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Infecções Fúngicas em Cães (Dermatofitose e Malassezia): Causas, Sintomas e Processo de Recuperação

  • Foto do escritor: VetSağlıkUzmanı
    VetSağlıkUzmanı
  • 4 de out.
  • 18 min de leitura

Atualizado: 5 de nov.

O que são as infecções fúngicas em cães

As infecções fúngicas em cães — também chamadas de micoses cutâneas — são doenças causadas por fungos que se instalam na pele, nos pelos, nas orelhas ou nas mucosas do animal. Essas infecções se desenvolvem principalmente quando há desequilíbrio no sistema imunológico, umidade excessiva ou má higiene da pele e do pelo.

Os fungos se alimentam da queratina, uma proteína presente nas camadas superficiais da pele e dos pelos. Ao colonizarem essas áreas, produzem inflamações, crostas, descamações e prurido (coceira). As duas formas mais comuns de infecção fúngica em cães são:

  • Dermatofitose (conhecida como "tinha"), causada por fungos dos gêneros Microsporum e Trichophyton. Essa forma é contagiosa, podendo se espalhar entre cães, gatos e até humanos.

  • Infecção por leveduras do gênero Malassezia, mais comum em cães com pele oleosa, alergias ou otites recorrentes. A Malassezia pachydermatis é um fungo comensal da pele que, sob certas condições, prolifera excessivamente e causa inflamação.

Essas doenças variam de leve a severa e exigem diagnóstico precoce para evitar complicações e disseminação. Cães com orelhas longas e dobradas, como o Cocker Spaniel, ou com dobras de pele acentuadas, como o Bulldog Inglês, são especialmente suscetíveis.

O diagnóstico e o tratamento corretos são fundamentais não apenas para restaurar a saúde da pele, mas também para prevenir a transmissão entre animais e humanos.


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Tipos de fungos que afetam os cães (Dermatófitos e Malassezia)

Existem dois grandes grupos de fungos responsáveis pelas infecções fúngicas em cães: os dermatófitos, que colonizam o pelo e a pele, e as leveduras do gênero Malassezia, que se desenvolvem em ambientes úmidos e ricos em gordura cutânea.

1. Dermatófitos (fungos produtores de “tinha”)

Esses fungos invadem as camadas superficiais da pele, pelos e unhas. São responsáveis pela maioria das micoses contagiosas. Os principais agentes são:

  • Microsporum canis – o mais comum e também transmissível para humanos. Causa lesões circulares com crostas secas e alopecia central.

  • Microsporum gypseum – encontrado no solo; a infecção ocorre quando o cão cava ou se deita em terra contaminada.

  • Trichophyton mentagrophytes – transmitido por roedores e outros animais silvestres, produz lesões mais inflamadas e dolorosas.

As infecções por dermatófitos geralmente resultam em áreas de queda de pelo (alopecia), crostas e coceira leve. O risco de contágio é alto, principalmente em casas com vários animais.

2. Leveduras do gênero Malassezia

A Malassezia pachydermatis é um fungo comensal, ou seja, normalmente vive na pele dos cães sem causar problemas. Contudo, quando há umidade excessiva, alergias, uso prolongado de antibióticos ou doenças endócrinas (como hipotireoidismo), ocorre crescimento descontrolado.

A infecção por Malassezia é mais comum em:

  • Orelhas (causando otite externa fúngica com odor forte e secreção marrom)

  • Dobras de pele (principalmente em raças braquicefálicas)

  • Região interdigital e abdômen

Os sintomas incluem odor desagradável, secreção oleosa, prurido intenso e vermelhidão. Embora não seja contagiosa como a dermatofitose, a infecção por Malassezia tende a ser crônica e recidivante se não forem tratadas as causas primárias, como alergias ou desequilíbrios hormonais.

Fungal infection transmitted from a pet to a human
Infecção fúngica transmitida de um animal de estimação para um humano

Causas e fatores de risco das infecções fúngicas

As infecções fúngicas em cães surgem quando há desequilíbrio entre o sistema imunológico do animal e o ambiente em que ele vive. Os fungos são micro-organismos oportunistas — estão presentes no solo, no ar e até na pele dos próprios animais, mas só causam doença quando encontram condições favoráveis à proliferação.

1. Umidade e falta de ventilação:Ambientes quentes, úmidos e com pouca circulação de ar são ideais para o crescimento de fungos. Cães que vivem em locais com piso úmido, como varandas ou quintais mal drenados, estão mais expostos à infecção.

2. Higiene inadequada:A falta de banhos regulares e a escovação insuficiente acumulam oleosidade, sujeira e células mortas — nutrientes que alimentam os fungos. Raças com dobras cutâneas, como o Bulldog Francês, acumulam umidade e secreções, tornando-se alvos frequentes.

3. Doenças de base e imunossupressão:Cães com doenças hormonais (como hipotireoidismo ou síndrome de Cushing) produzem mais oleosidade na pele, alterando o pH cutâneo e favorecendo a proliferação fúngica.O uso prolongado de corticosteroides e antibióticos também compromete a microbiota natural da pele e reduz a imunidade.

4. Alergias de pele (dermatite atópica):Cães alérgicos coçam-se com frequência, provocando microlesões na pele que servem como porta de entrada para fungos oportunistas, especialmente Malassezia pachydermatis.

5. Contato com solo e animais infectados:A dermatofitose é altamente contagiosa. A simples convivência com outro cão infectado ou o contato com objetos contaminados (escovas, cobertores, brinquedos) pode causar a infecção. Em parques e pet shops, o risco é ainda maior.

6. Fatores genéticos e predisposição racial:Algumas raças apresentam características que favorecem a infecção, como alta densidade de glândulas sebáceas ou acúmulo de umidade em regiões corporais específicas.

7. Estresse e má alimentação:O estresse crônico e dietas pobres em nutrientes enfraquecem o sistema imunológico, reduzindo a capacidade natural do corpo de controlar o crescimento fúngico.

Em suma, a infecção fúngica não é causada apenas pelo contato com o fungo, mas pela combinação de fatores ambientais, imunológicos e genéticos. O controle eficaz depende de higiene adequada, nutrição balanceada e monitoramento veterinário regular.

Patchy hair loss after fungal recovery (alopecia)
Calvície localizada após a recuperação de infecção fúngica (alopecia)

Raças caninas mais predispostas às infecções fúngicas (tabela)

Certas raças de cães apresentam predisposição natural para infecções fúngicas devido à estrutura da pele, densidade de pelos ou anatomia das orelhas. A tabela abaixo resume as raças mais suscetíveis e os fatores que aumentam o risco:

Raça Canina

Fator Predisponente

Nível de Suscetibilidade

Cocker Spaniel

Orelhas longas e fechamento do canal auditivo, favorecendo umidade e proliferação de Malassezia

Muito Alta

Bulldog Inglês e Francês

Dobras cutâneas que acumulam calor, umidade e secreções

Alta

Golden Retriever

Pele oleosa e tendência a dermatites alérgicas

Alta

Shar Pei

Múltiplas dobras cutâneas e excesso de sebo

Muito Alta

Labrador Retriever

Excesso de oleosidade, predisposição à dermatite seborréica

Alta

Basset Hound

Orelhas pesadas e pouco ventiladas, predisposição à otite fúngica

Alta

Poodle

Pelagem densa e enrolada, com acúmulo de umidade após banhos

Moderada

Chow Chow

Pelagem dupla espessa e tendência a dermatite úmida

Moderada a Alta

Dachshund (Teckel)

Contato constante com o solo e tendência a dermatite de contato

Moderada

Cães sem raça definida (SRD)

Exposição a múltiplos ambientes e ausência de cuidados regulares

Variável / Alta

Essas raças exigem atenção redobrada em relação à limpeza, secagem pós-banho, controle de oleosidade e prevenção de otites. O tutor deve realizar inspeções semanais na pele e nas orelhas, especialmente em climas quentes e úmidos.


Sintomas e manifestações clínicas das infecções fúngicas em cães

Os sintomas das infecções fúngicas em cães variam conforme o tipo de fungo envolvido, a extensão das lesões e o estado imunológico do animal. A dermatofitose (Microsporum e Trichophyton) apresenta um padrão diferente da infecção por Malassezia, mas ambas causam desconforto e inflamação cutânea.

1. Lesões circulares e perda de pelo (alopecia)Na dermatofitose, surgem áreas arredondadas sem pelos, com bordas vermelhas e descamação central. Essas lesões aparecem principalmente na cabeça, nas orelhas, nas patas dianteiras e no dorso. Com o tempo, podem se multiplicar e coalescer, formando placas extensas.

2. Coceira e irritação da peleA coceira (prurido) é mais intensa em infecções por Malassezia, pois a levedura libera substâncias inflamatórias que causam ardência e desconforto. Os cães esfregam o corpo no chão ou se mordem constantemente, agravando as lesões.

3. Odor forte e secreção oleosaInfecções por Malassezia pachydermatis produzem odor característico semelhante a gordura rançosa. A pele torna-se pegajosa, oleosa e pode adquirir coloração marrom ou amarelada. É comum nas dobras da pele, nas orelhas e na região interdigital.

4. Crostas e descamaçãoA presença de crostas secas e escamas finas é típica da dermatofitose. Essas crostas contêm grande quantidade de esporos fúngicos, sendo altamente contagiosas.

5. Inflamação das orelhas (otite externa fúngica)A Malassezia é frequentemente associada a otite externa. Os sintomas incluem secreção marrom escura, mau cheiro, coceira intensa e dor à manipulação da orelha. O canal auditivo pode ficar inchado e avermelhado.

6. Alterações nas unhas e nas patasEm infecções mais graves, pode ocorrer onicomicose, com unhas quebradiças e deformadas. As patas apresentam ressecamento e descamação entre os dedos.

7. Sinais sistêmicos (em casos severos)Quando o fungo penetra em camadas mais profundas, o cão pode apresentar febre baixa, letargia, perda de apetite e irritabilidade. Esses sinais são mais comuns em animais imunocomprometidos.

O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações e contaminação de outros animais, já que a dermatofitose é altamente transmissível por simples contato ou pelo ambiente.

Diagnóstico das infecções fúngicas caninas

O diagnóstico preciso é indispensável para determinar o tipo de fungo e escolher o tratamento correto. O veterinário combina avaliação clínica, exames laboratoriais e testes específicos para confirmar a presença do agente fúngico.

1. Avaliação clínica inicial:O exame físico identifica o padrão e a localização das lesões. Lesões circulares com crostas ou secreção oleosa sugerem infecção fúngica. No entanto, como os sintomas podem se confundir com alergias ou parasitas, exames complementares são sempre necessários.

2. Lâmpada de Wood:A luz ultravioleta revela fluorescência verde-amarelada característica de Microsporum canis. É um teste rápido, indolor e muito útil para triagem, embora apenas metade dos casos positivos apresente fluorescência.

3. Raspado de pele e exame microscópico (tricograma):Amostras de pelos e crostas são coletadas e observadas ao microscópio. A presença de hifas e esporos aderidos aos pelos confirma a infecção fúngica.

4. Cultura micológica:É o exame de referência. O material coletado é colocado em meio de cultura seletivo (como DTM – Dermatophyte Test Medium). Após 7 a 14 dias, o crescimento do fungo e sua coloração permitem identificar a espécie (Microsporum, Trichophyton, Malassezia etc.).

5. Exame citológico:Usado principalmente em casos de otite ou dermatite por Malassezia. A amostra é obtida com um cotonete ou fita adesiva e, sob o microscópio, revelam-se as leveduras em formato de “grão de amendoim”.

6. Teste de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase):Método moderno e altamente sensível que identifica o DNA fúngico em poucas horas. É útil em casos crônicos ou de difícil diagnóstico.

7. Diagnóstico diferencial:É importante descartar outras doenças dermatológicas semelhantes, como sarna sarcóptica, demodicose, piodermite bacteriana e dermatite alérgica.

Com base nesses exames, o veterinário confirma o agente causador e define o plano terapêutico ideal — que pode incluir antifúngicos tópicos, sistêmicos e medidas de controle ambiental.


Tratamento e medicamentos antifúngicos utilizados

O tratamento das infecções fúngicas em cães exige abordagem combinada: terapia tópica, antifúngicos orais e controle rigoroso do ambiente. A duração média do tratamento é de 6 a 12 semanas, podendo se estender em casos crônicos ou recorrentes.

1. Tratamento tópico (uso externo):A aplicação direta de antifúngicos na pele tem como objetivo eliminar os esporos superficiais e reduzir a transmissão. É indicada em todos os casos, inclusive os leves.

Os produtos mais utilizados incluem:

  • Xampus antifúngicos contendo miconazol, clorexidina ou enilconazol, usados 2 a 3 vezes por semana. Devem ser deixados em contato com a pele por 10 a 15 minutos antes do enxágue.

  • Soluções e sprays antifúngicos à base de cetoconazol ou enilconazol, aplicados nas áreas afetadas após o banho.

  • Pomadas tópicas com clotrimazol, econazol ou terbinafina, eficazes para lesões localizadas.

O tutor deve evitar produtos humanos, pois muitos contêm substâncias tóxicas (como corticoides e fragrâncias artificiais) que irritam a pele do cão.

2. Tratamento sistêmico (uso oral):Nos casos moderados a graves, é essencial o uso de antifúngicos orais para eliminar o fungo presente nos folículos pilosos e nas camadas profundas da epiderme.

Os medicamentos mais utilizados são:

  • Itraconazol – é o antifúngico de escolha pela eficácia e segurança. Dose média: 5 mg/kg/dia, por 4 a 8 semanas.

  • Cetoconazol – alternativa eficaz, mas com maior risco de toxicidade hepática. Requer exames de sangue periódicos.

  • Fluconazol – indicado em casos de otites e infecções por Malassezia, com boa penetração em tecidos úmidos.

  • Griseofulvina – usada em dermatofitoses resistentes, mas contraindicada em fêmeas gestantes e cães com doença hepática.

  • Terbinafina – antifúngico moderno, seguro e de ação prolongada, eficaz contra Malassezia pachydermatis.

A escolha do medicamento depende da espécie fúngica identificada e do histórico clínico do cão. O veterinário deve ajustar a dose conforme a resposta e monitorar a função hepática e renal durante o tratamento.

3. Controle ambiental:O sucesso terapêutico depende de medidas rigorosas de desinfecção. Os esporos fúngicos podem sobreviver até 18 meses no ambiente.Recomendações:

  • Desinfetar pisos e superfícies com hipoclorito de sódio (1:10).

  • Lavar roupas e cobertores com água quente e sabão neutro.

  • Aspirar tapetes e sofás diariamente, descartando o conteúdo do aspirador.

  • Evitar contato de outros animais com o cão infectado até a cura confirmada.

A adesão completa ao protocolo garante uma taxa de cura superior a 90%, reduzindo significativamente o risco de recidiva.

Cuidados domiciliares e duração da recuperação

Durante o tratamento, o tutor tem papel fundamental na recuperação do cão. A infecção fúngica requer rotina disciplinada de higiene, acompanhamento e observação diária da pele e do comportamento do animal.

1. Higiene e isolamento:O cão infectado deve permanecer em um local limpo, seco e bem ventilado. É essencial evitar o contato com outros animais e crianças até a confirmação da cura. Lençóis, cobertores e brinquedos devem ser lavados frequentemente.

2. Banhos terapêuticos:Os banhos com xampus antifúngicos ajudam a remover esporos e secreções, diminuindo a carga fúngica. A frequência deve ser indicada pelo veterinário — geralmente 2 vezes por semana. Após o banho, é importante secar completamente o pelo, especialmente em raças com pelagem densa.

3. Alimentação equilibrada e reforço imunológico:A dieta influencia diretamente na resistência do organismo. Alimentos ricos em ômega 3, zinco, vitamina E e biotina fortalecem a pele e aceleram a regeneração. Suplementos imunomoduladores podem ser usados em cães idosos ou debilitados.

4. Monitoramento das lesões:As lesões costumam apresentar melhora visível entre 3 e 4 semanas, com redução da coceira e crescimento de novos pelos. No entanto, a recuperação completa só é confirmada após exames laboratoriais negativos (geralmente duas culturas consecutivas).

5. Cuidados com o tutor:A dermatofitose é zoonótica, portanto o tutor deve utilizar luvas ao aplicar medicamentos e lavar as mãos após o contato. Em casos de infecção por Malassezia, o risco de contágio humano é baixo, mas a higiene ainda é essencial.

6. Tempo médio de recuperação:

  • Casos leves: 4 a 6 semanas.

  • Casos moderados: 6 a 10 semanas.

  • Casos graves ou recorrentes: até 4 meses.

7. Revisões veterinárias:O veterinário deve acompanhar o caso a cada 15 dias para reavaliar o progresso e ajustar a medicação. A liberação do animal para o convívio normal ocorre apenas após a cura clínica e laboratorial.

Com tratamento completo e cuidados domiciliares adequados, a maioria dos cães se recupera sem sequelas, apresentando regeneração total da pelagem e restauração da saúde cutânea.


Complicações e prognóstico da doença

As infecções fúngicas em cães, apesar de geralmente superficiais, podem evoluir para quadros graves se não forem diagnosticadas e tratadas de forma adequada. O prognóstico é, na maioria dos casos, favorável — mas depende diretamente da adesão ao tratamento e da condição imunológica do animal.

1. Complicações dermatológicas locaisOcorrem quando o fungo permanece ativo por tempo prolongado, causando inflamação crônica e destruição parcial dos folículos pilosos. Isso pode levar à alopecia permanente, espessamento da pele e formação de crostas persistentes. Cães com dobras cutâneas acentuadas, como o Shar Pei e o Bulldog Francês, tendem a desenvolver dermatite úmida recorrente.

2. Infecções bacterianas secundáriasAs lesões abertas e a coceira intensa facilitam a entrada de bactérias oportunistas, resultando em piodermite (infecção purulenta da pele). Essa complicação causa dor, mau odor e secreção, exigindo tratamento antibiótico adicional.

3. Disseminação sistêmica (casos raros)Em cães imunodeprimidos — por exemplo, com síndrome de Cushing, diabetes mellitus ou em tratamento prolongado com corticoides —, o fungo pode ultrapassar a barreira cutânea e atingir órgãos internos, provocando micoses sistêmicas. Nesses casos, os sintomas incluem febre, apatia, perda de peso e tosse. O tratamento é prolongado e requer antifúngicos sistêmicos de alto custo.

4. Otite crônica por MalasseziaA infecção fúngica das orelhas pode tornar-se crônica se não for tratada corretamente. O canal auditivo sofre inflamação constante, levando à espessamento do tecido e perda parcial da audição.

5. Zoonose e reinfecção ambientalA dermatofitose causada por Microsporum canis é zoonótica — ou seja, pode ser transmitida a humanos. Se o ambiente não for devidamente desinfetado, o fungo pode permanecer ativo por até 18 meses, causando reinfecções contínuas entre cães e tutores.

Prognóstico geral:O prognóstico é excelente em cães saudáveis e com tratamento completo. A taxa de cura ultrapassa 90% quando há adesão ao protocolo médico e higienização ambiental adequada. No entanto, em cães com doenças hormonais ou imunossupressoras, o tratamento pode durar até 4 a 6 meses e requer acompanhamento laboratorial frequente.

Medidas preventivas e higiene ambiental

A prevenção das infecções fúngicas em cães é baseada em higiene, nutrição adequada e controle ambiental. Como os esporos fúngicos são altamente resistentes, as medidas de limpeza devem ser contínuas e rigorosas, especialmente em casas com múltiplos animais.

1. Manutenção da higiene corporal:

  • Dar banhos regulares com xampus neutros ou antifúngicos, especialmente em cães de pele oleosa ou com histórico de dermatites.

  • Secar completamente o animal após o banho, evitando a retenção de umidade nas dobras da pele e entre os dedos.

  • Escovar a pelagem com frequência para remover pelos mortos e sujeira.

2. Higiene do ambiente:

  • Lavar e desinfetar semanalmente as camas, cobertores e brinquedos com água quente e sabão neutro.

  • Desinfetar superfícies, pisos e tapetes com hipoclorito de sódio diluído (1 parte de água sanitária para 10 partes de água).

  • Usar aspirador com filtro HEPA diariamente para remover esporos e pelos contaminados.

  • Garantir boa ventilação e incidência de luz solar, que ajudam a inibir o crescimento fúngico.

3. Controle de novos animais e visitas:Cães recém-adotados ou vindos de abrigos devem passar por quarentena preventiva de 14 dias. Durante esse período, o veterinário pode realizar exame com lâmpada de Wood ou cultura micológica para descartar infecção ativa.

4. Alimentação e fortalecimento do sistema imunológico:A dieta é parte fundamental da prevenção. Alimentos ricos em vitaminas A, E, C, zinco e ácidos graxos ômega-3 fortalecem a pele e aumentam a resistência natural contra fungos e bactérias.

5. Prevenção de otites fúngicas:Limpar as orelhas semanalmente com produtos otológicos recomendados pelo veterinário. É importante evitar o uso de cotonetes ou produtos caseiros (como álcool e vinagre), que irritam o canal auditivo.

6. Monitoramento periódico:Cães com histórico de infecção fúngica devem ser avaliados a cada 6 meses. A vigilância contínua evita recidivas e reduz o risco de contaminação de outros animais.

7. Educação do tutor:O tutor deve reconhecer os sinais precoces da infecção — como coceira, odor anormal e descamação — e buscar atendimento veterinário imediato. A detecção precoce é a melhor estratégia para evitar a disseminação.

A prevenção eficaz é resultado da combinação entre higiene, imunidade e responsabilidade do tutor. Ambientes limpos e rotinas de cuidado adequadas são as melhores defesas contra as infecções fúngicas em cães.


Responsabilidade do tutor e acompanhamento veterinário

O tutor tem papel essencial no controle e na cura das infecções fúngicas em cães. O sucesso do tratamento depende não apenas dos medicamentos, mas também da dedicação diária e da colaboração ativa entre o tutor e o veterinário.

1. Cumprimento rigoroso do tratamento:A principal causa de recaídas é a interrupção precoce da medicação. Mesmo quando as lesões parecem curadas, o fungo pode permanecer ativo em camadas mais profundas da pele. O tutor deve seguir a posologia indicada, respeitar horários e não suspender o uso dos antifúngicos sem autorização veterinária.

2. Acompanhamento clínico periódico:Durante o tratamento, o veterinário deve avaliar a evolução das lesões, ajustar doses e verificar possíveis efeitos colaterais. Exames laboratoriais (como hemogramas e testes hepáticos) são recomendados a cada 3–4 semanas, principalmente em cães tratados com antifúngicos sistêmicos.A cura clínica só é confirmada após duas culturas micológicas negativas consecutivas — e o tratamento deve continuar até essa confirmação laboratorial.

3. Higiene ambiental e biossegurança:O tutor é responsável por manter o ambiente limpo, seco e desinfetado. Tapetes, mantas e brinquedos devem ser lavados semanalmente.Durante o período de tratamento, o cão infectado deve ser isolado de outros animais e de pessoas imunossuprimidas, especialmente crianças e idosos.

4. Comunicação constante com o veterinário:Qualquer reação adversa (como vômito, diarreia, apatia ou coceira intensa) deve ser relatada imediatamente. O veterinário pode ajustar a dose ou trocar o medicamento, evitando complicações hepáticas e digestivas.

5. Responsabilidade ética e social:Como as infecções por Microsporum canis são zoonóticas, o tutor tem o dever de proteger a saúde de todos os membros da casa. Isso inclui informar familiares sobre o risco de contágio e seguir corretamente as orientações de isolamento.Além disso, não é ético levar o cão infectado a pet shops, parques ou locais públicos até a cura completa — medida essencial para conter a disseminação.

6. Reforço da imunidade e cuidados gerais:Fornecer uma dieta equilibrada, manter o calendário de vacinas e vermifugação em dia e evitar o estresse são atitudes que fortalecem a resposta imunológica e reduzem o risco de recidiva.

O acompanhamento próximo e o comprometimento do tutor são o elo que garante a cura definitiva, a prevenção de novas infecções e a proteção de todos ao redor.

Diferenças entre infecções fúngicas em cães e em gatos

Embora cães e gatos possam sofrer com infecções fúngicas, existem diferenças marcantes entre as espécies quanto à origem, evolução, contágio e resposta ao tratamento. A tabela a seguir resume essas distinções:

Aspecto

Cães

Gatos

Agentes principais

Microsporum canis, Trichophyton mentagrophytes, Malassezia pachydermatis

Microsporum canis, Trichophyton mentagrophytes, Malassezia pachydermatis

Frequência das infecções

Menos comum que em gatos, mas mais associada a fatores ambientais e alérgicos

Mais frequente, especialmente em gatos jovens e de pelo longo

Transmissibilidade

A dermatofitose é contagiosa, mas o risco de transmissão entre cães e humanos é moderado

Altamente contagiosa; Microsporum canis é zoonótico e pode infectar pessoas com facilidade

Sintomas predominantes

Lesões circulares, coceira intensa, odor forte e secreção oleosa (casos de Malassezia)

Lesões pequenas, descamação e coceira leve; muitos gatos são portadores assintomáticos

Localização típica das lesões

Cabeça, orelhas, tronco e dobras cutâneas

Rosto, orelhas, patas e cauda

Resposta ao tratamento

Geralmente rápida, mas exige controle ambiental rigoroso

Mais lenta, devido à densidade da pelagem e ao risco de recidiva

Risco zoonótico

Moderado, principalmente em crianças e imunossuprimidos

Elevado, com alta capacidade de transmissão para humanos

Prognóstico

Favorável, com cura total em 4–10 semanas

Favorável, mas requer maior tempo de acompanhamento (6–12 semanas)

Além dessas diferenças clínicas, há distinções no comportamento ambiental dos fungos. Em cães, as infecções costumam estar relacionadas à falta de higiene, umidade e desequilíbrio imunológico; em gatos, o contágio ocorre principalmente por contato direto entre animais.

O tratamento, em essência, é semelhante — combinando terapia tópica, antifúngicos sistêmicos e limpeza ambiental. No entanto, a adesão ao tratamento tende a ser mais desafiadora em gatos, por questões comportamentais.

Compreender essas diferenças é fundamental para veterinários e tutores, garantindo medidas preventivas adequadas e controle efetivo da doença em ambas as espécies.


Perguntas Frequentes sobre Infecções Fúngicas em Cães

O que causa as infecções fúngicas em cães?

As infecções fúngicas são causadas por fungos microscópicos que se multiplicam na pele, nos pelos ou nas orelhas dos cães. Os principais agentes são Microsporum canis, Trichophyton mentagrophytes (dermatófitos) e Malassezia pachydermatis (levedura). Elas se desenvolvem em ambientes úmidos, mal ventilados e com acúmulo de sujeira ou oleosidade.

As infecções fúngicas em cães são contagiosas para humanos?

Sim, especialmente as causadas por Microsporum canis, conhecidas como dermatofitose (ou “tinha”). É uma zoonose, o que significa que pode ser transmitida a pessoas, principalmente crianças, idosos e indivíduos com imunidade baixa. Já as infecções por Malassezia não são contagiosas para humanos.

Quais são os sintomas mais comuns de infecção fúngica em cães?

Os sinais típicos incluem queda de pelo em áreas circulares, crostas, descamação, coceira, odor forte e secreção oleosa. Nas orelhas, pode haver inflamação e odor intenso — característico da otite fúngica. Em casos avançados, surgem espessamento da pele e feridas dolorosas.

Como confirmar o diagnóstico?

O diagnóstico deve ser feito por um veterinário por meio de exames específicos, como a lâmpada de Wood (detecção de fluorescência), raspado de pele com microscopia, cultura micológica e citologia. O exame citológico é essencial em casos de Malassezia, pois revela as leveduras típicas em formato de “grão de amendoim”.

Qual o tratamento indicado para infecções fúngicas em cães?

O tratamento combina antifúngicos tópicos (xampus, pomadas ou sprays) e orais (como itraconazol, fluconazol ou terbinafina). A duração depende da gravidade — variando de 6 a 12 semanas. Além disso, a limpeza e desinfecção ambiental são indispensáveis para evitar reinfecções.

Quanto tempo leva para o cão se recuperar totalmente?

Casos leves se resolvem em 4 a 6 semanas; os moderados, em 8 a 10 semanas; e os graves, em até 4 meses. O tratamento deve continuar até que duas culturas laboratoriais consecutivas apresentem resultado negativo, garantindo a eliminação completa do fungo.

Posso usar remédios caseiros no tratamento?

Não. Substâncias como vinagre, álcool ou óleos essenciais podem irritar a pele e piorar o quadro. Somente produtos formulados para uso veterinário garantem segurança e eficácia.

Como devo cuidar do ambiente durante o tratamento?

Limpe o local onde o cão vive diariamente, utilizando água sanitária diluída (1:10) ou desinfetantes antifúngicos. Aspire pisos e tapetes com filtro HEPA, lave cobertores e brinquedos com água quente e mantenha boa ventilação e luz solar.

Outros animais da casa podem ser infectados?

Sim. Cães e gatos que convivem no mesmo ambiente podem se contaminar, principalmente em casos de dermatofitose. O ideal é manter o animal infectado isolado até o fim do tratamento e higienizar todos os utensílios de uso compartilhado.

Meu cão pode ter infecção fúngica nas orelhas?

Sim, e é uma das formas mais comuns de Malassezia pachydermatis. A otite fúngica causa secreção marrom escura, odor intenso, coceira e dor. O tratamento envolve limpeza otológica e uso de antifúngicos tópicos e orais.

A infecção fúngica causa dor ao cão?

Na maioria dos casos, há coceira e irritação, mas não dor intensa. Contudo, infecções avançadas ou com infecção bacteriana secundária podem causar feridas dolorosas e sensibilidade ao toque.

A doença pode voltar após o tratamento?

Sim, se o tratamento for interrompido precocemente ou se o ambiente continuar contaminado. A reinfecção é comum em casas onde a limpeza e a secagem dos objetos não são feitas de forma adequada.

Como evitar que a infecção volte?

Mantenha boa higiene, escove o cão regularmente, dê banhos com produtos adequados e seque bem após o banho. Cães de pele oleosa ou com dobras devem receber atenção especial. Reforçar a imunidade com boa alimentação também é fundamental.

Todas as raças têm o mesmo risco de infecção fúngica?

Não. Raças com dobras cutâneas, pele oleosa ou orelhas longas — como Cocker Spaniel, Bulldog, Shar Pei e Basset Hound — são mais suscetíveis. Cães de pelo longo e grosso também retêm mais umidade e devem ser escovados com frequência.

A infecção fúngica pode causar queda permanente de pelos?

Em casos leves, o pelo volta a crescer normalmente. Porém, infecções prolongadas ou mal tratadas podem danificar os folículos pilosos e causar alopecia permanente em áreas específicas.

As infecções fúngicas podem afetar órgãos internos?

Raramente. Em cães imunossuprimidos, o fungo pode disseminar-se e atingir órgãos como pulmões e fígado, causando micoses sistêmicas. Esses casos exigem tratamento prolongado e acompanhamento intensivo.

A infecção fúngica é mais comum em cães jovens ou idosos?

Filhotes e cães idosos são mais vulneráveis, pois têm o sistema imunológico menos eficiente. Também são mais afetados cães com doenças hormonais, como hipotireoidismo e Cushing.

O veterinário precisa acompanhar o caso com frequência?

Sim. As consultas de reavaliação são essenciais para monitorar a resposta ao tratamento, ajustar doses e realizar exames de controle. O retorno é normalmente feito a cada 15 dias nas primeiras 8 semanas.

É seguro conviver com um cão infectado?

Sim, desde que sejam adotadas medidas de higiene e isolamento adequadas. Use luvas ao aplicar medicamentos, lave as mãos após o contato e evite o contato direto com lesões visíveis.

Existe vacina contra infecções fúngicas em cães?

Não existe vacina eficaz disponível atualmente. A melhor forma de prevenção é a higiene, o controle da umidade e o fortalecimento do sistema imunológico.

A alimentação influencia na prevenção?

Sim. Uma dieta rica em proteínas de alta qualidade, ácidos graxos ômega 3 e antioxidantes naturais fortalece a pele e melhora a resistência natural contra fungos.

Quais são os sinais de melhora?

Diminuição da coceira, desaparecimento do odor, redução da oleosidade e crescimento de novos pelos nas áreas afetadas. Mesmo após a melhora visível, o tratamento deve continuar até a confirmação laboratorial da cura.


Sources

  • American Veterinary Medical Association (AVMA)

  • European Society of Veterinary Dermatology (ESVD)

  • Cornell University College of Veterinary Medicine

  • World Small Animal Veterinary Association (WSAVA)

  • Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Haritada Aç: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc

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