Tudo sobre o Hemograma Felino (Exame de Sangue Completo) – Entenda cada parâmetro
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- há 5 dias
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O que é o hemograma em gatos e para que serve
O hemograma felino, também conhecido como exame de sangue completo (CBC), é uma das ferramentas mais importantes da medicina veterinária.Esse exame avalia detalhadamente os componentes celulares do sangue do gato — glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas — revelando o estado geral de saúde do animal.
O hemograma é utilizado para identificar infecções, anemias, inflamações e alterações imunológicas, além de monitorar doenças crônicas e respostas a tratamentos.
Ele é indicado em diversas situações, como:
Antes de procedimentos cirúrgicos, para garantir segurança anestésica.
Em casos de fraqueza, apatia, perda de peso ou mucosas pálidas.
Para acompanhamento de doenças renais, hepáticas e endócrinas.
Em avaliações de rotina, mesmo em gatos aparentemente saudáveis.
O hemograma funciona como uma janela para o organismo, permitindo detectar alterações sutis muito antes do aparecimento dos sintomas clínicos.

Quais parâmetros são avaliados no hemograma felino
O hemograma felino analisa vários grupos de parâmetros, divididos de acordo com a função das células no organismo:
Glóbulos brancos (WBC e subtipos): refletem a resposta imunológica frente a infecções, alergias e inflamações.
Glóbulos vermelhos (RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW): indicam a capacidade do sangue de transportar oxigênio e ajudam a identificar tipos de anemia.
Plaquetas (PLT, MPV, PDW, PCT, P-LCC, P-LCR): estão relacionadas à coagulação sanguínea e à função da medula óssea.
Além disso, incluem-se índices calculados que ajudam a interpretar o equilíbrio geral:
NLR (Neutrófilos/Linfócitos): indica a proporção entre as células de defesa rápida e as de defesa adaptativa.
PLR (Plaquetas/Linfócitos): relaciona o sistema imunológico com a coagulação, sendo útil na avaliação de processos inflamatórios crônicos.
Cada parâmetro fornece uma peça do quebra-cabeça fisiológico do gato, e a interpretação conjunta de todos eles permite uma visão completa do estado hematológico e imunológico do animal.

WBC (Glóbulos Brancos) – O espelho da imunidade
Os glóbulos brancos (WBC – White Blood Cells) são responsáveis pela defesa do organismo contra microrganismos invasores, como bactérias, vírus e parasitas.Eles representam a linha de frente do sistema imunológico, participando da detecção, neutralização e destruição de agentes infecciosos.
O valor normal de WBC em gatos varia entre 5,0 e 12,0 x10⁹/L.Alterações nesses valores indicam resposta imunológica ativa ou deficiência na produção dessas células.
WBC elevados (Leucocitose)
Ocorrem em infecções bacterianas agudas, inflamações ou processos alérgicos.
Também podem aumentar temporariamente devido ao estresse ou à liberação de hormônios do cortisol.
Podem ser observados durante fases de recuperação pós-infecção.
WBC baixos (Leucopenia)
Estão associados a infecções virais, como FIV, FeLV ou panleucopenia felina.
Podem resultar de supressão da medula óssea por toxinas, medicamentos ou quimioterapia.
Em infecções prolongadas, a reserva de glóbulos brancos pode se esgotar, reduzindo a contagem total.
A contagem de WBC é um dos principais indicadores do estado imunológico e da capacidade de defesa do organismo do gato.
Lym# e Lym% (Linfócitos) – A base da defesa imunológica
Os linfócitos são células fundamentais da imunidade adaptativa, responsáveis por reconhecer e eliminar agentes infecciosos específicos.Eles se dividem em dois grupos principais:
Linfócitos B: produzem anticorpos que neutralizam patógenos.
Linfócitos T: destroem células infectadas ou anormais.
No hemograma, são expressos como:
Lym# (contagem absoluta): número total de linfócitos (x10⁹/L).
Lym% (percentual): proporção dos linfócitos em relação ao total de glóbulos brancos.
Valores normais em gatos:
Lym#: 1,3 – 5,8 x10⁹/L
Lym%: 25 – 62%
Linfócitos elevados (Linfocitose)
Indicativos de infecções virais, resposta imunológica ativa ou recuperação pós-doença.
Podem aumentar após vacinação ou em inflamações crônicas.
Em gatos jovens, valores elevados são fisiológicos devido à atividade imunológica intensa.
Linfócitos baixos (Linfopenia)
Resultam de estresse fisiológico e aumento de cortisol.
São observados em infecções virais avançadas ou supressão da medula óssea.
O equilíbrio entre neutrófilos e linfócitos fornece uma visão essencial do desempenho do sistema imunológico e da resposta do corpo a infecções e inflamações.
Mid# e Mid% (Monócitos, Eosinófilos e Basófilos) – A segunda linha de defesa
O parâmetro Mid reúne três tipos de glóbulos brancos: monócitos, eosinófilos e basófilos.Essas células constituem a segunda linha de defesa do sistema imunológico, atuando na inflamação prolongada, nas reações alérgicas e na eliminação de parasitas.
Valores de referência em gatos:
Mid#: 0,06 – 2,04 x10⁹/L
Mid%: 1,1 – 17,2%
Monócitos
São células fagocitárias que removem tecidos mortos, microrganismos e resíduos celulares.Tornam-se macrófagos quando entram nos tecidos e participam da resposta imune crônica.
Eosinófilos
Estão relacionados a alergias e infestações parasitárias.Liberam enzimas que neutralizam proteínas alergênicas e destroem parasitas como vermes e ácaros.
Basófilos
São as células menos numerosas entre os glóbulos brancos.Liberam histamina e heparina, substâncias envolvidas em reações alérgicas e na regulação da coagulação.
O aumento nos valores de Mid indica ativação imunológica ou processos inflamatórios prolongados, enquanto valores baixos podem estar relacionados à supressão da medula óssea ou ao uso de corticosteroides.
Gran# e Gran% (Granulócitos) – Os primeiros a reagir à infecção
Os granulócitos são as células de resposta rápida do sistema imunológico e representam a primeira linha de defesa contra infecções bacterianas.São compostos principalmente por neutrófilos, com menor participação de eosinófilos e basófilos.
Valores de referência em gatos:
Gran#: 2,18 – 6,96 x10⁹/L
Gran%: 38 – 70%
Granulocitose (valores elevados)
Ocorre em infecções bacterianas agudas e em processos inflamatórios intensos.
Pode ser observada também após uso de corticosteroides ou situações de estresse.
Granulocitopenia (valores baixos)
Surge em infecções virais como FIV, FeLV e panleucopenia felina.
Pode resultar de toxicidade medicamentosa ou depressão da medula óssea.
Os granulócitos são fundamentais na resposta imune inata, atuando na fagocitose de patógenos e na liberação de enzimas que combatem microrganismos invasores.
NLR (Relação Neutrófilos/Linfócitos) – Indicador de estresse e inflamação
A relação NLR (Neutrophil-to-Lymphocyte Ratio) expressa o equilíbrio entre os neutrófilos, que compõem a resposta imune imediata, e os linfócitos, responsáveis pela resposta adaptativa.É calculada dividindo-se a contagem de neutrófilos pela contagem de linfócitos e é considerada um marcador útil de inflamação sistêmica, infecção ou estresse em gatos.
Valores de referência: 1,0 – 3,0.
NLR elevada
Indica predominância de neutrófilos e diminuição de linfócitos, observada em infecções bacterianas agudas ou situações de estresse.
Pode ocorrer durante processos inflamatórios crônicos ou após aumento do cortisol circulante.
NLR baixa
Sugere elevação dos linfócitos, comum em infecções virais ou fases iniciais de resposta imune.
Também pode aparecer em recuperação pós-inflamatória, quando a imunidade adaptativa está mais ativa.
A NLR oferece uma visão integrada da resposta imune total, demonstrando a relação entre defesa rápida e defesa específica do organismo.
PLR (Relação Plaquetas/Linfócitos) – Novo marcador de inflamação sistêmica
A relação PLR (Platelet-to-Lymphocyte Ratio) indica o vínculo entre a atividade plaquetária e o sistema imunológico.Ela reflete o equilíbrio entre coagulação, inflamação e imunidade, sendo cada vez mais utilizada como marcador de processos inflamatórios crônicos em medicina veterinária.
Valor médio em gatos: 50 – 100.
PLR elevada
Ocorre quando há aumento na produção de plaquetas ou redução de linfócitos.
É observada em respostas inflamatórias prolongadas ou em estados de estresse fisiológico.
PLR baixa
Resulta da diminuição das plaquetas ou do aumento dos linfócitos, típica de infecções virais ou supressão medular.
A PLR é considerada um parâmetro integrador entre os sistemas hematológico e imune, auxiliando na avaliação da condição inflamatória geral do gato.
RBC (Glóbulos Vermelhos) – Transportadores de oxigênio
Os glóbulos vermelhos (RBC – Red Blood Cells) são as células responsáveis por transportar oxigênio dos pulmões para os tecidos e retornar com dióxido de carbono para ser eliminado.Essas células são produzidas na medula óssea e têm uma vida média de aproximadamente 60 dias nos gatos.
O valor normal de RBC em gatos varia entre 5,0 e 10,0 x10⁶/µL.Esse parâmetro reflete a eficiência do sangue em oxigenar o corpo e manter as funções metabólicas.
RBC elevado (Eritrocitose)
Desidratação: redução do volume de plasma, o que aumenta a concentração aparente de glóbulos vermelhos.
Hipóxia crônica: doenças cardíacas ou pulmonares estimulam maior produção de hemácias pela medula.
Policitemia vera: distúrbio raro que causa produção excessiva de glóbulos vermelhos.
RBC baixo (Eritropenia)
Anemia: causada por hemorragia, deficiência nutricional ou distúrbios na medula óssea.
Infecções parasitárias: como Mycoplasma haemofelis, que destrói as hemácias.
Doença renal crônica: reduz a produção de eritropoetina, hormônio que estimula a formação de glóbulos vermelhos.
A contagem de RBC deve ser interpretada junto com HGB (hemoglobina) e HCT (hematócrito) para avaliar a oxigenação e identificar o tipo e a gravidade da anemia.
HGB (Hemoglobina) – O pigmento que dá força ao sangue
A hemoglobina (HGB) é uma proteína que contém ferro e se encontra dentro dos glóbulos vermelhos.Ela se liga ao oxigênio nos pulmões e o transporta para todo o corpo, sendo responsável pela coloração vermelha do sangue.
O valor normal de HGB em gatos está entre 8 e 15 g/dL.
HGB elevada (Hiper-hemoglobinemia)
Ocorre por desidratação ou aumento do número de glóbulos vermelhos (eritrocitose).
Também pode estar associada à exposição prolongada a ambientes com pouco oxigênio.
HGB baixa (Hipo-hemoglobinemia)
Indica anemia devido a perda de sangue, deficiência de ferro, cobre ou vitamina B12.
Pode ocorrer por doenças renais crônicas ou depressão da medula óssea.
A hemoglobina é essencial para o transporte de oxigênio, e seus níveis baixos estão associados a sinais como fraqueza, mucosas pálidas e cansaço fácil.
HCT (Hematócrito) – A fração celular do sangue
O hematócrito (HCT) representa a porcentagem do volume total de sangue que é ocupada pelos glóbulos vermelhos.Esse parâmetro é essencial para avaliar a concentração ou diluição do sangue e detectar condições como anemia ou desidratação.
O valor normal de HCT em gatos situa-se entre 30 e 45%.
Hematócrito elevado (Hemoconcentração)
Desidratação: a perda de líquidos reduz o volume de plasma, concentrando as células sanguíneas.
Aumento da produção de hemácias: ocorre em resposta à baixa oxigenação crônica (hipóxia).
Policitemia: distúrbio raro caracterizado pela produção excessiva de glóbulos vermelhos.
Hematócrito baixo
Anemia: redução do número ou do tamanho das hemácias.
Doença renal crônica: menor produção do hormônio eritropoetina, essencial para a formação de hemácias.
Perda de sangue: decorrente de traumas, úlceras ou parasitas.
O hematócrito deve ser analisado em conjunto com os valores de RBC e HGB para determinar o grau de oxigenação e o estado de hidratação do gato.
MCV (Volume Corpuscular Médio) – Chave para classificar a anemia
O MCV (Mean Corpuscular Volume) mede o tamanho médio das hemácias (glóbulos vermelhos).Esse parâmetro é fundamental para classificar o tipo de anemia e identificar a causa subjacente.
Valores normais em gatos: 39 – 55 fL.
MCV elevado (Macrocitose)
Deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico: as hemácias ficam maiores devido à divisão celular incompleta.
Anemia regenerativa: a medula óssea libera hemácias jovens, que são maiores.
Anemia hemolítica: destruição das células antigas estimula a produção de hemácias grandes e imaturas.
MCV baixo (Microcitose)
Deficiência de ferro: a síntese insuficiente de hemoglobina resulta em hemácias menores.
Anemia de doença crônica: processos inflamatórios prolongados podem reduzir o tamanho das células.
O MCV é utilizado junto com MCH e MCHC para classificar a anemia como microcítica, macrocítica ou normocítica, facilitando o diagnóstico preciso.
MCH e MCHC (Concentração de hemoglobina dentro das hemácias)
O MCH (Mean Corpuscular Hemoglobin) representa a quantidade média de hemoglobina contida em cada glóbulo vermelho, enquanto o MCHC (Mean Corpuscular Hemoglobin Concentration) indica a concentração média de hemoglobina dentro de um determinado volume de hemácias.
Esses dois parâmetros estão diretamente relacionados à capacidade de transporte de oxigênio do sangue e ajudam a definir o tipo e a intensidade da anemia.
Valores normais em gatos:
MCH: 12 – 17 pg
MCHC: 30 – 36 g/dL
MCH ou MCHC elevados (Hipercromia)
Ocorrem quando há redução do volume plasmático, geralmente devido à desidratação.
Refletem uma concentração relativa maior de hemoglobina nas hemácias.
MCH ou MCHC baixos (Hipocromia)
Resultam de síntese deficiente de hemoglobina, como nas anemias por deficiência de ferro.
Também aparecem em perdas crônicas de sangue ou em distúrbios nutricionais prolongados.
O MCH e o MCHC são interpretados junto com o MCV para determinar se a anemia é microcítica, macrocítica, hipocrômica ou normocrômica.
RDW-CV e RDW-SD (Variação no tamanho das hemácias)
O RDW (Red Cell Distribution Width) mede o grau de variação no tamanho dos glóbulos vermelhos, conhecido como anisocitose.Ele avalia a uniformidade ou a diferença de tamanhos entre as hemácias, sendo útil para identificar anemias regenerativas e distúrbios da medula óssea.
Existem duas formas de expressão:
RDW-CV (%): indica a variação percentual em relação ao volume médio das hemácias.
RDW-SD (fL): expressa a amplitude absoluta da distribuição de tamanho celular.
Valores normais em gatos:
RDW-CV: 14 – 20%
RDW-SD: 35 – 45 fL
RDW elevado (Anisocitose)
Indica presença de hemácias de tamanhos diferentes.
É comum em anemias regenerativas, nas quais a medula óssea libera hemácias jovens (maiores) para o sangue.
Também ocorre em deficiências nutricionais de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico.
RDW baixo
Mostra uniformidade no tamanho das hemácias, o que geralmente é fisiológico e sem relevância clínica.
O RDW é útil para diferenciar anemias causadas por perda ou destruição de hemácias daquelas associadas a falhas de produção medular.
PLT (Plaquetas) – A base da coagulação sanguínea
O parâmetro PLT (Platelet Count) indica o número total de plaquetas circulantes no sangue.Essas estruturas são fragmentos celulares originados dos megacariócitos da medula óssea e desempenham papel essencial nos processos de coagulação e cicatrização.
O valor normal de plaquetas em gatos varia entre 300 e 800 x10³/µL.
PLT elevado (Trombocitose)
Ocorre em processos inflamatórios ou infecciosos.
Pode estar associado à perda crônica de sangue ou à regeneração medular após anemia.
Também pode aumentar temporariamente devido ao estresse ou ao uso de corticosteroides.
PLT baixo (Trombocitopenia)
Resulta de destruição imunomediada de plaquetas ou supressão da medula óssea.
É observado em infecções virais graves e em doenças imunológicas.
Pode levar a sangramentos espontâneos e dificuldade de coagulação.
O valor de PLT é essencial para avaliar a capacidade de coagulação e o equilíbrio hemostático do organismo felino.
MPV (Volume Plaquetário Médio) – Tamanho e atividade das plaquetas
O MPV (Mean Platelet Volume) reflete o tamanho médio das plaquetas.Plaquetas maiores são mais jovens e metabolicamente ativas, enquanto plaquetas menores são mais antigas e menos funcionais.
Valores de referência em gatos: 9 – 12 fL.
MPV elevado
Indica a presença de plaquetas grandes e jovens, normalmente em resposta à destruição ou ao consumo aumentado de plaquetas.
É um sinal de regeneração plaquetária ativa.
MPV baixo
Sugere redução na produção medular ou predomínio de plaquetas pequenas e antigas.
Pode ocorrer em doenças crônicas ou durante supressão da medula óssea.
O MPV é interpretado em conjunto com PLT e PCT para entender se as alterações no número de plaquetas são resultado de aumento de destruição ou redução na produção.
PDW-CV e PDW-SD (Amplitude de distribuição plaquetária)
O PDW (Platelet Distribution Width) mede a variação no tamanho das plaquetas presentes no sangue.Esse parâmetro indica o grau de heterogeneidade da população plaquetária e ajuda a avaliar a atividade da medula óssea na produção de novas plaquetas.
Existem duas formas de expressão:
PDW-CV (%): porcentagem de variação no tamanho das plaquetas em relação ao volume médio.
PDW-SD (fL): variação absoluta na amplitude do tamanho das plaquetas.
Valores normais em gatos:
PDW-CV: 15 – 25%
PDW-SD: 7 – 11 fL
PDW elevado
Indica presença simultânea de plaquetas grandes (jovens) e pequenas (antigas).
Observado durante fases de regeneração plaquetária após sangramentos ou inflamações.
PDW baixo
Demonstra uniformidade no tamanho das plaquetas.
Indica estabilidade na produção e ausência de resposta regenerativa significativa.
O PDW é um indicador importante da dinâmica de renovação plaquetária, auxiliando na interpretação de distúrbios de coagulação e na análise da resposta da medula óssea.
PCT (Plaquetócrito) – Massa total de plaquetas no sangue
O PCT (Plateletcrit) representa o volume total de plaquetas no sangue em relação ao volume sanguíneo total.É um parâmetro equivalente ao hematócrito, mas aplicado especificamente às plaquetas.
Valores de referência em gatos: 0,17 – 0,35%.
PCT elevado
Indica aumento no número ou no tamanho das plaquetas.
Associado a inflamações sistêmicas ou processos de regeneração medular ativa.
PCT baixo
Resulta de diminuição da produção de plaquetas ou perda excessiva.
É encontrado em trombocitopenias e supressão medular.
O PCT fornece uma visão global da capacidade de coagulação e da atividade plaquetária, combinando número e tamanho das plaquetas em um único valor.
P-LCC e P-LCR (Importância das plaquetas grandes)
Os parâmetros P-LCC (Platelet Large Cell Count) e P-LCR (Platelet Large Cell Ratio) medem a quantidade e a proporção de plaquetas grandes presentes no sangue.Essas plaquetas maiores são mais jovens e metabolicamente ativas, refletindo a atividade regenerativa da medula óssea.
P-LCC: número absoluto de plaquetas grandes (x10³/µL).
P-LCR: porcentagem de plaquetas grandes em relação ao total de plaquetas (%).
Valores normais em gatos:
P-LCC: 30 – 100 x10³/µL
P-LCR: 25 – 45%
P-LCC ou P-LCR elevados
Indicam aumento na produção de plaquetas jovens e liberação acelerada pela medula óssea.
São comuns após perdas sanguíneas ou destruição imunológica de plaquetas.
P-LCC ou P-LCR baixos
Indicam produção reduzida de plaquetas grandes e predominância de plaquetas menores e envelhecidas.
Ocorrem quando há depressão da medula óssea ou resposta regenerativa lenta.
Esses parâmetros são interpretados junto com PLT e MPV, oferecendo uma visão detalhada sobre o equilíbrio entre produção e consumo de plaquetas no organismo felino.
Como interpretar corretamente um hemograma felino
A interpretação de um hemograma felino deve ser feita de forma integrada, considerando o conjunto de parâmetros e não valores isolados.Cada grupo celular do sangue fornece informações complementares sobre o estado geral do gato.
1. Glóbulos brancos (WBC e subtipos):
Indicam o tipo de resposta imunológica predominante (bacteriana, viral, parasitária ou alérgica).
2. Glóbulos vermelhos (RBC, HGB, HCT):
Revelam a capacidade de transporte de oxigênio e permitem identificar anemias e desidratação.
3. Índices eritrocitários (MCV, MCH, MCHC, RDW):
Descrevem o tamanho, conteúdo e variação das hemácias, auxiliando na classificação das anemias.
4. Plaquetas e índices plaquetários (PLT, MPV, PDW, PCT, P-LCC, P-LCR):
Avaliam a função de coagulação, a atividade regenerativa e o equilíbrio da medula óssea.
5. Relações celulares (NLR e PLR):
Fornecem indicadores adicionais sobre inflamação sistêmica e níveis de estresse fisiológico.
Além dos valores laboratoriais, é importante correlacionar os resultados com fatores clínicos, como idade, nutrição, hidratação e histórico médico do animal, para alcançar uma interpretação precisa e confiável.
Fatores que podem alterar os resultados do hemograma em gatos
Os resultados do hemograma felino podem ser influenciados por fatores fisiológicos, ambientais e técnicos.Conhecê-los é fundamental para evitar interpretações equivocadas e garantir diagnósticos mais precisos.
1. Estresse e manipulação
O estresse libera adrenalina e cortisol, que aumentam temporariamente os neutrófilos e reduzem os linfócitos — fenômeno conhecido como “leucograma de estresse”.Esse efeito pode ocorrer até mesmo em gatos saudáveis durante o transporte ou coleta.
2. Desidratação
A perda de líquidos reduz o volume plasmático, concentrando as células sanguíneas.Isso eleva artificialmente parâmetros como HCT (hematócrito), HGB (hemoglobina) e RBC (glóbulos vermelhos).
3. Alimentação e jejum
Refeições recentes, especialmente ricas em gordura, alteram a transparência do plasma e interferem nas leituras laboratoriais.Recomenda-se jejum de 8 a 10 horas antes da coleta.
4. Medicamentos
Fármacos como corticosteroides, antibióticos e quimioterápicos modificam as contagens celulares.Os corticosteroides elevam o número de leucócitos, enquanto agentes citotóxicos reduzem a produção medular.
5. Coleta e armazenamento da amostra
Atrasos no processamento ou agitação excessiva da amostra podem causar hemólise (ruptura das hemácias) ou agregação plaquetária, afetando os resultados de RBC e PLT.
6. Idade e estado fisiológico
Gatos jovens apresentam linfócitos mais elevados, enquanto gatos idosos tendem a ter níveis mais baixos de hemoglobina e hematócrito.Fatores como gravidez, lactação ou alterações hormonais também influenciam a composição sanguínea.
Esses fatores devem sempre ser considerados para que o resultado reflita com precisão o verdadeiro estado clínico do gato.
Quando o hemograma é indicado para gatos
O hemograma é um exame indispensável na prática veterinária e pode ser solicitado tanto para avaliação preventiva quanto para investigação de doenças.
Principais indicações:
Check-up de rotina:Deve ser realizado anualmente, mesmo em gatos saudáveis, para estabelecer valores de referência individuais.
Antes de cirurgias:Utilizado para avaliar anemia, infecções e capacidade de coagulação antes da anestesia.
Suspeita de infecção ou inflamação:Indicado quando há sintomas como febre, apatia, perda de apetite ou emagrecimento.
Acompanhamento de doenças crônicas:Essencial em casos de doença renal, hepática, endócrina (como hipertireoidismo) e diabetes mellitus.
Avaliação de anemias e distúrbios hematológicos:Permite identificar a causa e o tipo de anemia (regenerativa ou não regenerativa).
Infestações parasitárias:Ajuda a detectar parasitas sanguíneos e a resposta imunológica do organismo.
Pós-tratamento ou recuperação:Monitora a resposta do corpo após terapias medicamentosas ou cirurgias.
O hemograma é, portanto, uma ferramenta indispensável para manter a saúde felina sob controle e detectar alterações antes que se tornem graves.
Conclusão: o hemograma como indicador silencioso da saúde felina
O hemograma felino (exame de sangue completo) é uma das ferramentas mais confiáveis para avaliar a saúde interna dos gatos.Através da análise detalhada dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, é possível compreender o funcionamento do sistema imunológico, da oxigenação e da coagulação sanguínea.
Cada grupo de parâmetros revela um aspecto essencial da fisiologia do animal:
WBC (glóbulos brancos) mostra o estado imunológico e a presença de inflamação ou infecção.
RBC, HGB e HCT refletem a eficiência no transporte de oxigênio e na produção de hemácias.
PLT e índices plaquetários (MPV, PDW, PCT, P-LCC, P-LCR) indicam a função de coagulação e a atividade da medula óssea.
NLR e PLR ajudam a quantificar os níveis de inflamação e estresse sistêmico.
Realizar o hemograma de forma periódica é fundamental para detectar alterações precoces, monitorar doenças e garantir uma vida longa e saudável ao gato.Por ser um exame rápido, acessível e altamente informativo, o hemograma é considerado o “termômetro silencioso” da saúde felina.
Perguntas Frequentes sobre o Hemograma Felino
O que é o hemograma felino?
O hemograma felino, também chamado de exame de sangue completo (CBC), é uma análise laboratorial que mede os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas para avaliar a saúde geral do gato.
Por que o hemograma é importante para gatos?
Porque permite identificar infecções, anemias, inflamações e alterações imunológicas antes que os sintomas apareçam, possibilitando diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
Quando o hemograma deve ser realizado?
Recomenda-se fazer o exame anualmente em gatos saudáveis e com maior frequência em gatos idosos ou com doenças crônicas.
Que tipo de amostra é usada no hemograma felino?
É utilizada uma pequena amostra de sangue coletada de uma veia, geralmente na pata dianteira (cefálica) ou na pata traseira (safena).
O gato precisa estar em jejum para o hemograma?
Sim. O jejum de 8 a 10 horas garante resultados mais precisos, evitando interferência de gorduras ou alimentos recentes.
Quanto tempo demora para sair o resultado?
Com os analisadores modernos, os resultados costumam estar disponíveis em 15 a 30 minutos após a coleta.
O que o hemograma avalia exatamente?
O exame avalia glóbulos vermelhos (RBC), hemoglobina (HGB), hematócrito (HCT), glóbulos brancos (WBC e subtipos) e plaquetas (PLT e índices como MPV, PDW e PCT).
O que significa WBC alto em gatos?
Um aumento indica infecção bacteriana, inflamação aguda ou resposta ao estresse fisiológico.
E o WBC baixo, o que indica?
Pode estar relacionado a infecções virais (como FIV ou FeLV) ou supressão da medula óssea, que reduz a produção de leucócitos.
O que causa anemia em gatos?
A anemia pode ser causada por perda de sangue, deficiência de ferro, doenças renais ou infestações parasitárias.
Qual é a função da hemoglobina (HGB)?
A hemoglobina transporta oxigênio para os tecidos. Seus níveis indicam a capacidade do sangue de oxigenar o corpo adequadamente.
O que é o hematócrito (HCT)?
É a porcentagem de sangue composta por glóbulos vermelhos, usada para avaliar anemia ou desidratação.
O que significa MCV no hemograma?
MCV indica o tamanho médio das hemácias e ajuda a classificar a anemia como microcítica, macrocítica ou normocítica.
Qual é a diferença entre MCH e MCHC?
O MCH mostra a quantidade de hemoglobina por célula, e o MCHC mostra a concentração de hemoglobina dentro das hemácias.
O que é RDW e por que é importante?
O RDW mede a variação no tamanho das hemácias (anisocitose) e auxilia na identificação de anemias regenerativas.
Qual é a função das plaquetas (PLT)?
As plaquetas são responsáveis pela coagulação e pela reparação dos vasos sanguíneos após lesões.
O que significa PLT alto em gatos?
Pode indicar resposta inflamatória ou produção aumentada após hemorragia.
E PLT baixo?
Sugere destruição imunológica, supressão da medula óssea ou doenças infecciosas graves, e pode causar sangramentos.
O que é MPV e o que ele indica?
O MPV mostra o tamanho médio das plaquetas. Plaquetas grandes são jovens e ativas; pequenas são antigas e menos funcionais.
O que é a relação NLR em gatos?
A relação Neutrófilos/Linfócitos (NLR) é usada para avaliar inflamação sistêmica e níveis de estresse.
E o PLR, o que representa?
A relação Plaquetas/Linfócitos (PLR) indica o equilíbrio entre a resposta imunológica e o sistema de coagulação.
O estresse pode alterar os resultados do hemograma?
Sim. O estresse aumenta o número de neutrófilos e reduz o de linfócitos, modificando temporariamente o leucograma.
O hemograma detecta desidratação em gatos?
Sim. A desidratação eleva artificialmente valores como RBC, HGB e HCT devido à redução do volume plasmático.
Com que frequência o exame deve ser repetido?
Em gatos saudáveis, uma vez por ano. Em gatos com doenças crônicas, o ideal é repetir a cada 3 a 6 meses.
O gato pode ter hemograma normal e ainda estar doente?
Sim. Algumas doenças iniciais não alteram imediatamente as células do sangue, exigindo exames complementares como bioquímica e urina.
Fontes
American Veterinary Medical Association (AVMA)
Cornell University College of Veterinary Medicine
IDEXX Laboratories – Guia de Referência de Hematologia Veterinária
Royal Veterinary College (RVC) – Departamento de Patologia Clínica
Mersin Vetlife Veterinary Clinic – Abrir no mapa: https://share.google/XPP6L1V6c1EnGP3Oc




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