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Piometra Felina – Sintomas, Diagnóstico, Tratamento, Cirurgia e Cuidados Pós-Operatórios - piometra em gatas

  • Foto do escritor: VetSağlıkUzmanı
    VetSağlıkUzmanı
  • 3 de out.
  • 26 min de leitura

Atualizado: 5 de nov.

O que é a piometra em gatas

A piometra felina é uma das enfermidades mais graves que podem afetar o sistema reprodutivo das gatas não castradas. Trata-se de uma infecção uterina supurativa, isto é, uma inflamação acompanhada pelo acúmulo de pus dentro do útero. O termo “piometra” vem do grego — pyo (pus) e metra (útero) — e descreve precisamente a natureza destrutiva da condição.

Durante o ciclo estral (cio), o útero da gata sofre alterações hormonais controladas principalmente pela progesterona. Esse hormônio estimula o espessamento do endométrio e reduz as contrações uterinas, preparando o útero para uma possível gestação. Quando a gestação não ocorre e esse processo se repete por vários ciclos, o ambiente uterino torna-se ideal para a proliferação bacteriana.

As bactérias, normalmente vindas do trato intestinal — especialmente Escherichia coli — conseguem ascender pela vagina e colonizar o útero. O resultado é a formação de um ambiente fechado, úmido e rico em nutrientes, que favorece a multiplicação bacteriana e o acúmulo de secreções purulentas.

A doença é observada com maior frequência em gatas adultas de meia-idade ou idosas, principalmente naquelas que nunca tiveram filhotes ou foram submetidas repetidamente a medicamentos hormonais para inibir o cio. Embora possa ocorrer em qualquer idade após a puberdade, o risco aumenta significativamente após os 5 anos.

Clinicamente, a piometra representa uma emergência médica veterinária. Sem tratamento imediato, pode evoluir rapidamente para septicemia, falência renal e morte. Em muitos casos, a gata chega à clínica já em estado de prostração, desidratada e com sinais sistêmicos graves.

Além dos riscos diretos, a infecção compromete outros órgãos, como fígado e rins, devido à liberação de toxinas bacterianas na corrente sanguínea. É por isso que o diagnóstico precoce e a intervenção cirúrgica rápida são cruciais para a sobrevivência da paciente.

Outra característica importante é que a doença não apresenta sintomas específicos nos estágios iniciais, o que torna o reconhecimento difícil para os tutores. Por isso, qualquer mudança comportamental — como apatia, recusa alimentar, aumento da sede ou abdômen distendido — deve ser considerada um sinal de alerta.

Do ponto de vista médico, a piometra pode ser aberta ou fechada, dependendo do estado do colo do útero. Na forma aberta, o pus é expelido através da vagina, o que facilita o diagnóstico. Já na forma fechada, o conteúdo permanece retido no útero, aumentando o risco de ruptura e peritonite. Essa classificação será abordada em detalhe na próxima seção.

A compreensão do que é a piometra e de como ela se desenvolve é essencial para reconhecer a urgência do tratamento. Trata-se de uma patologia evitável, mas extremamente perigosa quando negligenciada. A prevenção — por meio da castração cirúrgica — continua sendo a medida mais segura e eficaz para proteger a saúde e a vida das gatas.

Piometra Felina – Sintomas, Diagnóstico, Tratamento, Cirurgia e Cuidados Pós-Operatórios - piometra em gatas
Tratamento de escolha: Ovariohisterectomia (OVH)

Causas e fatores de risco da piometra felina

A origem da piometra está intimamente ligada à interação entre fatores hormonais, infecciosos e anatômicos. A doença não surge de forma repentina; ela é o resultado de uma sequência de eventos fisiológicos que, ao longo do tempo, criam condições ideais para a infecção uterina.

1. Influência hormonal da progesterona

Durante o diestro — fase do ciclo reprodutivo pós-cio — os níveis de progesterona permanecem elevados por 30 a 60 dias. Esse hormônio tem duas funções principais: manter o útero fechado e preparar o endométrio para a gestação. Contudo, quando não há prenhez, a exposição repetida à progesterona faz com que o revestimento uterino se torne anormalmente espesso (hiperplasia endometrial cística). Isso gera acúmulo de secreções e impede a eliminação natural de bactérias.

Além disso, a progesterona reduz a contratilidade do útero e o torna menos capaz de expelir agentes infecciosos. Essa combinação de fatores cria um ambiente favorável ao crescimento bacteriano, especialmente de E. coli, a bactéria mais comumente isolada em casos de piometra.

2. Infecção bacteriana ascendente

As bactérias chegam ao útero por via ascendente, migrando da região anal para a vulva e vagina. Durante o cio, o colo uterino se abre, permitindo a entrada desses micro-organismos. Quando o ciclo termina e o colo volta a se fechar, as bactérias podem ficar “presas” dentro do útero, iniciando a infecção.

O sistema imunológico da gata normalmente consegue eliminar pequenas quantidades de bactérias, mas em animais sob forte influência hormonal, com idade avançada ou submetidos a anticoncepcionais, a resposta imune é insuficiente.

3. Uso inadequado de anticoncepcionais hormonais

O uso de anticoncepcionais injetáveis para “evitar o cio” é uma das causas mais frequentes da piometra em gatas domésticas. Esses medicamentos, geralmente à base de acetato de medroxiprogesterona ou megestrol, prolongam o efeito da progesterona e favorecem a degeneração endometrial.O uso repetido ou sem acompanhamento veterinário multiplica o risco de infecção uterina e também aumenta a probabilidade de tumores mamários.

4. Ciclos estrais não férteis consecutivos

Cada ciclo reprodutivo sem gestação deixa o útero mais suscetível à inflamação. O tecido endometrial sofre degeneração cumulativa, perdendo sua capacidade de defesa e tornando-se um ambiente propício à colonização bacteriana.

5. Idade e imunossupressão

Gatas idosas, imunodeprimidas ou com doenças sistêmicas (como diabetes mellitus e doença renal crônica) são mais vulneráveis à piometra. O declínio da função imune compromete a barreira natural contra infecções uterinas.

6. Fatores anatômicos e ambientais

Higiene inadequada, convivência em ambientes fechados e acasalamentos com machos infectados podem aumentar a carga bacteriana e predispor à infecção uterina.

Em resumo, a piometra é o resultado de uma combinação entre desequilíbrio hormonal prolongado e contaminação bacteriana.A compreensão desses fatores é fundamental para a prevenção, principalmente por meio da castração precoce e da orientação correta dos tutores.

piometra em gatas

Sintomas e sinais clínicos da piometra em gatas

Os sintomas da piometra em gatas podem variar amplamente conforme o estágio da infecção, a idade do animal e se o colo do útero está aberto ou fechado. Em muitos casos, os sinais iniciais são sutis e confundem-se com alterações comportamentais comuns após o cio, o que frequentemente atrasa o diagnóstico e compromete o prognóstico.

A doença progride de forma silenciosa nas primeiras fases, mas rapidamente evolui para uma condição crítica quando não tratada. Reconhecer os sinais clínicos precoces é fundamental para salvar a vida da paciente.

Sinais gerais observados nas fases iniciais

  • Apatia e letargia: a gata torna-se menos ativa, busca locais escuros e evita interações.

  • Perda de apetite (anorexia): um dos sintomas mais precoces; pode evoluir para inanição.

  • Aumento da sede (polidipsia) e da urina (poliúria): causados pelas toxinas bacterianas que afetam os rins.

  • Febre leve a moderada: geralmente superior a 39,5 °C, embora em casos sépticos possa haver hipotermia.

  • Desidratação: evidenciada por mucosas secas e pele com turgor reduzido.

Sinais específicos da piometra aberta

Quando o colo do útero permanece aberto, há drenagem do conteúdo purulento para o exterior. O tutor pode observar:

  • Corrimento vaginal purulento, esverdeado ou avermelhado, de odor fétido e persistente.

  • Lambedura excessiva da vulva, levando a irritação local.

  • Diminuição gradual do volume abdominal conforme o pus é expelido.

Nessa forma, o diagnóstico tende a ser mais rápido, pois a presença do corrimento é um indício evidente de infecção uterina. Mesmo assim, a gata pode apresentar febre e sinais de intoxicação sistêmica.

Sinais específicos da piometra fechada

Na forma fechada, o colo uterino permanece totalmente selado, impedindo a drenagem do pus. Isso torna o quadro muito mais grave e perigoso:

  • Aumento abrupto do abdômen, com sensibilidade extrema à palpação.

  • Ausência de corrimento vaginal, o que dificulta a percepção do problema.

  • Sinais de dor intensa, relutância em se mover e respiração ofegante.

  • Vômitos e diarreia severa devido à absorção de toxinas.

  • Choque séptico e colapso circulatório em estágios avançados.

A piometra fechada pode causar ruptura do útero, liberando pus e bactérias na cavidade abdominal, o que resulta em peritonite séptica — uma condição potencialmente fatal.

Sinais laboratoriais e sistêmicos

Durante o exame clínico e laboratorial, o veterinário geralmente observa:

  • Leucocitose marcada, com aumento de neutrófilos e presença de bastonetes.

  • Aumento da ureia e creatinina, indicando sobrecarga renal.

  • Elevação das enzimas hepáticas (ALT, AST) devido à toxemia.

  • Desbalanço eletrolítico, com hipocalemia e acidose metabólica.

Essas alterações confirmam o impacto sistêmico da doença. É importante destacar que, mesmo após a cirurgia, muitos desses parâmetros demoram dias para normalizar.

Importância da observação do tutor

Gatas são mestres em mascarar sinais de dor, o que dificulta a detecção precoce da piometra. Por isso, qualquer comportamento anormal — recusa alimentar, isolamento, aumento da sede ou descarga vaginal — deve motivar uma consulta veterinária imediata.

O reconhecimento precoce dos sintomas pode ser a diferença entre uma recuperação tranquila e uma condição irreversível.

Tipos de piometra: aberta e fechada

A classificação da piometra em aberta e fechada é fundamental para determinar a gravidade do caso, o risco de complicações e o plano de tratamento. Essa distinção baseia-se no estado do colo do útero (cérvix) — a “porta” que conecta o útero à vagina.

Piometra aberta

Na forma aberta, o colo do útero permanece parcialmente dilatado, permitindo a saída de secreções purulentas. Embora seja uma infecção grave, a drenagem espontânea de pus impede o acúmulo excessivo dentro do útero e reduz o risco de ruptura.

Características principais:

  • Corrimento vaginal visível (esverdeado, amarelado ou com sangue).

  • Odor fétido característico.

  • Abdômen levemente distendido, mas não tenso.

  • Estado geral do animal pode variar de moderado a grave.

  • Diagnóstico facilitado por exame clínico e ultrassonografia.

O tratamento mais indicado continua sendo a ovariohisterectomia de emergência, acompanhada de antibioticoterapia e fluidoterapia.

Piometra fechada

Na forma fechada, o colo do útero está totalmente selado, impedindo a drenagem do conteúdo infeccioso. Isso faz com que o pus se acumule rapidamente dentro do útero, distendendo suas paredes e elevando o risco de ruptura.

Características clínicas:

  • Ausência total de corrimento vaginal.

  • Abdômen distendido, tenso e doloroso à palpação.

  • Febre alta, taquicardia e taquipneia.

  • Toxemia intensa e sinais de choque séptico.

  • Em casos críticos, colapso circulatório e morte.

A piometra fechada é considerada uma emergência cirúrgica absoluta, e qualquer atraso no tratamento aumenta exponencialmente o risco de óbito.

Comparativo clínico resumido

Tipo de Piometra

Presença de Corrimento

Risco de Ruptura

Diagnóstico

Gravidade

Aberta

Sim, visível e fétido

Baixo a moderado

Relativamente fácil

Moderada a grave

Fechada

Não há corrimento

Muito alto

Mais difícil

Extremamente grave

Independentemente do tipo, ambas as formas de piometra exigem intervenção veterinária imediata. O tratamento clínico isolado raramente é eficaz, e a cirurgia continua sendo a única medida capaz de eliminar completamente o foco infeccioso.

A compreensão dessas diferenças permite ao tutor e ao médico-veterinário estabelecer o grau de urgência e tomar decisões rápidas para salvar a vida da gata.

Piometra Felina – Sintomas, Diagnóstico, Tratamento, Cirurgia e Cuidados Pós-Operatórios - piometra em gatas
piometra em gatas

Diagnóstico da piometra em gatas

O diagnóstico da piometra em gatas exige um olhar clínico atento e uma combinação de exames laboratoriais e de imagem. Trata-se de uma enfermidade que, nos estágios iniciais, pode ser facilmente confundida com outras condições uterinas ou abdominais, como gravidez, mucometra, neoplasias ou até distúrbios gastrointestinais. Por isso, a abordagem diagnóstica deve ser meticulosa e sistemática.

1. Anamnese detalhada

O primeiro passo é a coleta de informações sobre o histórico reprodutivo da gata. O veterinário deve investigar:

  • Idade e número de cios anteriores;

  • Uso de anticoncepcionais hormonais;

  • Histórico de acasalamentos ou pseudociese;

  • Presença de corrimento vaginal, alterações comportamentais ou apatia recente.

Geralmente, as gatas acometidas apresentam sintomas de fraqueza, anorexia e aumento da sede cerca de duas a quatro semanas após o cio. Esse intervalo temporal é um indício valioso, pois coincide com a fase de maior influência da progesterona.

2. Exame físico

Durante o exame clínico, observam-se sinais de:

  • Desidratação moderada a severa, mucosas pálidas e temperatura corporal alterada;

  • Aumento abdominal, sensível à palpação;

  • Descarga vaginal purulenta (na forma aberta);

  • Dor ao toque abdominal, especialmente na região posterior.

Nos casos de piometra fechada, o útero distendido pode ser palpável como uma massa tubular na cavidade abdominal, embora nem sempre seja perceptível em gatas obesas.

3. Hemograma e perfil bioquímico

O hemograma completo é um dos principais pilares diagnósticos. Costuma revelar:

  • Leucocitose acentuada, com neutrofilia e desvio à esquerda;

  • Anemia normocítica e normocrômica, associada à inflamação crônica;

  • Aumento da ureia e creatinina, indicando disfunção renal secundária à toxemia;

  • Hiperglobulinemia e hipoalbuminemia, reflexo da resposta inflamatória sistêmica.

Esses parâmetros ajudam a avaliar o estado geral da paciente e a gravidade do quadro séptico.

4. Exames de imagem

A ultrassonografia abdominal é o método de escolha para confirmar o diagnóstico.O útero afetado aparece aumentado e repleto de conteúdo anecogênico ou heterogêneo, frequentemente com paredes espessadas e dilatação das cornos uterinos.

A radiografia abdominal também pode ser útil, revelando uma estrutura tubular alongada na cavidade abdominal, mas tem menor sensibilidade, especialmente em casos de piometra inicial.

5. Exame microbiológico

Em casos selecionados, a secreção vaginal pode ser coletada para cultura bacteriana e antibiograma. Isso auxilia na escolha do antibiótico mais eficaz, principalmente no pós-operatório.

6. Diagnóstico diferencial

Devem ser considerados:

  • Gestação (diferenciável por ultrassom);

  • Mucometra ou hidrometra;

  • Tumores uterinos;

  • Doenças gastrointestinais obstrutivas;

  • Peritonite infecciosa felina (PIF).

O diagnóstico conclusivo de piometra é obtido pela associação entre sinais clínicos, exames laboratoriais e imagem ultrassonográfica. Quanto mais precoce a identificação, maior a chance de um resultado positivo após o tratamento.

Tratamento cirúrgico (ovariohisterectomia) da piometra felina

O tratamento definitivo da piometra em gatas é cirúrgico, e consiste na remoção completa do útero e dos ovários — procedimento conhecido como ovariohisterectomia. Essa intervenção elimina a infecção e previne recidivas, sendo considerada o padrão-ouro no manejo da doença.

1. Indicações e urgência

A cirurgia deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico, uma vez que a piometra é uma emergência médica. Qualquer atraso pode permitir que a infecção progrida para sepse e falência múltipla de órgãos.

O procedimento é indicado para todos os casos confirmados, independentemente de o útero estar aberto ou fechado. O tratamento médico conservador, com antibióticos e prostaglandinas, é reservado apenas a gatas jovens destinadas à reprodução e sob supervisão intensiva — porém, mesmo nesses casos, a taxa de recidiva é superior a 60%.

2. Preparação pré-operatória

Antes da cirurgia, a paciente deve ser estabilizada com fluidoterapia intravenosa, antibióticos de amplo espectro e, se necessário, terapia de suporte hepático e renal.Os objetivos principais são:

  • Corrigir desidratação e distúrbios eletrolíticos;

  • Reduzir a carga bacteriana sistêmica;

  • Diminuir o risco anestésico;

  • Estabilizar parâmetros hemodinâmicos.

A monitoração pré-anestésica inclui temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e parâmetros renais.

3. Técnica cirúrgica

O procedimento é realizado sob anestesia geral inalatória ou intravenosa. Após incisão abdominal ventral, o útero é cuidadosamente exteriorizado para evitar ruptura.

  • As artérias ovarianas e uterinas são ligadas e seccionadas, garantindo controle hemorrágico.

  • O útero infectado é removido em bloco com os ovários.

  • O abdômen é lavado com solução salina morna e o fechamento é feito em múltiplas camadas.

Durante a cirurgia, deve-se evitar compressão excessiva do útero distendido, pois isso pode causar extravasamento de pus e contaminação abdominal.

4. Pós-operatório imediato

Após o procedimento, a gata deve permanecer em observação por pelo menos 24 a 48 horas. As medidas incluem:

  • Antibioticoterapia sistêmica (cefalosporinas ou fluoroquinolonas) por 10 a 14 dias;

  • Analgesia multimodal (opioides e anti-inflamatórios não esteroides);

  • Fluidoterapia contínua para suporte renal;

  • Alimentação leve e fracionada após 12 horas;

  • Colar elizabetano e limpeza da ferida cirúrgica com antisséptico.

5. Possíveis complicações intra e pós-operatórias

As principais complicações incluem:

  • Hemorragia durante a cirurgia;

  • Ruptura uterina com peritonite;

  • Infecção de ferida cirúrgica;

  • Anorexia e letargia prolongadas;

  • Recidiva de infecção em casos de remoção incompleta de tecido ovariano.

Com manejo adequado, a taxa de mortalidade pós-operatória é inferior a 10%, e a recuperação completa ocorre entre 10 e 20 dias.

6. Alternativas médicas (uso restrito)

Embora o tratamento cirúrgico seja o mais eficaz, alguns casos podem ser manejados clinicamente com:

  • Antibióticos de largo espectro (amoxicilina + ácido clavulânico, enrofloxacina);

  • Prostaglandinas (PGF2α) para induzir contrações uterinas e evacuar o conteúdo purulento;

  • Antiprogestágenos (aglepristona) para bloquear o efeito hormonal.

No entanto, essa abordagem é arriscada, exige monitoramento hospitalar constante e raramente resulta em cura definitiva.

Em síntese, a ovariohisterectomia é o tratamento que salva a vida da gata e evita complicações fatais. Além de eliminar a infecção, garante que a doença não volte a ocorrer, representando também um ato preventivo contra outros distúrbios hormonais e tumores reprodutivos.


Cuidados pós-operatórios após a cirurgia de piometra

O período pós-operatório da piometra felina é uma fase crítica que determina o sucesso do tratamento e a recuperação completa da paciente. Embora a cirurgia de ovariohisterectomia elimine a infecção uterina, o organismo da gata ainda precisa lidar com os efeitos sistêmicos da sepse, da anestesia e da perda de fluidos.

Os cuidados pós-operatórios devem ser meticulosos, contínuos e adaptados ao estado clínico de cada paciente. O acompanhamento veterinário próximo é essencial nas primeiras 72 horas, período em que complicações são mais prováveis.

1. Hospitalização inicial e monitoramento

Após a cirurgia, a gata deve permanecer internada sob observação por pelo menos 24 a 48 horas. Durante esse tempo, o veterinário monitora:

  • Temperatura corporal;

  • Frequência cardíaca e respiratória;

  • Nível de hidratação e diurese;

  • Mucosas e tempo de preenchimento capilar;

  • Aspecto da ferida cirúrgica.

A monitoração constante permite detectar precocemente sinais de infecção, hemorragia ou choque séptico residual.

2. Antibióticos e controle da infecção

A antibioticoterapia deve ser mantida por 10 a 14 dias, geralmente com fármacos de amplo espectro. As opções mais utilizadas incluem:

  • Amoxicilina + ácido clavulânico;

  • Cefalexina;

  • Enrofloxacina;

  • Ceftriaxona (em casos graves).

A dose e a duração variam conforme o peso, idade e função renal do animal. O tratamento deve ser completo, mesmo que a gata aparente melhora nos primeiros dias.

3. Analgesia e anti-inflamatórios

O controle da dor é indispensável. A analgesia multimodal combina:

  • Opioides (tramadol, buprenorfina) para dor intensa;

  • Anti-inflamatórios não esteroides (meloxicam, carprofeno), usados com cautela em pacientes com função renal comprometida.

A dor não tratada interfere na recuperação, reduz o apetite e aumenta o estresse fisiológico.

4. Fluidoterapia e suporte nutricional

A reidratação intravenosa continua sendo essencial nas primeiras 24 horas após a cirurgia. Soluções isotônicas, como Ringer Lactato ou NaCl 0,9%, são administradas para restaurar o equilíbrio eletrolítico.

Quando a gata retoma o apetite, a dieta deve ser:

  • Rica em proteínas de alta digestibilidade;

  • Pobre em gordura;

  • Servida em pequenas porções várias vezes ao dia.

Suplementos com aminoácidos, vitaminas do complexo B e antioxidantes podem acelerar a recuperação hepática e renal.

5. Cuidados com a ferida cirúrgica

O local da incisão deve ser inspecionado diariamente.

  • Mantenha-o limpo, seco e sem secreção;

  • Use antissépticos tópicos como clorexidina diluída;

  • Evite lambeduras com o colar elizabetano.

Os pontos costumam ser removidos entre o 10º e o 14º dia, dependendo da cicatrização. Caso haja inchaço, vermelhidão ou secreção, o veterinário deve ser imediatamente consultado.

6. Reavaliações periódicas

O acompanhamento clínico deve ocorrer:

  • Após 48 horas da alta;

  • Na remoção dos pontos;

  • Duas semanas após a cirurgia para avaliação final.

O veterinário poderá solicitar exames laboratoriais de controle, especialmente se a gata apresentava comprometimento renal antes do procedimento.

O sucesso pós-operatório depende não apenas da cirurgia, mas da disciplina do tutor em seguir as orientações médicas e garantir um ambiente limpo, tranquilo e livre de estresse.

Prognóstico e tempo de recuperação das gatas com piometra

O prognóstico da piometra felina é geralmente favorável quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento cirúrgico é executado a tempo. Contudo, o desfecho clínico depende de múltiplos fatores, como o tipo de piometra (aberta ou fechada), a idade da paciente, o estado dos rins e o grau de septicemia no momento da intervenção.

1. Fatores que influenciam o prognóstico

  • Tempo de evolução da doença: quanto mais cedo o tratamento, melhor o resultado. Casos atendidos nas primeiras 48 horas de sintomas têm taxa de sobrevivência superior a 95%.

  • Tipo de piometra: a forma aberta apresenta prognóstico mais positivo que a fechada, devido à menor pressão intrauterina e menor risco de ruptura.

  • Condição renal e hepática: a presença de azotemia ou alterações hepáticas agrava o quadro e prolonga o tempo de recuperação.

  • Resposta ao tratamento pré e pós-operatório: o controle rápido da infecção sistêmica melhora a vitalidade e reduz complicações.

2. Tempo médio de recuperação

A recuperação completa costuma levar entre 10 e 20 dias. No entanto, em casos de sepse severa, pode se estender por até 30 dias.

Durante esse período, é normal observar:

  • Diminuição gradual da sede excessiva;

  • Retorno do apetite em 3 a 5 dias;

  • Recuperação do peso corporal após duas semanas;

  • Normalização das funções renais em até 20 dias.

Gatas idosas ou debilitadas necessitam de acompanhamento prolongado, com exames de sangue periódicos para monitorar função renal e hepática.

3. Prognóstico reservado em casos graves

Quando a gata chega à clínica em estado avançado — com ruptura uterina, peritonite ou choque séptico — o prognóstico é reservado a desfavorável. Mesmo com cirurgia e suporte intensivo, as chances de mortalidade podem chegar a 40%.

Contudo, em clínicas equipadas com monitoramento anestésico e terapia intensiva adequada, a maioria das pacientes sobrevive e recupera-se totalmente.

4. Importância do diagnóstico precoce

Estudos mostram que o intervalo entre o aparecimento dos sintomas e o tratamento é o fator isolado mais determinante para a sobrevida. Cada dia de atraso aumenta significativamente o risco de falência renal e complicações sistêmicas.

Por isso, a conscientização dos tutores é parte essencial do controle da doença. O conhecimento sobre os sinais de alerta e a procura imediata por atendimento veterinário são medidas que salvam vidas.

Em resumo, o prognóstico da piometra é excelente quando o tratamento é precoce, a cirurgia é segura e o pós-operatório é bem conduzido. Gatas curadas dessa condição geralmente retomam a vitalidade e qualidade de vida em poucas semanas.


Possíveis complicações da piometra felina

Mesmo com diagnóstico e tratamento adequados, a piometra felina é uma condição de risco elevado. O acúmulo de pus e a disseminação bacteriana podem causar complicações graves, tanto antes quanto depois da cirurgia. Algumas delas são potencialmente fatais se não forem tratadas de forma imediata e agressiva.

1. Ruptura uterina e peritonite séptica

A complicação mais temida é a ruptura do útero, que libera o conteúdo purulento na cavidade abdominal. Essa contaminação resulta em peritonite séptica, um quadro inflamatório agudo e sistêmico.Os sintomas incluem:

  • Abdômen extremamente doloroso e distendido;

  • Vômitos contínuos;

  • Respiração ofegante;

  • Hipotermia e colapso circulatório.

Sem cirurgia de emergência e suporte intensivo (fluidoterapia e antibióticos intravenosos), o prognóstico é altamente desfavorável.

2. Sepse e falência de múltiplos órgãos

Durante a evolução da piometra, as toxinas bacterianas entram na corrente sanguínea, desencadeando sepse sistêmica.Essa resposta inflamatória descontrolada leva à disfunção de órgãos vitais — principalmente rins, fígado e coração.Os sinais incluem mucosas pálidas, pulso fraco, hipotensão e taquicardia.

A sepse representa a principal causa de morte em casos avançados de piometra não tratados a tempo.

3. Insuficiência renal aguda

As bactérias e toxinas liberadas pela infecção uterina afetam diretamente os néfrons, reduzindo a capacidade de filtração renal. Isso explica a azotemia (elevação da ureia e creatinina) frequentemente observada nos exames.Mesmo após a cirurgia, algumas gatas podem desenvolver lesão renal permanente, necessitando de tratamento de suporte por semanas.

4. Alterações hepáticas

A infecção e a resposta inflamatória sistêmica sobrecarregam o fígado, resultando em elevação das enzimas hepáticas (ALT, AST, ALP) e icterícia em casos graves. O fígado pode perder temporariamente a capacidade de metabolizar fármacos, o que exige ajustes na medicação pós-operatória.

5. Anemia e distúrbios hematológicos

A inflamação prolongada e a hemorragia interna podem levar a anemia de doença crônica e redução de plaquetas (trombocitopenia). Essas alterações aumentam o risco de sangramento durante e após a cirurgia.

6. Infecção de ferida cirúrgica

Em alguns casos, especialmente quando o útero se rompe durante o procedimento, pode ocorrer infecção secundária na incisão abdominal. O manejo inclui drenagem, limpeza local e antibioticoterapia direcionada.

7. Recidiva da infecção (piometra de coto uterino)

Se fragmentos de tecido uterino ou ovárico permanecerem após a cirurgia, pode ocorrer uma nova infecção chamada piometra de coto. É uma complicação rara, mas grave, e exige nova intervenção cirúrgica.

Em síntese, as complicações da piometra felina são sérias e reforçam a importância de um diagnóstico precoce, de uma cirurgia bem executada e de um acompanhamento pós-operatório rigoroso. Quanto mais rápida a intervenção, menores são os riscos de sequelas irreversíveis.

Prevenção da piometra em gatas (castração e acompanhamento veterinário)

A prevenção é a estratégia mais eficaz e segura contra a piometra felina. Embora a doença possa ser tratada, os riscos e custos associados à cirurgia de emergência tornam a castração preventiva uma opção incomparavelmente mais segura.

1. Castração cirúrgica (ovariohisterectomia preventiva)

A castração remove os ovários e o útero, eliminando completamente o risco de infecção uterina. O procedimento é simples, rápido e, quando realizado em animais jovens e saudáveis, apresenta recuperação muito mais fácil do que uma cirurgia emergencial.

O momento ideal é entre 5 e 8 meses de idade, antes do primeiro cio.Os benefícios da castração precoce incluem:

  • Prevenção total da piometra;

  • Redução de até 90% no risco de tumores mamários;

  • Diminuição de comportamentos indesejados ligados ao cio (miados, marcação de território, fuga);

  • Maior longevidade e qualidade de vida.

Gatas castradas vivem, em média, de 2 a 3 anos a mais que as não castradas.

2. Evitar o uso de anticoncepcionais hormonais

O uso de anticoncepcionais injetáveis ou em comprimidos é uma das principais causas de piometra. Esses medicamentos alteram o equilíbrio hormonal e provocam degeneração do útero, além de aumentar o risco de tumores mamários e cistos ovarianos.Por isso, devem ser totalmente evitados como método contraceptivo em felinos.

3. Acompanhamento veterinário regular

Consultas periódicas permitem identificar alterações uterinas antes que evoluam para infecção.Durante os check-ups, o veterinário pode solicitar:

  • Exames de sangue e ultrassonografia abdominal;

  • Avaliação hormonal (em gatas reprodutoras);

  • Monitoramento pós-cio em animais não castrados.

A prevenção é especialmente importante em gatas idosas, que apresentam maior vulnerabilidade imunológica e hormonal.

4. Educação e conscientização dos tutores

A maioria dos casos de piometra ocorre por desinformação dos tutores, que acreditam que castrar a gata “tira sua feminilidade” ou “faz engordar”. Essas crenças são mitos.A castração, além de prevenir doenças graves, melhora o comportamento e o bem-estar do animal.

5. Ambiente limpo e manejo reprodutivo responsável

Manter um ambiente higiênico, com caixa de areia limpa e alimentação equilibrada, reduz o risco de contaminação bacteriana e infecções genitais secundárias.

Em resumo, a piometra é uma enfermidade totalmente evitável. Com castração precoce, exames regulares e informação adequada, as gatas podem viver longas vidas livres de dor, infecção e risco de morte.


Piometra em gatas jovens e idosas: diferenças clínicas

A piometra pode acometer gatas de qualquer idade após a maturidade sexual, mas existem diferenças marcantes entre os casos observados em animais jovens e os que ocorrem em fêmeas idosas. Essas diferenças influenciam não apenas o diagnóstico, mas também a gravidade, a resposta ao tratamento e o prognóstico final.

1. Gatas jovens (menos de 3 anos)

A piometra em gatas jovens é relativamente rara, mas pode ocorrer, especialmente em animais que:

  • Foram submetidos a tratamentos hormonais para inibir o cio;

  • Sofrem de anomalias congênitas uterinas;

  • Possuem infecções vaginais recorrentes;

  • Ou vivem em ambientes com alta carga bacteriana.

Nessas pacientes, o útero ainda possui boa capacidade de contração e o sistema imunológico é mais ativo. Por isso, a infecção tende a se desenvolver de forma mais aguda e agressiva, com febre alta, corrimento purulento intenso e rápida deterioração clínica.

O diagnóstico, nesses casos, costuma ser mais direto, pois o corrimento vaginal e a dor abdominal são evidentes. Entretanto, o risco de choque séptico precoce é maior, já que a resposta imunológica exagerada pode levar à liberação maciça de toxinas na circulação.

Apesar da gravidade, o prognóstico é excelente quando o tratamento cirúrgico é rápido e o suporte pós-operatório é bem conduzido.

2. Gatas adultas de meia-idade (3 a 7 anos)

Essa faixa etária representa a maior incidência de piometra felina.As alterações hormonais repetidas, combinadas a múltiplos ciclos estrais não férteis, causam espessamento progressivo do endométrio e predispõem à infecção.

Essas gatas geralmente apresentam a forma aberta da piometra, com corrimento visível e evolução mais lenta, o que facilita o diagnóstico.Nessa fase, o tratamento cirúrgico ainda oferece excelentes resultados e recuperação completa em poucos dias.

3. Gatas idosas (acima de 7 anos)

A piometra em gatas idosas é mais comum e mais perigosa. Com o avanço da idade, o útero torna-se menos elástico, a musculatura uterina perde tônus e o sistema imunológico enfraquece.

Além disso, doenças concomitantes — como doença renal crônica, diabetes mellitus e hipertensão — tornam a paciente menos resistente e elevam o risco anestésico.Nesses animais, a forma fechada da piometra é mais frequente, dificultando o diagnóstico precoce.

Os sintomas podem ser sutis, como perda de apetite leve ou letargia discreta, e só se tornam evidentes quando o útero já está gravemente distendido.A cirurgia nesses casos requer cuidados adicionais, monitoramento anestésico avançado e fluidoterapia intensiva.

Apesar dos riscos, o tratamento adequado ainda proporciona boa sobrevida, embora o período de recuperação seja mais longo.

4. Comparativo entre faixas etárias

Faixa Etária

Tipo Mais Comum

Sintomas Predominantes

Risco de Complicações

Prognóstico

Jovens (<3 anos)

Aberta

Febre alta, corrimento intenso

Moderado

Excelente

Adultas (3–7 anos)

Aberta

Corrimento, apatia, anorexia

Moderado

Muito bom

Idosas (>7 anos)

Fechada

Letargia, aumento abdominal

Alto

Reservado

O conhecimento dessas diferenças ajuda veterinários e tutores a identificar precocemente a doença, adaptando o tratamento conforme a idade e condição geral do animal.

Quando procurar o veterinário?

A piometra é uma emergência médica e o tempo é o fator mais determinante entre a recuperação e a morte do animal.Infelizmente, muitos tutores subestimam os primeiros sinais, acreditando tratar-se de algo passageiro. Essa demora no atendimento é a principal causa de complicações fatais.

1. Sinais de alerta que exigem atendimento imediato

Procure o veterinário assim que observar qualquer um dos seguintes sintomas:

  • Corrimento vaginal anormal, mesmo em pequena quantidade;

  • Abdômen aumentado, tenso ou dolorido;

  • Letargia, apatia ou fraqueza sem causa aparente;

  • Perda de apetite por mais de 24 horas;

  • Aumento da sede ou urina;

  • Febre, tremores ou respiração ofegante;

  • Vômitos e diarreia persistentes após o cio.

Mesmo na ausência de corrimento, esses sinais podem indicar uma piometra fechada, que é ainda mais perigosa.

2. Situações especiais

  • Se a gata usou anticoncepcionais recentemente, o risco de piometra aumenta nas semanas seguintes; qualquer alteração comportamental deve ser avaliada.

  • Gatas que tiveram cio há 2–6 semanas e apresentam fraqueza, inapetência ou secreção devem ser examinadas de imediato.

  • Animais com histórico anterior de piometra ou cirurgias uterinas exigem controle periódico, pois podem ocorrer recidivas em casos de tecido residual.

3. Diagnóstico domiciliar é impossível

A piometra não pode ser confirmada apenas pela observação externa.Apenas o exame clínico e a ultrassonografia abdominal são capazes de confirmar a presença de pus no útero e distinguir a doença de outras condições semelhantes.Tentar “esperar melhorar” pode custar a vida da gata.

4. A importância da urgência

Cada hora de atraso no atendimento aumenta o risco de:

  • Ruptura uterina e peritonite;

  • Insuficiência renal aguda;

  • Choque séptico e falência de órgãos.

O tratamento precoce, por outro lado, garante altíssima taxa de sobrevivência e recuperação rápida.

5. Ações imediatas do tutor

  • Não ofereça antibióticos ou anti-inflamatórios por conta própria;

  • Mantenha a gata em local limpo e calmo;

  • Evite manipular o abdômen;

  • Transporte-a com cuidado até a clínica mais próxima.

Em resumo, procurar o veterinário aos primeiros sinais é a única atitude capaz de salvar a vida da gata. A piometra não é uma doença para “esperar passar” — é uma condição que exige diagnóstico e cirurgia emergenciais.


Custos médios do tratamento de piometra em gatas

O tratamento da piometra felina envolve custos variáveis conforme a gravidade do caso, a região e a estrutura da clínica veterinária. Por se tratar de uma cirurgia de emergência com internação e medicação intensiva, o valor final pode ser considerável. Entretanto, é importante destacar que o custo é proporcional à complexidade e ao risco de vida envolvido.

1. Fatores que influenciam o custo

  • Tipo de piometra (aberta ou fechada): a forma fechada é mais perigosa e requer cuidados adicionais.

  • Estado clínico da gata: pacientes desidratadas, anêmicas ou sépticas precisam de internação mais longa.

  • Exames complementares: hemograma, bioquímica e ultrassonografia são indispensáveis antes da cirurgia.

  • Tempo de hospitalização: quanto maior o período de observação, maior o custo total.

  • Localização geográfica: clínicas em capitais ou centros urbanos têm custos operacionais mais altos.

2. Estimativas de custos médios

Os valores abaixo representam faixas aproximadas com base em clínicas de pequeno e médio porte no Brasil e em Portugal (2025):

Tipo de Serviço

Brasil (R$)

Portugal (€)

Observações

Consulta emergencial e exames

250 – 600

25 – 50

Inclui ultrassonografia e hemograma

Cirurgia (ovariohisterectomia de emergência)

1.500 – 3.500

200 – 400

Depende da anestesia e equipe

Internação e medicação pós-cirúrgica

300 – 800

50 – 120

24–48 horas em observação

Reavaliações e curativos

150 – 300

15 – 40

Após a alta médica

Custo total médio

2.000 – 5.000 R$

300 – 600 €

Pode aumentar em casos sépticos

Esses valores são estimativas médias. Casos graves que exigem hospitalização prolongada ou suporte intensivo podem ultrapassar R$ 7.000 no Brasil ou € 800 na Europa.

3. Comparação com a castração preventiva

A castração preventiva, realizada em gatas jovens e saudáveis, custa em média R$ 300 a R$ 800 (Brasil) ou € 60 a € 150 (Portugal) — menos de 20% do custo de uma cirurgia de piometra.Portanto, além de ser mais segura, a castração é também muito mais econômica, evitando riscos e despesas futuras.

4. Considerações éticas e financeiras

A decisão de adiar a castração ou ignorar sintomas de piometra não deve ser guiada apenas por fatores financeiros.A infecção uterina é uma condição extremamente dolorosa e potencialmente letal; postergar o tratamento pode significar sofrimento desnecessário e, em muitos casos, perda do animal.

Por isso, a prevenção e o planejamento financeiro responsável fazem parte do compromisso ético de quem convive com animais de estimação.


Perguntas Frequentes sobre a Piometra Felina (FAQ)

O que é exatamente a piometra em gatas?

A piometra é uma infecção grave no útero que ocorre principalmente em gatas não castradas. Durante o ciclo reprodutivo, os hormônios preparam o útero para uma possível gestação, mas quando a gata não engravida, o ambiente uterino pode se tornar propício à proliferação de bactérias. O resultado é o acúmulo de pus dentro do útero, o que causa febre, letargia e risco de morte se não houver tratamento imediato.

A piometra pode ocorrer em gatas jovens?

Sim. Embora seja mais comum em gatas de meia-idade ou idosas, a piometra também pode afetar gatas jovens, especialmente as que receberam anticoncepcionais hormonais. O uso repetido desses medicamentos altera o equilíbrio uterino e facilita a infecção.

Quais são os primeiros sinais de piometra em gatas?

Os sintomas iniciais incluem apatia, perda de apetite, aumento da sede, abdômen inchado e corrimento vaginal purulento. Em casos mais graves, a gata pode apresentar vômitos, febre alta e sinais de dor intensa. É essencial procurar atendimento veterinário ao notar qualquer desses sinais, mesmo que leves.

Como saber se a gata tem piometra aberta ou fechada?

Na forma aberta, há saída de secreção purulenta pela vulva, geralmente com odor forte. Já na piometra fechada, o colo do útero permanece fechado e o pus fica retido no útero, causando distensão abdominal e dor. A confirmação só pode ser feita com ultrassonografia abdominal.

A piometra é contagiosa para outros animais?

Não. A piometra não é contagiosa, pois não se transmite de um animal para outro. No entanto, as bactérias envolvidas — geralmente E. coli — são comuns no ambiente e podem infectar o útero de qualquer gata suscetível.

Existe tratamento sem cirurgia?

O tratamento clínico é possível, mas raro e arriscado. Envolve antibióticos e hormônios (prostaglandinas) para tentar eliminar o pus do útero, mas tem alto índice de recidiva. O tratamento cirúrgico — remoção do útero e ovários — é o único método realmente eficaz e definitivo.

A piometra pode voltar depois da cirurgia?

Não, desde que a cirurgia tenha removido completamente o útero e os ovários. Em casos raros, quando sobra um pequeno fragmento de tecido ovariano, pode ocorrer uma nova infecção chamada “piometra de coto uterino”. Isso requer nova cirurgia corretiva.

Quanto tempo leva a recuperação após a cirurgia de piometra?

A recuperação total leva de 10 a 20 dias, dependendo da gravidade inicial. Nos primeiros dias, a gata pode permanecer internada para fluidoterapia e controle de infecção. Após a alta, os pontos são retirados entre 10 e 14 dias. O retorno do apetite e da vitalidade é progressivo.

Qual é o risco de morte em casos de piometra felina?

O risco depende do tempo de evolução e do tipo da doença. Em casos tratados precocemente, a taxa de sucesso ultrapassa 90%. Porém, em gatas com piometra fechada e sepse, a mortalidade pode chegar a 40% se o tratamento for tardio.

A piometra causa infertilidade?

Sim. Mesmo quando tratada clinicamente, o tecido uterino fica danificado e perde a capacidade de gestação. Por isso, gatas que sofrem de piometra não devem ser usadas para reprodução.

O uso de anticoncepcionais pode causar piometra?

Sim. Esse é um dos principais fatores de risco. Os anticoncepcionais à base de progesterona alteram o endométrio e reduzem a defesa natural do útero, facilitando infecções bacterianas.

A piometra tem cura completa?

Sim, desde que o tratamento cirúrgico seja realizado a tempo e o pós-operatório seja bem conduzido. Após a recuperação, a gata leva uma vida completamente normal e sem risco de recidiva.

Como prevenir a piometra?

A única forma eficaz de prevenção é a castração cirúrgica antes do primeiro ou segundo cio. Essa medida não apenas evita a piometra, mas também reduz drasticamente o risco de câncer de mama.

Por que a piometra é mais comum em gatas idosas?

Com o passar dos anos, o útero sofre alterações degenerativas e o sistema imunológico enfraquece. As gatas idosas também costumam ter ciclos irregulares e exposição prolongada à progesterona, o que favorece o desenvolvimento da infecção.

A piometra pode ocorrer após o parto?

Sim. Embora menos comum, pode acontecer quando há retenção de restos placentários ou infecção bacteriana pós-parto. Nesses casos, os sintomas aparecem poucos dias após o nascimento dos filhotes.

A piometra causa dor?

Sim, e muita. A distensão do útero, a inflamação e o acúmulo de pus provocam dor abdominal intensa. Muitas gatas adotam postura arqueada, evitam movimentos e param de se alimentar.

O que acontece se a piometra não for tratada?

Sem tratamento, a infecção progride rapidamente para ruptura uterina, peritonite e sepse. A morte ocorre em poucos dias devido à falência de múltiplos órgãos.

Como é feita a anestesia em gatas com piometra?

É usada anestesia geral balanceada, combinando fármacos intravenosos e inalatórios. A paciente é monitorada o tempo todo, com controle de pressão, temperatura e oxigenação. O risco anestésico é maior em animais debilitados, mas controlável com técnica adequada.

A piometra pode ser confundida com gravidez?

Sim. O aumento abdominal e o comportamento apático podem enganar o tutor. Por isso, apenas o ultrassom confirma se há fetos ou líquido purulento dentro do útero.

Após a cirurgia, a gata pode voltar a ter cio?

Não. Como os ovários são removidos junto com o útero, a produção hormonal é interrompida e o cio desaparece definitivamente.

Quanto custa o tratamento da piometra felina?

O custo médio varia entre R$ 2.000 e R$ 5.000 no Brasil e entre € 300 e € 600 em Portugal, dependendo da gravidade e do tempo de internação. Casos com sepse ou peritonite podem custar mais.

Existe algum risco de a gata morrer durante a cirurgia?

Sim, mas é raro quando o animal é estabilizado antes do procedimento. O risco aumenta em gatas muito debilitadas ou com insuficiência renal grave. O preparo anestésico adequado reduz consideravelmente a mortalidade.

A gata precisa ficar internada após a cirurgia?

Sim, geralmente por 24 a 48 horas. Durante esse tempo, são administrados fluidos intravenosos, antibióticos e analgésicos. A alta é concedida quando a paciente está hidratada e estável.

O que o tutor deve fazer após a alta médica?

Manter o local da cirurgia limpo, impedir que a gata lamba os pontos, oferecer alimentação leve e seguir o cronograma de medicamentos. É fundamental comparecer às revisões indicadas pelo veterinário.

A piometra pode afetar outros órgãos além do útero?

Sim. As toxinas bacterianas afetam rins, fígado e coração, podendo causar insuficiência renal e alterações hepáticas. Isso explica por que o tratamento deve ser rápido e completo.

A castração realmente elimina todos os riscos?

Sim. Após a ovariohisterectomia, a gata fica totalmente protegida contra piometra e doenças uterinas. Além disso, o procedimento reduz a chance de tumores mamários e melhora o comportamento geral.

As gatas castradas vivem mais?

Sim. Estudos mostram que gatas castradas vivem de 2 a 3 anos a mais que as não castradas, com menor incidência de infecções, tumores e distúrbios hormonais.

Como diferenciar piometra de uma simples infecção vaginal?

A infecção vaginal (vaginite) causa secreção leve e comportamento quase normal. Já a piometra vem acompanhada de apatia, febre e aumento abdominal. Somente o ultrassom pode distinguir com segurança as duas condições.

Se minha gata já teve piometra e foi castrada, ela pode ter complicações futuras?

Após a remoção completa do útero e dos ovários, a chance de complicações é mínima. Apenas em casos raros de tecido residual ocorre inflamação local, que pode ser tratada facilmente.

A piometra é uma emergência veterinária?

Sim, sem dúvida. Cada hora conta. Assim que os sintomas aparecem, a gata deve ser levada ao veterinário para diagnóstico e cirurgia imediata. A demora pode ser fatal.

Fontes (Sources)

  • Cat Fanciers’ Association (CFA)

  • The International Cat Association (TICA)

  • American Veterinary Medical Association (AVMA)

  • Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Haritada Aç: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc

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