimentos e contaminações.
Controle de obesidade e diabetes: quando acompanhada de dieta e exercícios adequados, a castração favorece o metabolismo estável.
Saúde cardiovascular e renal: menor liberação constante de hormônios androgênicos contribui para a preservação das funções vasculares.
3. Aumento da longevidade
Pesquisas publicadas pela American Veterinary Medical Association (AVMA, 2024) e pela Cornell University College of Veterinary Medicine (2025) confirmam que cães castrados vivem mais devido à:
Menor incidência de doenças hormonais;
Menor risco de acidentes e fugas;
Redução de estresse comportamental;
Maior estabilidade metabólica.
4. Benefícios indiretos
Comportamento equilibrado e previsível, o que facilita o convívio doméstico;
Melhor socialização com outros cães e pessoas;
Menor necessidade de tratamentos emergenciais relacionados a traumas ou fugas.
A castração é, portanto, um investimento direto em saúde preventiva, capaz de prolongar a vida útil e produtiva do cão com segurança e qualidade.
Mitos e verdades sobre a castração de cães machos
Apesar de ser um dos procedimentos mais realizados na medicina veterinária, a castração ainda é cercada por desinformações.Abaixo estão os principais mitos e verdades, esclarecidos com base em evidências clínicas e comportamentais.
Mito | Verdade científica |
“A castração engorda o cão.” | Parcialmente verdadeiro. O metabolismo diminui após a cirurgia, mas o ganho de peso só ocorre se não houver ajuste alimentar e rotina de exercícios. |
“O cão perde a masculinidade e a coragem.” | Falso. A castração não altera o instinto de proteção nem a personalidade do animal. Reduz apenas impulsos hormonais ligados à reprodução. |
“A castração deixa o cão triste ou deprimido.” | Falso. Cães castrados tornam-se, em geral, mais tranquilos e menos ansiosos. Não há impacto emocional negativo quando recebem estímulo e afeto. |
“É melhor deixar o cão cruzar uma vez antes de castrar.” | Falso. Não há benefício físico ou psicológico comprovado em permitir reprodução antes da cirurgia. Pelo contrário, aumenta o risco de doenças prostáticas e tumores. |
“Cães castrados ficam preguiçosos.” | Falso. A redução da testosterona diminui a impulsividade, mas não afeta o nível de energia. Atividade física e interação mantêm o vigor normal. |
“A castração é cruel.” | Falso. O procedimento é indolor (feito sob anestesia geral), seguro e promove bem-estar a longo prazo. Evita sofrimentos futuros decorrentes de doenças hormonais. |
“O cão castrado muda de comportamento de forma drástica.” | Parcialmente verdadeiro. O comportamento relacionado à reprodução (marcações, montas, fugas) diminui, mas o temperamento e a afeição permanecem iguais. |
“Castração é apenas para controle populacional.” | Falso. Além do controle populacional, o principal objetivo é prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida. |
“O cão não precisará mais de cuidados após castrar.” | Falso. Mesmo castrado, o animal deve continuar com acompanhamento veterinário, vacinas e exames preventivos regulares. |
Conclusão
A castração é um procedimento médico preventivo, seguro e eticamente recomendado, com benefícios físicos e comportamentais amplamente comprovados.Quando bem orientado e realizado sob supervisão veterinária, proporciona vida longa, equilibrada e saudável ao cão e contribui para o bem-estar coletivo.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Qual é a idade ideal para castrar um cão macho?
A idade ideal depende do porte: cães pequenos podem ser castrados entre 6 e 8 meses, enquanto os grandes devem esperar até 12 a 15 meses, para permitir a maturação óssea completa. Em programas de controle populacional, a castração precoce (a partir dos 4 meses) é possível, desde que o animal esteja saudável.
A castração causa dor?
Não. O procedimento é realizado sob anestesia geral, e o cão não sente dor durante a cirurgia.Após o procedimento, são administrados analgésicos e anti-inflamatórios para garantir conforto total na recuperação.
Quanto tempo dura a cirurgia?
A orquiectomia tem tempo médio de 15 a 30 minutos, dependendo do porte e da técnica cirúrgica (aberta ou fechada). Em casos de criptorquidismo, a cirurgia pode durar até 1 hora.
O que acontece se eu não castrar meu cão?
Cães não castrados têm maior risco de desenvolver tumores testiculares, hiperplasia prostática, infecções genitais e doenças hormonais. Além disso, podem apresentar comportamentos de fuga, marcação territorial e agressividade.
Cães castrados engordam?
A taxa metabólica cai cerca de 15–20% após a castração. O ganho de peso só ocorre se o tutor não ajustar a dieta e a rotina de exercícios. Com alimentação balanceada e caminhadas diárias, o peso permanece estável.
A castração muda a personalidade do cão?
Não. A castração reduz impulsos hormonais, mas não altera a essência, o temperamento ou a afeição. O cão se torna mais tranquilo e focado, mantendo os instintos de guarda e obediência.
Meu cão vai perder o instinto de proteção após a castração?
Não. O instinto de proteção está relacionado à educação e vínculo com o tutor, não à testosterona. Cães castrados continuam vigilantes e protetores, apenas com menor reatividade e ansiedade.
É necessário internar o cão após a cirurgia?
Na maioria dos casos, não. O animal recebe alta no mesmo dia, após a recuperação anestésica completa. Apenas cães idosos ou com doenças pré-existentes podem precisar de observação por 24 horas.
Quanto tempo leva a recuperação total?
A recuperação completa ocorre em 10 a 15 dias. O uso do colar elizabetano é obrigatório nesse período, e o cão deve permanecer em repouso até a retirada dos pontos ou cicatrização total.
O cão pode lamber os pontos cirúrgicos?
Não. Isso é uma das principais causas de infecção e abertura da ferida.O uso do colar elizabetano é indispensável por pelo menos 10 dias.
Como cuidar do local da cirurgia?
Observar diariamente a região: leve vermelhidão e inchaço são normais.
Não aplicar pomadas, álcool ou antissépticos caseiros.
Manter o ambiente limpo e seco.
Procurar o veterinário se houver secreção, odor forte ou dor ao toque.
É verdade que cães castrados vivem mais?
Sim. Estudos da Cornell University e da AVMA (2025) mostram que cães castrados vivem em média 2 anos a mais, pois têm menos doenças hormonais e menor risco de acidentes por fugas.
A castração reduz a agressividade?
Sim. Em mais de 80% dos casos, a castração reduz comportamentos agressivos, dominância e brigas entre machos. No entanto, o treinamento e a socialização continuam fundamentais.
Meu cão vai parar de marcar território?
Na maioria dos casos, sim. A marcação urinária diminui ou desaparece em 85% dos cães, especialmente se o procedimento for realizado antes dos 12 meses.
A castração é indicada para todos os cães?
Quase todos se beneficiam, mas cães com doenças cardíacas, renais ou hormonais devem passar por avaliação clínica detalhada. O veterinário definirá o protocolo anestésico e o momento ideal.
O que acontece se um dos testículos não desceu (criptorquidismo)?
Nesses casos, a cirurgia é obrigatória, pois o testículo retido pode desenvolver tumores malignos. O cirurgião faz uma incisão abdominal ou inguinal para removê-lo com segurança.
Posso castrar um cão idoso?
Sim, desde que os exames pré-operatórios (hemograma, função renal e cardíaca) estejam normais. A cirurgia é segura com anestesia balanceada e monitoramento adequado.
A castração é reversível?
Não. A remoção dos testículos é definitiva, impedindo a reprodução permanentemente. Após o procedimento, o corpo se ajusta hormonalmente em 30 a 60 dias.
É verdade que o cão fica mais calmo após a castração?
Sim. A redução da testosterona estabiliza o comportamento, diminuindo ansiedade, marcação e impulsos reprodutivos. O cão tende a ser mais obediente e tranquilo.
A castração traz benefícios para a família e o convívio doméstico?
Com certeza. Cães castrados são mais limpos, equilibrados e fáceis de treinar.O comportamento previsível melhora o convívio em lares com crianças ou outros animais, e o risco de fugas e acidentes reduz drasticamente.
Sources
American Veterinary Medical Association (AVMA) – Guidelines for Canine Neutering and Population Control, 2024 Edition
Cornell University College of Veterinary Medicine – Canine Reproductive Surgery and Post-Operative Care Manual, 2025
World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) – Global Recommendations for Elective Sterilization in Dogs and Cats, 2024
Royal Veterinary College (RVC, UK) – Behavioral and Hormonal Effects of Neutering in Male Dogs, 2023
Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV – Brasil) – Manual de Castração Ética e Segura em Pequenos Animais, 2025
Universidade de São Paulo (USP) – Estudo Comparativo sobre Longevidade e Saúde Pós-Castração em Cães Machos, 2024
Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Haritada Aç: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc




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